Fazer um branqueamento dentário não é para todas as carteiras. Por isso, há quem procure online dicas para deixar os dentes mais brancos, sem gastar muito dinheiro. Uma das técnicas mais partilhadas nas redes sociais passa por esfregar a parte de dentro da casca de banana nos dentes. Segundo os criadores de conteúdo, por ser “rica em potássio”, a casca da banana, supostamente, proporciona um branqueamento dentário. Mas será esta mezinha eficaz?

Técnica da casca de banana branqueia os dentes?

Em esclarecimentos ao Viral, António Duarte Mata, presidente da Comissão Científica da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), adianta ser falsa a ideia de que esfregar casca de banana nos dentes os torna mais brancos.

Segundo o dentista, é frequente a crença de que “alguns produtos naturais, como o puré de morangos ou a casca de banana, têm propriedades branqueadoras”. 

As pessoas que difundem estas alegações defendem que “o mecanismo de ação seria que estes produtos libertam iões” capazes de “reagir com os cromóforos (substâncias presentes no tecido dentário, responsáveis pela alteração de cor), anulando as suas propriedades”, expõe o especialista.

Uma vez que “a banana é extremamente rica em iões de potássio e magnésio, seria um bom candidato a ter este hipotético efeito”, acrescenta.

Contudo, salienta António Duarte Mata, “não existe nenhuma evidência científica de qualquer eficácia destes produtos no branqueamento dentário”, nem na alteração do brilho nos dentes.

Aliás, “os tratamentos caseiros com ácidos do tipo ácido cítrico presente nos limões, ou qualquer outro, são ineficazes”. E, prossegue, “no caso dos produtos ácidos, até podem ser prejudiciais por terem um potencial erosivo do esmalte dentário”.

No mesmo sentido, em dois textos publicados no site da Associação Dentária Americana (ADA), assinala-se a ausência de evidência relativamente à eficácia da utilização de “frutas” ou de “outros produtos que se tenha em casa” no branqueamento dos dentes.

Quando questionado sobre se esta prática terá efeitos negativos na saúde oral, António Duarte Mata refere que “não existem riscos para esta medida ineficaz, desde que o paciente mantenha as boas práticas de higiene oral”. 

Como branquear os dentes de forma eficaz e segura?

António Duarte Mata começa por explicar que “existem vários tipos de alterações de cor dos dentes, decorrentes da alimentação, do envelhecimento, de patologias genéticas”, ou até da toma de medicação.

“O denominador comum às alterações de cor é a modificação da matéria orgânica intrínseca ou extrínseca ao tecido dentário”, aponta o dentista. 

Durante “o branqueamento dentário (que é um ato médico)”, os agentes branqueadores “interagem com essa matéria, modificando-a e tornando o dente mais claro” (ver aqui, aqui e aqui).

Segundo o especialista, “os princípios ativos nas técnicas de branqueamento são espécies químicas relacionadas com o peróxido de hidrogénio”. 

Em relação à técnica utilizada, de acordo com um folheto informativo da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), esta “depende essencialmente das condições clínicas de cada paciente, das suas expectativas e da rapidez de resultados de tratamento pretendidos”.

Em declarações anteriores ao Viral, o dentista Francisco do Vale referiu que, de modo geral, estes procedimentos não devem ser realizados em “grávidas”, “menores de 18 anos” e “sempre que o paciente apresente uma patologia dentária ou sistémica que o contraindique”.

Quando prescritos, os branqueamentos dentários podem ser “feitos em casa e/ou no consultório”, acrescenta António Duarte Mata. 

Na visão do especialista, estas “são técnicas perfeitamente seguras, desde que supervisionadas por um clínico da equipa de saúde oral, que elaborem um diagnóstico correto, escolham a técnica mais indicada, avaliem a possibilidade de indicação e façam a gestão dos possíveis efeitos secundários”.

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