Branqueamento dentário. Pastas de dentes e kits branqueadores são eficazes e seguros?
Optar por escovar os dentes com pastas branqueadoras diariamente é seguro? E os kits de branqueamento vendidos no supermercado e nas farmácias são eficazes e não apresentam perigos?
Fazer um branqueamento no dentista não é para todos os bolsos. Por isso, há quem escove os dentes diariamente com pastas branqueadoras ou utilize produtos vendidos em farmácias que alegam ter o mesmo efeito. Mas estes métodos cumprem o seu objetivo? E são seguros?
Em declarações ao Viral, Francisco do Vale, professor coordenador do Mestrado Integrado em Medicina Dentária da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) e diretor do Instituto de Ortodontia da FMUC, alerta para os potenciais perigos de fazer branqueamentos dentários em casa e de utilizar pastas branqueadoras todos os dias.
As pastas dentífricas branqueadoras deixam os dentes mais brancos? E são inofensivas?
Francisco do Vale começa por explicar que estas pastas de dentes “contêm, normalmente, maiores quantidades de abrasivos e detergentes do que as convencionais”. Isto porque um dos seus objetivos é “remover manchas superficiais”.
Alguns destes produtos são compostos por “baixas concentrações de peróxido de carbamida ou peróxido de hidrogénio (princípios ativos de agentes branqueadores mais comuns), que podem branquear de forma muito ligeira os dentes”.
No entanto, visto que a sua “atuação ocorre principalmente por abrasão”, a utilização diária deste tipo de pastas “pode provocar um desgaste excessivo no esmalte, diminuindo a sua espessura e, consequentemente, tornando o dente mais amarelado, uma vez que a camada mais interna do dente tem uma cor amarela”, clarifica o dentista.
Para mais, acrescenta o diretor do Instituto de Ortodontia da FMUC, “pode ocorrer um aumento da rugosidade da superfície do esmalte e da sua microdureza, tornando-o mais suscetível à desmineralização”.
Os kits de branqueamento caseiros são eficazes e seguros?
Na visão do especialista, “a sociedade valoriza cada vez mais a estética, passando a exigir sorrisos mais brancos e perfeitos”. “Em resposta”, continua, “foram desenvolvidas muitas opções de branqueamento dentário disponibilizadas ao público”.
Algumas delas são vendidas livremente em farmácia ou online. É o caso de “kits de pastas, géis e vernizes”, aponta.
Estas alternativas são seguras? Segundo Francisco do Vale, a evidência mostra que, “quando as instruções do fabricante são seguidas, o branqueamento dentário à base de peróxido de hidrogénio e peróxido de carbamida é seguro e eficaz”.
Contudo, a verdade é que continua a haver “riscos relacionados com o branqueamento dentário, principalmente o aumento da sensibilidade dentária e irritação gengival”.
Aliás, salienta, “novas investigações mostram que existem outros riscos”, tais como “a rugosidade e a diminuição da dureza da superfície do esmalte, o aumento do potencial de desmineralização, a degradação das restaurações dentárias, e a alteração inaceitável da cor das restaurações dentárias já existentes”.
Por isso, na perspetiva do dentista, “os doentes devem ser informados sobre os riscos associados” a este procedimento. Ainda é importante que sejam “instruídos sobre a identificação de efeitos adversos para poderem procurar ajuda profissional”, alerta.
Deste modo, fazer estas intervenções poderá ser perigoso já que o processo não é controlado por um especialista.
A “alternativa mais segura”, defende o professor da FMUC, “é a realização de terapêuticas de branqueamento prescritas, aplicadas e supervisionadas clinicamente por médicos dentistas”.
Estes procedimentos podem ser realizados “em consultório ou em ambulatório dependendo das concentrações dos agentes branqueadores aplicados”.
Neste caso, contrariamente aos branqueamentos autónomos, “todos os efeitos secundários são controlados e supervisionados pelo médico durante o tempo de tratamento, e, consequentemente, os riscos são minimizados”.
Concluindo, se as pastas branqueadoras forem utilizadas constantemente podem, efetivamente, danificar o esmalte. No caso dos tratamentos de branqueamento, estes devem ser feitos com monitorização médica.
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