É recomendável usar óleo de coco para “branquear os dentes”?
Os supostos benefícios do óleo de coco para a saúde são frequentemente anunciados nas redes sociais. Descrito como “o segredo da beleza”, devido aos seus alegados efeitos positivos no aspeto da pele e do cabelo, diz-se também no Facebook que este produto pode funcionar como um método alternativo, “natural” e eficaz de branqueamento dentário.
Numa das várias publicações partilhadas defende-se, inclusive, que o óleo de coco é “excelente para matar as bactérias da boca e ajuda a branquear os dentes”. Mas há evidência científica que corrobore esta tese?
Óleo de coco é eficaz e seguro no branqueamento dentário?
A resposta de Francisco do Vale, coordenador do Mestrado Integrado em Medicina Dentária da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), é sucinta e direta: “não existe qualquer evidência científica da ação do óleo de coco sobre a coloração dentária”.
No mesmo plano, num texto publicado no site da Associação Dentária Americana (ADA) assinala-se a ausência de evidência relativamente à eficácia da utilização de “frutas” ou “outros produtos que se tenha em casa (como o óleo de coco)” no branqueamento dos dentes.
De acordo com o mesmo documento, estas técnicas têm sido promovidas como sendo “meios alternativos e económicos de branqueamento dentário”, mas os estudos científicos disponíveis sobre estes métodos caseiros não permitem assegurar a sua eficácia e segurança.
O óleo de coco, em específico, “é um óleo comestível convencional, que é extraído da semente de cocos maduros colhidos do coqueiro”, contextualiza Francisco do Vale. E, de facto, “há uma popularidade crescente dos produtos de óleo de coco devido aos efeitos na saúde de certos ácidos gordos”.
No entanto, o dentista garante que “este procedimento não é recomendado clinicamente, porque não existem estudos experimentais ou clínicos que suportem a sua utilização na área da medicina dentária”.
“Uma vez que a terapêutica não é aconselhada”, sustenta, também não é possível garantir se é seguro ou não fazer bochechos com óleo de coco, já que “não está descrita uma avaliação dos riscos“.
Existe algum benefício em usar óleo de coco nos dentes?
O professor da FMUC explica que algumas investigações “indicam a utilização tópica do óleo de coco na prevenção de cárie dentária“. Estes estudos mostram que “existe uma diminuição das colónias bacterianas na saliva e a redução do índice de placa bacteriana após a utilização do óleo de coco”.
Contudo, a evidência científica disponível é “limitada”, pois “a maioria destes resultados preliminares são decorrentes de estudos in vitro e in vivo em modelo animal“.
Assim, completa Francisco do Vale, os investigadores defendem “a necessidade absoluta de estudos clínicos para confirmar esse efeito”.
Portanto, não é ainda recomendado utilizar óleo de coco para a prevenir cáries.
Branqueamento dentário: como e quem pode fazê-lo?
Na visão do especialista em medicina dentária, é imprescindível que “os tratamentos de branqueamento dentário sejam prescritos por um dentista, após avaliação dos riscos e benefícios para o paciente”.
De modo geral, estes procedimentos não devem ser realizados em “grávidas“, “menores de 18 anos” e “sempre que o paciente apresente uma patologia dentária ou sistémica que o contraindique”, alerta. Ao serem prescritos, “os tratamentos podem ser efetuados em ambulatório ou em consultório”.
Em relação à técnica utilizada, de acordo com um folheto informativo da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), esta “depende essencialmente das condições clínicas de cada paciente, das suas expectativas e da rapidez de resultados de tratamento pretendidos”.
Para branquear os dentes poderá ser usado “peróxido de hidrogénio, peróxido de carbamida ou ureia, em diversas concentrações”, esclarece Francisco do Vale.
Pelos efeitos secundários que envolve, “é absolutamente recomendado” que este tipo de tratamento seja controlado pelo dentista, já que a escolha do tipo de princípio ativo e do regime da terapêutica deve ser individualizada para cada paciente”, conclui.
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