Como arrumar o frigorífico? 5 dicas para conservar alimentos e evitar intoxicações
Não sabe qual a melhor forma de arrumar os alimentos que comprou no frigorífico? Pretende descongelar carne ou peixe, mas tem dúvidas sobre onde os colocar durante o processo? Ter um frigorífico higienizado e bem arrumado poderá ajudar a evitar doenças alimentares e intoxicações.
Cada frigorífico é diferente, mas há dicas que se estendem aos vários modelos. Uma delas é sobre a temperatura: em média, o frigorífico deverá estar a uma temperatura de 4 ºC, enquanto o congelador deverá rondar os -18 ºC.
Para o ajudar a gerir a conservação dos alimentos de forma segura, o Viral contactou duas especialistas em segurança alimentar e reuniu cinco dicas de organização.
1- Carne e peixe crus são nas prateleiras mais baixas
Uma das normas mais importantes a ter em conta é manter os alimentos de origem animal crus separados dos restantes produtos, sobretudo dos que já estão confecionados ou que não vão ser cozinhados.
Seja para descongelar ou para guardar por um curto período, “não é uma boa prática colocar carne e peixe numa prateleira onde há alimentos que não vão ser cozinhados”, afirma Paula Teixeira, professora e investigadora na área de segurança alimentar na Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica no Porto,
Antes de cozinhados, a carne e o peixe podem conter microrganismos que, quando em contacto com outros alimentos, podem dar origem a uma contaminação cruzada.
Estes microorganismos são eliminados pelas altas temperaturas da cozedura, contudo, se o alimento contaminado não for cozinhado, poderão provocar intoxicações ou outras doenças.
Por essa razão, é aconselhado que coloque a carne e o peixe crus na prateleira de baixo do frigorífico, prevenindo que os líquidos libertados contaminem outros produtos que estejam em prateleiras inferiores.
Além disso, deve utilizar caixas herméticas para isolar a carne e o peixe. A utilização de sacos de conservação de plástico pode não ser suficiente para impedir os líquidos de contaminar outros produtos, devido a potenciais rasgos.
Luísa Brito, professora de segurança dos alimentos no Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, explica que “todos os produtos de origem animal, particularmente em natureza, devem estar muito bem acondicionados para evitar qualquer tipo de contaminação”.
A mesma prática se aplica no congelador: “Se o peixe ou carne que vai congelar não estiver bem embalado, vão libertar sucos para os alimentos que estão por baixo e estes vão ficar contaminados”, alerta Paula Teixeira.
2- Coloque os alimentos cozinhados na zona mais fria do frigorífico
Os alimentos confecionados – seja a marmita para o dia seguinte, refeições preparadas com antecedência ou sobras de comida – devem ser conservados em zonas mais frias do frigorífico. Antes de os colocar no frigorífico, arrefeça-os de forma rápida (evitando estar mais de duas horas à temperatura ambiente).
Luísa Brito refere que “é preciso ter atenção também com alimentos cozinhados, uma vez que existem microrganismos que não são destruídos pela confeção dos alimentos”.
Por essa razão, “devem ser colocados no frigorífico o mais cedo possível”, preferencialmente numa zona onde a temperatura seja mais baixa.
Mas quais as zonas mais frias do frigorífico? A resposta vai depender do modelo: se for um frigorífico com um compartimento de congelação na parte superior, as prateleiras mais altas vão ser as mais frias; se for um combinado com gavetas de congelação por baixo, será nas prateleiras de baixo do frigorífico que o termómetro irá registar as temperaturas mais baixas.
Nos frigoríficos com compartimento de congelação, poderá optar por colocar estes alimentos na prateleira de cima. Porém, nos eletrodomésticos combinados, o local mais apropriado é nas prateleiras intermédias.
Desta forma, os alimentos vão estar próximos da zona mais fria e, ao mesmo tempo, longe dos produtos de origem animal que estejam crus – carne ou peixe.
“Os alimentos cozinhados devem ser colocados em prateleiras superiores, para evitar que lhe caia algo em cima”, aconselha Paula Teixeira.
3- Os alimentos menos perecíveis devem ser guardados na prateleira superior e na porta
Os produtos com “menor probabilidade de permitirem o crescimento de bactérias patogénicas” podem ser guardados em zonas menos frias do frigorífico, explicam as duas professoras. Entre estes alimentos estão, por exemplo, iogurtes, manteiga, compotas, salada, sumos, água, fiambre ou enchidos.
Mais uma vez, a variação da temperatura vai depender do modelo do frigorífico, sendo que nos combinados a região com valores mais elevados será nas prateleiras de cima. Em todos os modelos, a porta é uma das zonas “sujeita a maiores flutuações de temperatura”, lembra Paula Teixeira.
Ao abrir e fechar o frigorífico, os produtos colocados na porta vão estar em contacto com o ar externo (temperatura ambiente) e podem sofrer uma ligeira subida da temperatura. Por essa razão, deve evitar colocar nesta zona alimentos que se estragam depressa.
Há um tipo de alimento que não deve mesmo colocar na porta: os ovos. Apesar de muitos frigoríficos trazerem uma estrutura para armazenar ovos na porta, a flutuação de temperatura que ocorre nesta zona vai provocar condensação na casca que, por ser porosa, “pode arrastar microorganismos para dentro do ovo e contaminá-lo”, prossegue a professora da Universidade Católica no Porto.
4- Não encha o frigorífico e evite estar muito tempo com a porta aberta
Manter o frigorífico arrumado e limpo é uma das boas práticas para evitar intoxicações e outras doenças alimentares. As duas professoras deixam ainda um conselho: não o encha demasiado.
Ao colocar muitos produtos no frigorífico, “a circulação do ar é mais difícil e torna-se difícil garantir que todos os alimentos estejam à temperatura indicada”, esclarece Luisa Brito.
Também Paula Teixeira sublinha a importância de manter o movimento “uniforme” do ar no interior do frigorífico para garantir a temperatura apropriada dos alimentos.
Outra dica que deverá ter em conta é evitar estar muito tempo com a porta do aparelho aberta. Ao abrir a porta, o ar do exterior, mais quente, vai entrar no frigorífico e aumentar a temperatura média do aparelho. Para isso, procure organizar os produtos de forma a que seja fácil aceder-lhes rapidamente.
“Quando vamos ao frigorífico, devemos já saber o que queremos retirar. Quanto mais tempo a porta estiver aberta, maior a probabilidade de aumentar a temperatura dos alimentos lá dentro”, alerta Luisa Brito.
5- Consuma os alimentos com menor prazo de validade primeiro
Mesmo no frigorífico, os alimentos podem estragar-se. As baixas temperaturas diminuem a capacidade de reprodução dos microorganismos existentes na comida, mas apenas a congelação impede totalmente a sua propagação.
É, por isso, importante fazer uma boa gestão dos alimentos que coloca no frigorífico, comendo primeiro os que estão conservados há mais tempo. Para facilitar essa gestão, poderá escrever a data de confeção nos recipientes das refeições guardadas e colocar os produtos mais recentes por trás dos que estão há mais tempo no frigorífico.
“É a lógica ‘first in, first out’ [‘primeiro que entra, primeiro que sai’, em tradução livre]. Depois de ir às compras, deve armazenar sempre os últimos produtos adquiridos atrás, de modo a usar primeiro o que já lá estava”, explica Luisa Brito.
Também os prazos de validade são referências a ter em conta. É importante saber a partir de que data o alimento poderá estar estragado e consumir esse produto antes que esse dia chegue – evitando intoxicações e desperdício alimentar.
“A maioria das doenças alimentares devem-se à contaminação microbiológica e, em muitos casos, é da responsabilidade do consumidor”, remata.
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