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Comer “noodles instantâneos” aumenta o risco de síndrome metabólica?

18 Mar 2023 - 07:30
impreciso

Comer “noodles instantâneos” aumenta o risco de síndrome metabólica?

Os “noodles instantâneos” são uma opção prática quando não há tempo para preparar uma refeição mais demorada. Basta adicionar água quente e o tempero que vem dentro da embalagem. Mas, nas redes sociais, há quem defenda que se deve eliminar estes produtos da dieta, pelo facto de o seu consumo, supostamente, aumentarem o risco de síndrome metabólica.

Mas será verdade? Não se deve comer massa instantânea em nenhuma ocasião? E o que é a síndrome metabólica?

Consumo de “noodles instantâneos” aumenta o risco de síndrome metabólica?

noodles instantâneos

Segundo Davide Carvalho, coordenador do departamento de Endocrinologia do Hospital São João e professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), comer “noodles instantâneos” só potencia o risco de síndrome metabólica se houver um consumo excessivo destas massas pré-feitas. Nem sempre, nem nunca”, reforça. 

Para Davide Carvalho, “a base de uma alimentação saudável é a diversificação do consumo alimentar: uma alimentação variada com consumo de diferentes fontes de proteínas, nomeadamente vegetais (feijão ou grão), de hidratos de carbono (farinhas menos refinadas), gorduras vegetais não aquecidas (azeite), e produtos hortofrutícolas”.

De facto, quando há um consumo excessivo de massa pré-cozinhada, pode haver um maior risco, tanto “de obesidade”, como de “síndrome metabólica”. 

Isto porque “o alto teor calórico e a alta concentração de glícidos (hidratos de carbono) refinados, gorduras e sódio” nestes produtos “contribuem para um risco aumentado de obesidade e doenças metabólicas”, sustenta o médico.

Assim, a falta de moderação neste consumo “pode causar diretamente obesidade” e estar associada “a aumento do risco de enfarte de miocárdio e acidente vascular cerebral” e, também “a diversos cancros, como cancro do tubo digestivo (cólon, esófago), mama, útero, pâncreas, rim e fígado”, alerta.

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O perigo é maior em países cuja população tem um consumo diário elevado deste tipo de géneros alimentícios. O endocrinologista esclarece que o consumo de noodles instantâneos “como fonte alimentar básica está a crescer em muitos países asiáticos”. 

A Coreia do Sul, por exemplo, “é classificada como a número um do mundo no consumo per capita” destes produtos (“72,8 porções por ano, ou seja, cerca de 2 porções por semana”).

O médico do Hospital São João refere um estudo recente feito em Seul em que se concluiu “que os estudantes universitários consomem massa instantânea com mais frequência do que adultos de outras faixas etárias, devido à facilidade de preparação nas próprias instalações escolares”. 

“Este consumo – comparativamente com a alimentação tradicional rica em arroz, peixe e legumes – associou-se a um aumento de: obesidade e síndrome metabólica; dos níveis de triglicerídeos; do colesterol bom (gorduras do sangue); e da tensão arterial”, acrescenta.

O que é a síndrome metabólica?

noodles instantâneos

Davide Carvalho começa por contextualizar que a comunidade científica já sabe “há vários anos que o colesterol total elevado se associa a aumento do risco cardiovascular”. 

Contudo, “o conceito de síndrome metabólica procura identificar indivíduos que têm maior risco cardiovascular sem terem colesterol LDL (colesterol mau) elevado”, continua. 

Portanto, segundo o especialista, considera-se que uma pessoa “apresenta síndrome metabólica (por isso, maior risco cardiovascular)”, se cumprir três dos seguintes parâmetros: 

  1. “Obesidade abdominal avaliada por perímetro da cintura maior que 102 cm nos homens e 88 cm na mulher”; 
  2. “Triglicerídeos superiores a 150 mg/dL”; 
  3. “Colesterol HDL menor que 40mg/dL no homem e que 50 mg/dL na mulher”;
  4. “Tensão arterial superior a 130/85 mmHg”;
  5. “Glicose no sangue superior a 110”. 

“A obesidade abdominal (ou visceral) é um dos principais determinantes da síndrome metabólica”, salienta o endocrinologista.

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Em conclusão, comer “noodles instantâneos” com moderação não parece aumentar o risco de síndrome metabólica. No entanto, se estes produtos forem consumidos em excesso podem, de facto, provocar consequências negativas na saúde.

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Alimentação

18 Mar 2023 - 07:30

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