

O corpo envia sinais um mês antes de um AVC ocorrer?
Seja em publicações do Facebook, seja em vídeos do TikTok, a tese de que o corpo envia sinais um mês antes de um AVC (Acidente Vascular Cerebral) ocorrer circula nas redes sociais há vários anos.
Nas várias publicações sobre o tema, a lista dos supostos sinais que o corpo alegadamente enviaria “um mês antes de um derrame ocorrer” é semelhante à lista de sintomas de um AVC, constando nela manifestações como “paralisia ou fraqueza de um lado do corpo, atingindo os braços, o rosto e as pernas” ou “forte dor de cabeça”. Mas a ideia de que um mês antes de um AVC ocorrer o corpo envia sinais tem fundamento?
É verdade que o corpo envia sinais um mês antes de um AVC ocorrer?
Em declarações ao Viral, o vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Neurologia, Rui Araújo, adianta ser “falso” que o corpo envie sinais um mês antes de um AVC ocorrer.
Segundo o neurologista, “na gigantesca maioria dos casos, aquilo que vemos diariamente são eventos agudos, em que a pessoa está bem num determinado momento e está mal no momento seguinte”.
“A única maneira que eu vejo de isso poder ter alguma justificação é que, em alguns casos de AVC, a causa que leva a esse AVC pode já estar presente há algum tempo. Então, nesse contexto, a pessoa pode ter algumas manifestações transitórias que depois, mais tarde, podem tornar-se no AVC propriamente dito. Mas isto não é o mais comum”, sustenta Rui Araújo.
Mesmo assim, assinala o neurologista, “isso é um raciocínio muito elaborado para justificar” a alegação destes posts. Por isso, conclui, “é enganadora” a ideia de que um mês antes de um AVC ocorrer o corpo terá sempre sintomas.
No mesmo plano, num artigo do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos da América, todos os sintomas do AVC são descritos como “repentinos” ou “súbitos”: “dormência repentina ou fraqueza no rosto, braço ou perna, especialmente num lado do corpo; confusão repentina, dificuldade em falar ou dificuldade em entender a fala; dificuldade repentina em ver de um ou de ambos os olhos; dificuldade repentina em andar, tontura, perda de equilíbrio ou falta de coordenação; dor de cabeça súbita e intensa sem causa conhecida”.
O que é um AVC? E como agir?
Tal como se explica num artigo publicado no site do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), o Acidente Vascular Cerebral é uma das principais causas de morte em Portugal e “acontece quando o fornecimento de sangue para uma parte do cérebro é impedido, devido a um bloqueio ou derrame”.
No mesmo texto ressalta-se que o AVC é “uma emergência médica que exige uma atuação rápida”, dado que “a rápida assistência, o encaminhamento para a unidade de saúde adequada e a intervenção médica especializada são vitais para o sucesso do tratamento e posterior recuperação do doente”.
A mesma fonte refere que “as estatísticas revelam que na maioria dos casos, o pedido de socorro é feito tardiamente”, sendo por isso “essencial que cada cidadão saiba quais os sinais de alerta do AVC”.
Para identificar os sinais de um AVC, o INEM deixa algumas orientações como “pedir à vítima para sorrir” – sendo que “se a vítima sorrir apenas de um lado, poderá ser um indicador que o outro lado da cara está paralisado” -, “verificar se a vítima consegue levantar os braços” e “tentar estabelecer contacto verbal com a vítima e verificar se comunica com clareza”, isto porque, “normalmente, a dificuldade em falar é um dos sintomas mais característicos”.
Na presença destes sinais, a recomendação do INEM é clara: “não perca tempo e ligue de imediato 112”.
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