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Baby-Led Weaning: O que é? Vantagens e desvantagens deste método de introdução alimentar

15 Fev 2023 - 10:03

Baby-Led Weaning: O que é? Vantagens e desvantagens deste método de introdução alimentar

Dar poder de escolha ao bebé e torná-lo mais autónomo na hora da refeição são alguns dos principais objetivos do Baby-Led Weaning (BLW), um método de introdução alimentar cada vez mais popular nas redes sociais. Mas em que consiste o Baby-Led Weaning? É seguro seguir este método? Quais as vantagens e as desvantagens?

Em declarações ao Viral, a pediatra Rute Neves, secretária adjunta da direção da Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP), e a nutricionista materno-infantil e comportamental Patrícia da Costa Moura, co-autora do site “bebé foodie”, explicam o que é o Baby-Led Weaning e os cuidados a ter ao seguir este método, bem como as vantagens e as desvantagens do BLW.

Em que consiste o Baby-Led Weaning?

baby-led weaning

“Existem várias metodologias de introdução alimentar”, começa por explicar Patrícia da Costa Moura. Essencialmente, há o método “tradicional”, que consiste em alimentar o bebé com comida em “forma de puré”, em que “há sempre a necessidade de ter um cuidador” a guiar o procedimento, acrescenta.

Por outro lado, salienta Rute Neves, existe o “Baby Led Weaning” e as suas variações (como o BLISS – Baby Led Introduction do SolidS), que “consiste na introdução de alimentos não pelo método clássico, mas sim pela oferta de alimentos sólidos, preparados para que a criança consiga pegar e comer de forma autónoma”

No caso do BLW, “a alimentação à colher” ocupa apenas uma pequena percentagem da alimentação do bebé, “em princípio, utilizada apenas a partir do momento em que a própria criança a consegue usar”, esclarece a pediatra. 

Assim, segundo a especialista da SPP, este método de introdução alimentar “baseia-se no pressuposto de que as refeições são realizadas em família e com os mesmos alimentos, com as devidas adaptações na preparação e no corte dos alimentos”.

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Quais as vantagens do Baby-Led Weaning?

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Na visão da nutricionista, o Baby-Led Weaning permite que o bebé “perceba, desde cedo, os seus sinais de saciedade, quando tem fome e a controlar o que come (e a  quantidade)”.

Além disso, o BLW também possibilita que o bebé “conheça os alimentos na sua natureza”, expõe.

“Quando faço uma sopa, coloco vários alimentos misturados (batata, brócolo, couve-flor) e fico com um creme homogéneo”, exemplifica. O bebé, “que está a ter o contacto com o alimento pela primeira vez, não descobre efetivamente qual é o sabor, a consistência ou a textura do brócolo e da batata”, argumenta a especialista em nutrição. 

Portanto, “a grande vantagem do Baby Led Weaning é darmos, desde início, a possibilidade de o bebé conhecer os alimentos”, ou seja, “ele agarra no brócolo, conhece a sua textura, a consistência, o cheiro, o sabor”.

A “promoção da mastigação” também surge como potencial vantagem. Patrícia da Costa Moura explica que na alimentação tradicional a progressão da mastigação é mais lenta. Por outro lado, no BLW a mastigação “começa a ser promovida desde o primeiro contacto com os alimentos”. 

Apesar destas vantagens associadas ao método Baby Led Weaning, e também do potencial “desenvolvimento de preferência alimentares mais saudáveis” e “diminuição do risco de obesidade”, na perspetiva de Rute Neves, ainda é necessária mais evidência científica que suporte estas hipóteses.

E quais são as desvantagens do BLW?

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Do ponto de vista nutricional e do crescimento do bebé, “se o BLW for bem feito (se for garantido um aporte de alimentos que seja nutritivo para o bebé, nomeadamente alimentos que sejam fontes de ferro, por exemplo), este método é totalmente seguro”, assegura a nutricionista materno-infantil e comportamental.  

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No entanto, a falta de informação pode suscitar preocupações a nível de “défices nutricionais, tanto do ponto de vista de energia, como de défices nutricionais específicos, nomeadamente de ferro e zinco e insuficiente aumento de peso”, alerta a secretária adjunta da direção da SPP.

Outro receio prende-se com o risco de engasgamento. “Se houver falta de conhecimento por parte dos cuidadores relativamente aos cortes seguros e às texturas seguras, pode-se ter uma situação delicada relativamente ao risco de o bebé engasgar”, avisa Patrícia da Costa Moura.

Foi neste sentido “que surgiram variações do método BLW, nomeadamente o BLISS” (ver aqui e aqui), clarifica Rute Neves. Nesta variação do método BLW, “há o cuidado de evitar alimentos mais suscetíveis de causar engasgamento, e são oferecidos, em todas as refeições, alimentos com alto teor energético e ricos em ferro”. 

Para mais, segundo a nutricionista, outra desvantagem é o facto de “a nossa sociedade ainda não estar muito preparada para este tipo de abordagens”. 

O que acontece é que a maioria dos cuidadores tem “de colocar os filhos na creche ou na ama, onde o controlo da alimentação é muito mais difícil”. Numa creche “onde há um profissional para quatro ou cinco bebés é muito complicado aplicar este tipo de metodologia”, justifica a mesma fonte.

Como e quando se deve introduzir o método BLW?

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As duas especialistas defendem que para se introduzir o método BLW o bebé tem de ter pelo menos seis meses. Porquê? Porque, segundo a nutricionista, os bebés têm de apresentar “todos os sinais de prontidão”, que raramente se verificam “antes dos seis meses”. 

Estes são “sinais que, tanto a nível motor quanto neurológico”, garantem que a criança está pronta para “iniciar este tipo de alimentação”, aponta. 

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Assim sendo, para iniciar o Baby-Led Weaning é importante o bebé ter: “controlo cervical”, ou seja, “deve aguentar muito bem o pescoço”; “controlo do tronco” (para conseguir ficar direito e estável na cadeira); uma “boa coordenação ‘olhos-mão-boca’, ou seja, o bebé precisa de ter a capacidade de olhar para o tabuleiro, pegar no alimento, levar à boca e manter-se estável”. 

Quais os cuidados a ter?

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“Independentemente do método de diversificação alimentar escolhido, os lactentes não devem comer alimentos com sal ou açúcar adicionados e devem ter uma dieta variada, conforme a roda dos alimentos, adaptada às diferentes idades”, começa por alertar Rute Neves.

Na visão da médica, em primeiro lugar, deve ser feita uma avaliação por parte de um profissional de saúde “que garanta que o lactente está pronto para iniciar a ingestão de alimentos sólidos”.

Além disso, reforça a pediatra, “as refeições devem ser sempre realizadas na presença de um cuidador responsável” e o bebé “deve estar corretamente sentado e apoiado”. 

No início desta introdução alimentar devem ser “evitados alimentos associados a um maior risco de engasgamento, como uvas, frutos secos e pipocas”, conclui.

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