Afinal, a amoxicilina corta ou não o efeito da pílula anticoncecional?
Seja para tratar infeções respiratórias, urinárias ou de pele, a amoxicilina é um dos antibióticos mais prescritos em todo o mundo. No entanto, na hora de a tomar, é comum surgir uma dúvida: será que a amoxicilina vai cortar o efeito da pílula anticoncecional?
Na rede social X, por exemplo, várias pessoas questionam-se sobre esta possibilidade.
“Alguém sabe se a amoxicilina corta o efeito do anticoncecional? Estou com muito medo de tomar e depois ter uma surpresa”, lê-se num desses posts. Mas haverá motivo para alarme? Está provado que a amoxicilina corta o efeito dos contracetivos orais?
Amoxicilina corta o efeito da pílula anticoncecional? O que diz a ciência
Em declarações ao Viral, Rui Pinto, professor de Farmacologia da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (FFUL), adianta que “não existem evidências científicas” que provem que a amoxicilina, por si só, “interfere com a eficácia dos contracetivos orais”.
No entanto, sublinha, em alguns casos, a toma de antibióticos (como a amoxicilina) “pode levar à desregulação da flora intestinal, que tem um papel importante na absorção do contracetivo oral”.
A mesma visão é defendida numa secção do sistema nacional de saúde britânico (NHS, na sigla inglesa) sobre a amoxicilina. Neste texto informativo esclarece-se que, embora a amoxicilina não impeça a pílula anticoncecional de “funcionar”, se a toma deste antibiótico provocar “vómitos” ou “diarreia grave durante mais de 24 horas”, a proteção contra uma gravidez indesejada pode ficar comprometida.
Ainda assim, reitera Rui Pinto, os “casos relatados no mundo” de possíveis “interações entre a amoxicilina e os contracetivos orais” que, supostamente, teriam levado “a uma gravidez indesejada” são “muito residuais”. E, acrescenta, “como não foi feito nenhum estudo bem controlado [sobre a matéria], até nem se sabe se houve outros fatores” não relacionados com a toma deste antibiótico que possam ter contribuído para essa gravidez.
O professor da FFUL acrescenta ainda que o único antibiótico sobre o qual existe evidência robusta de que “pode, efetivamente, ‘cortar’ o efeito da pílula é a rifampicina”, um medicamento utilizado, por exemplo, no tratamento da tuberculose.
Tal como se explica no “Resumo das Características do Medicamento” publicado no site do Infarmed, “o tratamento com rifampicina reduz a exposição sistémica de contracetivos orais”.
No mesmo documento recomenda-se, por isso, que, durante a terapia com rifampicina, os doentes sejam aconselhados a utilizar “métodos não hormonais de controlo de natalidade”, como, por exemplo, o preservativo, caso queiram evitar uma gravidez indesejada.
Em suma, não existem provas científicas robustas de que a amoxicilina, por si só, interfira diretamente com a eficácia da pílula anticoncecional. No entanto, se a toma deste antibiótico provocar vómitos e/ou diarreia intensa, a eficácia do contracetivo oral pode, eventualmente, ficar comprometida.
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