Sentir azia e refluxo depois de uma refeição pesada é tão comum quanto desagradável. E, apesar do desconforto gerado por esta experiência, nem sempre a sensação de ardor no estômago e o retorno do conteúdo deste órgão ao esófago são sinal de alarme.

No entanto, tal como se lê no site da Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva, “quando os episódios de refluxo condicionam sintomas e/ou provocam lesões da parede esofágica estamos na presença de uma doença de refluxo gastroesofágico (DRGE)”.

Ainda assim, além do uso de medicação adequada a este problema, há alguns cuidados que podem ajudar a lidar com os sintomas da doença.

Qual a melhor posição para dormir para quem sofre com refluxo?

Elevar a cabeceira da cama é uma medida recomendada pelos médicos aos pacientes com doença de refluxo gastroesofágico. Em declarações ao Viral, o gastroenterologista do Hospital Lusíadas Amadora, Bento Charrua, explica que isto não significa “colocar mais almofadas na cama, mas sim elevar a cabeceira de forma a ficar com cerca de 15 graus de inclinação”, sublinha o gastroenterologista.

Nesse plano, um texto publicado no site do Serviço Nacional de Saúde britânico aconselha quem sofre deste problema a “levantar a cabeceira da cama em 10 a 20 cm, para que o peito e a cabeça estejam acima do nível da cintura, o que pode impedir o ácido estomacal de subir em direção à garganta”.

Por outro lado, nas redes sociais garante-se, em várias publicações, que quem sofre com azia e refluxo deve optar por dormir para o lado esquerdo. Questionado sobre a pertinência desta dica, Bento Charrua refere que a evidência científica sobre esta matéria é reduzida, embora admita que esta técnica possa ser benéfica para “pessoas que têm refluxo gastroesofágico” devido à posição do estômago.

No mesmo sentido, a técnica superior de diagnóstico e terapêutica e mestre em Medicina do Sono, Bruna Reis, explica que dormir para o lado esquerdo é, por vezes, recomendado a grávidas e a pessoas com doença de refluxo gastroesofágico, porque “dormir para o lado direito pode aumentar a pressão sobre os órgãos internos”.

“Ao optarem por dormir para o lado esquerdo, [os pacientes] costumam experimentar menos episódios de azia comparativamente a dormirem para o lado direito ou de costas”, explica.

Em contrapartida, “os episódios costumam ser mais frequentes quando se dorme para o lado direito e, além disso, duram mais tempo”, alerta.

Quais os cuidados a ter?

Segundo a Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva,  além do tratamento farmacológico, existem “outras medidas de alteração de dieta e estilo de vida” que podem ajudar a lidar com os sintomas.

Nesse sentido, a SPED aconselha os pacientes a fazerem “refeições pequenas e frequentes”, a eliminarem “elementos da dieta que se associem a agravamento das queixas e evicção do consumo de álcool”, a praticarem “abstinência tabágica”, a reduzirem o peso “quando existe excesso de peso ou obesidade” e a evitarem “refeições nas 2 horas antes de se deitar”.