Vídeos do TikTok e cocaína: O efeito no cérebro das crianças é igual?
Os vídeos curtos e apelativos, com músicas animadas e legendas em letras garrafais ganharam popularidade no TikTok, mas tomaram conta de várias redes sociais, como o Instagram e o YouTube, e passaram a ser consumidos por públicos de todas as idades, nomeadamente crianças e adolescentes.
Apesar de o fenómeno ser relativamente recente, os possíveis efeitos negativos da exposição prolongada dos mais novos a este tipo de vídeos têm levantado algumas preocupações na comunidade científica e nas redes sociais.
Num vídeo partilhado no TikTok, alega-se, por exemplo, que o efeito do uso de telemóveis e do consumo deste tipo de vídeos curtos no cérebro de uma criança é o mesmo do uso de cocaína.
O autor desta ideia vai mais longe e diz que os pais não teriam coragem de “dar cocaína” aos filhos, mas que lhes estão a dar todos os dias “uma ferramenta” que produz no cérebro deles “o mesmo efeito de uma cocaína”. Mas será mesmo assim? Os efeitos são comparáveis?
Vídeos curtos do TikTok têm o mesmo efeito que a cocaína no cérebro das crianças?
Em declarações ao Viral, o neurologista Rui Araújo adianta que é “exagerado” dizer que o efeito do uso de cocaína no cérebro das crianças é o mesmo do consumo de vídeos curtos, como os do TikTok, Instagram e YouTube.
O especialista acredita que esta “comparação exagerada” se deve ao facto de o consumo destes vídeos provocar “um entusiasmo muito rápido e uma sensação de prazer e de recompensa imediata”, à semelhança do que acontece com outras substâncias aditivas.
No entanto, vinca, “a cocaína é algo que não tem comparação possível em termos de destruição cerebral”.
Rui Araújo admite que “os vídeos muito curtos e apelativos, que passam rapidamente de um ao outro”, são feitos “de forma a privilegiar que a criança esteja o máximo de tempo possível a olhar para aquilo e muito preso pela atenção”, podendo ter no cérebro um “efeito deletério” (danoso), cuja extensão ainda não é completamente conhecida.
Ainda assim, reitera o neurologista, “por muito gravosas que sejam” as consequências do consumo destes vídeos, “apesar de tudo, na cocaína estamos a falar de algo que é absolutamente destrutivo para o cérebro e para os vasos que estão no cérebro”. Ou seja, não se pode dizer que dar um telemóvel a uma criança é a mesma coisa que dar-lhe cocaína.
Apesar disso, Rui Araújo lembra que há estudos (como este) que encontraram “associações entre a exposição prolongada a telemóveis e ecrãs e o atraso no desenvolvimento da linguagem”.
Assim sendo, conclui, a exposição excessiva e prolongada das crianças a ecrãs deve ser evitada e, até aos dois anos de idade, “deve ser mínima”.
- Parkinson: Exercício físico pode prevenir e minimizar sintomas?
- Casca de banana branqueia os dentes?
- O leite é inflamatório e não deve ser consumido por humanos?
- Azeite diminui risco cardiovascular? O que diz a ciência
- Bebidas vegetais e refrigerantes: É tudo a mesma coisa?
- Tiras e máscaras para pontos negros são eficazes? Têm riscos?
Categorias: