O sal rosa dos Himalaias é descrito nas redes sociais como sendo uma substância com “propriedades nutricionais e terapêuticas”. Em várias publicações do Facebook, alega-se que este tipo de sal “combate diversas doenças” e é mais saudável do que o sal comum.

Num destes posts, defende-se, por exemplo, que o sal rosa dos Himalaias ajuda “a equilibrar o PH” do sangue, “melhora a saúde digestiva” e “incentiva níveis saudáveis ​​de açúcar no sangue”. Noutra publicação, escreve-se que este tipo de sal “ajuda a reduzir a pressão arterial”.

Mas estas alegações têm fundamento científico? O sal rosa dos Himalaias tem efeitos terapêuticos comprovados? É mais saudável do que o sal comum? E há algum benefício em trocar o sal comum pelo sal rosa dos Himalaias?

É verdade que trocar o sal comum por sal rosa dos Himalaias tem benefícios para a saúde?

Em declarações ao Viral, o nutricionista Filipe Sousa começa por explicar que o facto de o sal rosa dos Himalaias ter mais minerais do que o sal comum não o torna uma opção mais saudável. Isto porque esses minerais estão presentes numa “proporção tão baixa” que, para obter benefícios a partir da sua ingestão, seria necessário consumir uma quantidade de sal excessiva.

“Para irmos buscar quantidades significativas desses minerais ao sal rosa dos Himalaias, iríamos ter de consumir uma quantidade de sódio absurda, e isso não ia trazer benefícios nenhuns para a saúde”, sustenta o fundador da “The Mile Sports Nutrition”.

A visão do nutricionista é corroborada pelas conclusões de um estudo publicado em 2020 sobre a análise da composição mineral do sal rosa disponível na Austrália. 

Os investigadores encontraram “minerais nutritivos e não nutritivos” neste tipo de sal, mas concluíram que “qualquer potencial benefício para a saúde proporcionado pelo maior teor de nutrientes do sal rosa seria contrariado pela grande quantidade de sódio que também seria consumida”.

Filipe Sousa adianta ainda não existir evidência científica robusta que comprove que consumir sal rosa dos Himalaias combata doenças, melhore os níveis de açúcar no sangue ou equilibre o PH sanguíneo. 

O nutricionista sublinha, inclusive, que “nem o sal rosa dos himalaias, nem praticamente nenhum outro composto será capaz de alterar de forma significativa o ph sanguíneo”.

Quanto ao suposto efeito do sal rosa dos Himalaias na redução da pressão arterial, um estudo publicado em 2022 – com o título “Comparação entre os Efeitos da Ingestão de Sal do Himalaia e de Sal Comum sobre os Valores de Sódio Urinário e Pressão Arterial em Indivíduos Hipertensos” – verificou que “não houve diferenças significativas na pressão arterial ou na excreção urinária de sódio quando comparadas antes e após as intervenções, ou entre os grupos que receberam SH (Sal dos Himalaias) e SM (Sal de Mesa)”.

Substituir o sal comum por sal rosa dos Himalaias tem riscos?

Noutro plano, Filipe Sousa adianta que “não parece haver nem benefício nem grande prejuízo” em trocar o sal comum por sal rosa dos Himalaias, se a quantidade de sal ingerida for ao encontro das recomendações da Organização Mundial de Saúde.

“O mais importante é respeitar as quantidades diárias recomendadas e nunca tentar ultrapassá-las só por se achar que se está a consumir um sal mais saudável”, sustenta.

Na perspetiva do nutricionista, o principal perigo das falsas alegações sobre os supostos benefícios do sal rosa dos Himalaias é “as pessoas acharem que este é um sal mais saudável e, por isso, abusarem do seu consumo”, o que traz “mais prejuízo do que benefício”.

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