Caldos em cubos. Consumir temperos industrializados aumenta risco de doenças?
Nas redes sociais apelida-se os caldos em cubos de “veneno” e aconselha-se as pessoas a deixarem de os consumir, porque, supostamente, aumentam o risco de doenças.
Existem vários tipos de temperos industrializados: em pó, líquidos e em cubos. São produtos concentrados que servem para temperar a comida e, muitas vezes, facilitam a preparação de alguns pratos. Mas confirma-se que os caldos em cubos devem ser abolidos da alimentação, porque o seu consumo aumenta o risco de doenças?
Temperar a comida com caldos em cubos aumenta o risco de doenças?
Referindo-se a este tipo de produtos e não a uma marca em específico, Conceição Calhau, coordenadora da Licenciatura em Ciências da Nutrição e do Mestrado em Nutrição Humana e Metabolismo da NOVA Medical School, começa por explicar que os caldos em cubos não aumentam o risco de doenças se forem consumidos com moderação.
Assim, só o consumo em excesso poderá ter consequências negativas para a saúde. Neste caso, “a dose faz o veneno e aqui a dose é mesmo um ponto importante”, sublinha a nutricionista.
Os caldos, sejam “de galinha ou de legumes”, exemplifica, “são um concentrado cujo objetivo é ser de uso prático e que ‘concentre o sabor’”.
Contudo, na perspetiva da professora da NMS, “o ponto crítico” destes produtos é, maioritariamente, “a quantidade de sal (cloreto de sódio)” na sua composição. Apesar de algumas marcas já terem lançado produtos compostos por “30% de sal”, muitas fórmulas ainda têm uma “concentração de cerca de 50%”, salienta.
Ainda assim, Conceição Calhau alerta para o facto de a relação entre o consumo excessivo de sal e os temperos industrializados não ser de causa-efeito. A verdade é que os “caldos domésticos podem, muitas vezes, apresentar, na prática, concentrações semelhantes ou superiores, conforme o que se adiciona de sal à receita e como se concentra”, sustenta.
Por isso, “o consumo excessivo de sal pode ser resultado de adição doméstica que não passa pelo uso destes concentrados”, clarifica.
Por outro lado, “a formulação destes caldos de diferentes marcas pode levantar uma preocupação adicional, que é a presença de gordura vegetal totalmente hidrogenada que para a saúde é também um problema”, nomeadamente ao nível cardiovascular.
Quais os perigos do consumo excessivo de sal e como reduzir o seu consumo?
Na perspetiva de Conceição Calhau, “o consumo excessivo de sal ainda é um problema em Portugal”. Um estudo de intervenção (2018), coordenado pela especialista da NMS, intitulado “Menos Sal Portugal” teve como objetivo aumentar “os conhecimentos dos consumidores sobre o tema” e incentivar ao consumo de “menos sal” e “mais produtos frescos”, esclarece.
De facto, concluiu-se que existe uma “forte associação entre o consumo excessivo de sal e o aumento da Hipertensão Arterial (HTA)”, que agrava o “risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC) – uma das principais causas de morte em Portugal (exceto Covid-19)”, alerta.
Nesse sentido, “o aumento do consumo de hortícolas levou a população em estudo a ter efeitos positivos na pressão arterial”. Consequentemente, isto tem influência “no impacto no risco de AVC”, acrescenta.
Além disso, “sabe-se que o consumo excessivo de sal” também está relacionado com “o cancro do estômago, por exemplo, e até mesmo com a obesidade”, alerta a nutricionista.
Assim, a Organização Mundial da Saúde (OMS) “preconiza um consumo máximo de 5g/dia – e ainda menos nas crianças – sendo este o valor máximo e não um valor recomendado”.
Em Portugal, apesar de a tendência ser a redução, ainda “temos um consumo médio superior”. Segundo a professora da NMS, o consumo nacional “tem estado muito associado ao consumo de pão (daí a alteração legislativa em relação à concentração máxima de sal no pão) e ao sal da sopa”.
Para mais, ainda se revela preocupante “a quantidade de sal adicionada em casa, na restauração e na compra de alimentos processados”.
Assim sendo, para Conceição Calhau, o mais importante é que a população, por um lado, “aprenda a interpretar informação nutricional dos rótulos” (ver aqui). Noutro plano, é aconselhado substituir-se o sal por “especiarias e ervas aromáticas”.
Em suma, os temperos industrializados, nomeadamente os caldos em cubos, não aumentam o risco de doenças, se forem consumidos com moderação. Ao serem utilizados em excesso, por terem grandes quantidades de sal e gordura vegetal hidrogenada na sua composição, podem prejudicar a saúde.
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