Ter uma experiência positiva no momento do nascimento de uma criança e tomar decisões mais informadas são alguns dos motivos que têm levado cada vez mais casais a prepararem, junto dos profissionais de saúde que os acompanham, um plano de parto.

Mas o que é um plano de parto? Para que serve? O que pode constar neste documento? Contactado pelo Viral, o obstetra Diogo Bruno dá resposta a estas questões.

O que é um plano de parto?

O plano de parto (ou plano de nascimento, segundo a lei portuguesa) é um documento em que são descritos os desejos, as expectativas e as preferências da grávida ou do casal em relação a várias questões relacionadas com o momento do parto.

Em declarações ao Viral, o obstetra Diogo Bruno explica que, regra geral, este plano “descreve o ambiente que a pessoa pretende” ter no momento do parto, bem como as pessoas “que quer que o acompanhem”, podendo também referir “o local em que a pessoa pensa ter o parto”.

Além disso, pode constar também no plano de parto “a abordagem em relação à dor” (por exemplo, se quer ou não epidural para controlar a dor) e o tipo de “vigilância do trabalho de parto, parto e puerpério, bem como do bebé”.

“O plano pode descrever se a pessoa quer uma vigilância mais ativa e uma abordagem mais interventiva em relação ao parto ou uma abordagem menos interventiva relativamente ao parto”, sustenta.

O especialista aponta que “o plano de parto é discutido com o médico assistente (o obstetra ou o médico de família), mas também pode ser discutido com a enfermeira parteira”, e adianta que “há hospitais que têm consultas específicas para discutir o plano de parto”.

Segundo a lei portuguesa, o plano de nascimento “deve contemplar práticas aconselhadas pelos conhecimentos científicos, que sejam benéficas ao normal desenrolar do processo do parto e que não coloquem em risco a saúde e a própria vida da mãe, do feto ou do recém-nascido”.

Além disso, refere a mesma lei, deve também “englobar procedimentos para os quais a equipa de saúde considere ter condições ou experiência para realizar com segurança”.

No mesmo plano, determina-se que “a vontade manifestada por parte da mulher grávida ou do casal no plano de nascimento deve ser respeitada, salvo em situações clínicas que o desaconselhem, tendo em vista preservar a segurança da mãe, do feto ou do recém-nascido, as quais devem ser sempre comunicadas à grávida ou ao casal”.

Posto isto, esta vontade está “condicionada aos recursos logísticos e humanos disponíveis no momento do parto”.

A grávida não fica refém do plano de parto

O obstetra Diogo Bruno lembra que o plano pode ser alterado no momento do parto “não só por motivos de emergência”, mas também porque a grávida decidiu tomar uma decisão que não constava no documento.

Por exemplo, completa, uma grávida pode planear “não utilizar métodos farmacológicos para controlo da dor, mas a meio do trabalho de parto decidir que, afinal, prefere utilizar métodos farmacológicos para o controlo da dor como a epidural”, sustenta.

Além disso, o especialista sublinha que “só podem fazer-se intervenções à grávida que a própria aceita”, ou seja, “todas as intervenções devem ser feitas com consentimento informado”.

Quais as vantagens de fazer um plano de parto?

Na perspetiva do obstetra, as maiores vantagens de fazer um plano de parto estão relacionadas com o bem-estar psicológico da grávida e do casal.

Para Diogo Bruno, “as pessoas que constroem um plano de parto, provavelmente, vão ter experiências positivas de parto porque estão mais informadas, mesmo que o parto não decorra completamente como a grávida idealizou”.

“Sabendo a forma como os profissionais atuam relativamente às alterações ao plano de parto e quais as opções que têm, é muito mais fácil que a grávida compreenda as razões que motivam determinadas intervenções e que os próprios profissionais consigam ir ao encontro das expectativas da grávida ou do casal”, conclui.

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