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Sumo de aloe vera limpa o intestino e desintoxica?

26 Abr 2024 - 09:08
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Sumo de aloe vera limpa o intestino e desintoxica?

Alega-se no TikTok que o sumo de aloe vera limpa totalmente o intestino e tem efeito desintoxicante. O autor do vídeo defende que esta planta tem uma “capacidade de desintoxicação tão grande que supera a água”.

O sumo, refere, “pode ser feito em casa” se aprender a “tirar a toxina, a aloína”, ou comprado em lojas de produtos naturais já sem a tal toxina.

O autor alerta ainda que, nas primeiras semanas, as fezes podem sair “muito pretas”. “Não se preocupe, é porque limpa tudo”, acrescenta.

Mas será mesmo verdade que este sumo limpa o intestino? A limpeza deste órgão será uma prática saudável e recomendada? O Viral foi esclarecer as questões.

Sumo de aloe vera limpa o intestino e desintoxica?

Em declarações ao Viral, Ana Célia Caetano, gastroenterologista no Hospital de Braga, professora da Escola de Medicina da Universidade do Minho e investigadora no Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Universidade do Minho, adianta que sumo de aloe vera não limpa o intestino, nem desintoxica.

A especialista acrescenta que este sumo pode até ser “prejudicial”, uma vez que a aloe vera tem um componente, o latex amarelo, que “parece ter um efeito laxante” quando ingerido oralmente. 

Ana Célia Caetano explica que a aloe vera é associada à limpeza do intestino pelo “efeito laxante do latex amarelo”. Além disso, alerta que a “diarreia que provoca” pode ser acompanhada de cólicas abdominais.

O sumo da planta “pode ter também interações” com outros medicamentos, alterando a sua “absorção ou eficácia”.

Neste sentido, destaca, “não há recomendações” do uso de remédios caseiros para a limpeza do intestino e desintoxicação.

Além disso, também “não há recomendações” para limpezas do intestino.

“Existem apenas as preparações intestinais indicadas para colonoscopia ou determinadas cirurgias”, acrescenta a médica do Hospital de Braga.

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Intestino saudável

De acordo com a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG), num texto informativo de 2022, morrem todos os dias, em média, 11 portugueses com cancro colorretal, também conhecido como cancro no intestino. Diz a United European of Gastroenterology (UEG) que, em 2015, era o tipo mais comum de cancro gastrointestinal da Europa.

Se o diagnóstico for precoce, a sobrevivência ultrapassa os 90%, refere a United European of Gastroenterology. Nesse sentido, a SPG reforça a importância do rastreio de colonoscopia, o “método de rastreio e prevenção por excelência”, acrescenta.

Questionada sobre o que significa ter um intestino saudável, a especialista consultada pelo Viral explica que é um intestino que “não nos preocupa”, ou seja, que não causa desconforto e funciona de forma “regular e serena”.

Para manter o intestino saudável as pessoas devem “ter uma alimentação saudável”, refere a médica Ana Célia Caetano.

Esta ideia é reforçada pela SPG, que explica que os estilos de vida “pouco saudáveis”, com uma “elevada quantidade de alimentos processados”, a obesidade, o tabagismo e o elevado consumo de álcool contribuem para o desenvolvimento do cancro do intestino.

“O intestino saudável está habitualmente associado a uma alimentação equilibrada, com bom aporte de fibras e evitando produtos processados e gaseificados, e a uma flora intestinal equilibrada e funcional. A hidratação é essencial”, acrescenta ainda.

A gastroenterologista do Hospital de Braga diz que existem apenas “de uso comum” os clisteres de água morna, que podem ser um “estimulante inócuo do trânsito intestinal”. No entanto, é preciso ter “sempre o cuidado de evitar trauma no local de aplicação”.

“Poderão ser tomados ocasionalmente suplementos simbióticos, com probióticos (microrganismos saudáveis e benéficos para o nosso intestino) e prebióticos (componentes não digeríveis que são o substrato alimentar desses microorganismos)”, acrescenta a professora da Escola de Medicina da Universidade do Minho.

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26 Abr 2024 - 09:08

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