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Aplicar gelo ajuda a tratar as aftas? Benefícios e riscos

30 Mar 2024 - 09:51

Aplicar gelo ajuda a tratar as aftas? Benefícios e riscos

O aparecimento de aftas na boca pode ser desconfortável e doloroso, mesmo quando estas lesões são pequenas. Em alguns casos, as aftas chegam mesmo a interferir com os movimentos necessários para mastigar e falar.

O desconforto e a dor associada às aftas poderá levar as pessoas a procurarem formas de tratamento online. Em várias páginas, circulam técnicas que prometem tratar as aftas, entre elas a aplicação de gelo.

Mas será que o gelo tem benefícios no tratamento das aftas? Ou, por outro lado, pode causar lesões? O que fazer quando aparecem aftas na boca?

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O que são as aftas?

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As aftas estão entre as lesões orais mais frequentes na população. Tiago Fonseca, médico estomatologista no Centro Hospitalar Universitário de São João, explica a Viral que estas lesões são “um tipo específico de úlceras que só ocorrem nas mucosas”, como, por exemplo, na mucosa bucal.

São normalmente “rasas”, com uma forma “bem circunscrita”, podendo ser “redonda ou ovalada”, prossegue o especialista. As aftas podem aparecer “sozinhas ou agrupadas”.

Na maioria das vezes, o aparecimento de úlceras nas mucosas orais está relacionado com cortes, mordidelas ou queimaduras durante a ingestão de alimentos, intolerância ou alergias alimentares, danos causados na escovagem dos dentes, assim como cansaço, stress ou ansiedade.

“A uma afta corresponde um processo inflamatório”, esclarece Tiago Fonseca, acrescentando que esta inflamação “é uma resposta do organismo a um estímulo agressivo”. O estomatologista lembra que existem quatro sinais associados à inflamação: o inchaço, o rubor, o calor e a dor.

Aplicar gelo ajuda a tratar as aftas?

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Perante uma situação de inflamação, o frio poderá ter benefícios, principalmente em caso de lesões ou dores agudas. Posto isto, poderá o gelo ajudar a tratar as aftas? A resposta é complexa: por um lado, a aplicação de frio reduz a inflamação, por outro, se aplicado diretamente e durante muito tempo, pode causar queimaduras.

De facto, o frio tem efeito “analgésico, anti-inflamatório e vasoconstritor”, que poderá ser um benefício no tratamento das aftas, explica Tiago Fonseca.

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O arrefecimento da zona “faz com que as terminações nervosas não consigam transmitir os impulsos nervosos de forma tão eficaz”, além de reduzir a “atividade dos glóbulos brancos que promovem a inflamação”, e promove um “aperto dos vasos sanguíneos da zona”.

No entanto, o estomatologista alerta que a aplicação continuada de gelo “durante algum tempo vai provocar uma queimadura”, ou seja, vai destruir as células daquela zona. Se a exposição for muito prolongada, as lesões podem afetar as terminações nervosas e tornar-se irreversíveis.

Além disso, por serem zonas húmidas, colocar o gelo em contacto direto com a mucosa poderá “eliminar a hidratação normal” da região e “ficar colado”. Ao retirar o gelo, poderá fazer uma nova lesão.

A aplicação de gelo poderá ser feita na região onde está a afta, mas com cautela: “Se tem uma afta na bochecha, pode colocar gelo num saco plástico, pôr um pano à volta e aplicar do lado de fora”, aconselha o especialista, reforçando que os riscos ocorrem quando o gelo é aplicado diretamente na pele.

Em vez de colocar gelo na afta, pode ser mais prudente ingerir alimentos frios ou bebidas frescas. Desta forma, poderá reduzir a inflamação e a dor associada, sem aplicar na zona temperaturas extremas que causem danos na mucosa.

O que fazer quando aparecem aftas?

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As aftas são “uma situação benigna, temporária e controlável”. Por isso, Tiago Fonseca recomenda “manter a tranquilidade”. Em média, este tipo de úlceras pode durar de sete a dez dias.

Nesse período poderá adotar alguns cuidados para evitar dor ou desconforto. Manter a hidratação bebendo água fresca (para reduzir o processo inflamatório), resguardar-se em termos da fala e promover alimentos moles, frios ou que não sejam agressivos (ácidos, salgados, condimentados ou picantes) podem ser boas práticas.

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O reforço da higiene oral, “limpando ou escovando suavemente as aftas”, é importante para evitar “a acumulação de placa bacteriana na zona da afta”, acrescenta o especialista.

O estomatologista aconselha também que, enquanto durar a afta, utilize uma pasta dentífrica sem lauril sulfato de sódio, um componente que existe na maioria das pastas e que pode ser agressivo. Também os elixires desinfetantes podem provocar desconforto e dor, devendo ser evitados. 

Para promover a cicatrização da afta, poderá aplicar alguns produtos topicamente na ferida. Tiago Fonseca sugere a utilização de ácido hialurónico, sucralfato ou bicarbonato de sódio. Poderá também optar por medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios ou gel anestésico.

Se a afta não passar entre sete a dez dias, se for uma situação recorrente ou se o desconforto causado pela úlcera tiver repercussões na fala ou na ingestão alimentar, é aconselhável procurar uma avaliação clínica de um estomatologista, de um dentista ou de um médico de medicina geral e familiar.

Nessa consulta, deverá contar ao profissional de saúde a história clínica, ou seja, explicar se o aparecimento de aftas é recorrente e se ocorre em mais alguma zona. É aconselhável tirar fotografias em casa para mostrar ao médico a evolução da úlcera. Se se justificar, o médico poderá realizar um estudo anatomopatológico para perceber as características da afta.

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Categorias:

Estomatologia | Saúde Oral

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30 Mar 2024 - 09:51

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