Batata-doce é um “medicamento mil vezes melhor” do que o omeprazol?
Alega-se num vídeo partilhado no TikTok e no Facebook que a batata-doce “é a solução” para quem tem “refluxo, azia, queimação” e “gastrite”. Isto porque, supostamente, este tubérculo é rico em flavonoides anti-inflamatórios “que estimulam a cicatrização da parede do estômago”. O autor do vídeo vai ainda mais longe e sugere que a batata-doce “é um medicamento mil vezes melhor do que o omeprazol”. Mas será mesmo assim?
É verdade que a batata-doce é mil vezes mais eficaz do que o omeprazol?
Em declarações ao Viral, Miguel Afonso, gastroenterologista e diretor clínico da Gastroclinic, adianta que não há nada que comprove que a batata-doce seja um “medicamento mil vezes melhor” do que o omeprazol.
Aliás, salienta o especialista, a evidência científica que estuda uma relação direta entre a batata-doce e o tratamento de problemas digestivos “é bastante limitada” (ver aqui e aqui). Já o omeprazol é um medicamento com um efeito comprovado em patologias digestivas.
Como se refere num folheto informativo do Infarmed, o omeprazol é um fármaco que pertence ao grupo dos “inibidores da bomba de protões”, ou seja, que reduz “a quantidade de ácido que é produzido pelo estômago”.
Este tipo de medicamentos costuma ser receitados, por exemplo, “em casos específicos, tais como a existência de úlceras do estômago”, esclarece Miguel Afonso.
Além disso, aponta-se num texto informativo do serviço nacional de saúde britânico (NHS, na sigla inglesa), pode ser também utilizado no tratamento de indigestão, azia e refluxo.
Noutro plano, adianta Miguel Afonso, apesar de a batata-doce não tratar patologias do estômago, é um alimento constituído por “nutrientes e compostos que podem fornecer benefícios na saúde digestiva, o que pode ser potencialmente útil para indivíduos com gastrite”.
Por exemplo, assinala, “a batata-doce é rica em antioxidantes, incluindo betacaroteno e vitamina C, que possuem propriedades anti-inflamatórias”. Assim sendo, tendo em conta que “a inflamação crónica está frequentemente associada à gastrite”, consumir “alimentos ricos em antioxidantes pode ajudar a aliviar os sintomas”.
Por outro lado, por ser de “fácil digestão”, a batata-doce pode ser particularmente benéfica “para indivíduos com gastrite” que tenham dificuldade em tolerar certos alimentos.
Além disso, a “sua textura macia e sabor suave” tornam este alimento “uma escolha adequada para quem tem um estômago sensível”, acrescenta.
O alto teor de fibra deste tubérculo pode também contribuir para “promover os movimentos intestinais regulares e apoiar a saúde digestiva geral”.
No entanto, alerta o médico, “os indivíduos com gastrite podem precisar de monitorizar a ingestão de fibras, pois o consumo excessivo pode exacerbar os sintomas em alguns casos”.
Posto isto, mesmo que a batata-doce e outros alimentos (ver aqui, aqui e aqui) sejam benéficos para a saúde digestiva, Miguel Afonso recomenda que, em caso de patologia, se consulte “um profissional de saúde para recomendações dietéticas personalizadas, adaptadas às necessidades e condições individuais”.
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