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Está provado que suplementos de rhodiola tratam ansiedade e depressão?

27 Mai 2024 - 10:00
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Está provado que suplementos de rhodiola tratam ansiedade e depressão?

Partilham-se nas redes sociais várias publicações em que se afirma que os suplementos de rhodiola tratam a ansiedade e a depressão. No Facebook, defende-se que a rhodiola é “um poderoso adaptogénio” que “reduz a ansiedade e a depressão”.

Num vídeo publicado no TikTok alega-se ainda que esta planta, “além de melhorar os sintomas depressivos, também aumenta a potência dos tratamentos de medicamentos antidepressivos”. Mas terão estas alegações fundamento científico?

A rhodiola trata a ansiedade e a depressão?

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Em declarações ao Viral, Filipa Caetano, psiquiatra e psicoterapeuta cognitivo-comportamental, adianta que não há nada que comprove que a rhodiola trata a ansiedade e a depressão, “nem há evidência suficiente que permita recomendar” a rhodiola como complemento nestes contextos.

A psiquiatra explica que a rhodiola, “à semelhança da ashwagandha, é considerada um adaptogénio”, ou seja, “é um composto que ajuda a regular as ameaças do corpo, a lidar com o stress”.

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No entanto, segundo Filipa Caetano, “ainda não se sabe o mecanismo exato pelo qual a rhodiola atua”. Até porque, salienta, “há poucos estudos de qualidade” sobre o efeito desta planta.

Por exemplo, um estudo de 2020 sugere que a rhodiola “pode ter efeitos benéficos no desempenho físico, no desempenho mental e em determinadas condições de saúde mental”, mas sublinha ser necessária mais investigação.

Outro trabalho, que pretendeu estudar os “potenciais efeitos antidepressivos” de três plantas (incluindo a rhodiola), também concluiu que “são necessários mais estudos para confirmar e compreender melhor a promoção da saúde mental e, especificamente, os efeitos antidepressivos destas ervas”.

Além disso, foi feito um ensaio aleatório controlado por placebo que tentou comparar os efeitos antidepressivos da rhodiola e da sertralina (um antidepressivo).

Os investigadores apontam que a rhodiola “foi melhor tolerada” e associada a menos efeitos adversos que a sertralina, mas foi “menos eficaz”. Sugere-se, por isso, que a rhodiola só pode ter um potencial efeito benéfico em “indivíduos com depressão ligeira e moderada”.

De facto, refere Filipa Caetano, “alguns pacientes que tomam estes suplementos (de venda livre) relatam que, por vezes, eles têm um efeito ligeiramente calmante e que, ao mesmo tempo, dão alguma energia”.

No entanto, não se sabe o nível de eficácia deste suposto efeito, nem se todas as pessoas o experienciam. Além disso, a evidência também é escassa no que toca à segurança da toma de suplementos de rhodiola.

Quais os riscos associados à toma de suplementos de rhodiola?

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Filipa Caetano salienta a importância de se ter em conta que “a rhodiola, tal como a erva-de-são-joão (ou hipericão), pode interferir com a ação de vários medicamentos”.

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A psiquiatra dá o exemplo dos “anticoagulantes, que são muito usados na doença cardiovascular”. A rhodiola pode interferir com “a varfarina”, acrescenta. 

Além disso, “as pessoas com tensão arterial baixa ou que tomem medicação anti-hipertensora também estão desaconselhadas” a tomar suplementos de rhodiola.

Do mesmo modo,  caso se esteja a fazer um tratamento com antidepressivos, é preciso ter cautela na toma de rhodiola. Isto porque, aponta Filipa Caetano, “se a pessoa for mais sensível, pode aumentar o risco de toxicidade do fármaco”.

Apesar de não haver estudos robustos sobre os efeitos secundários da toma de rhodiola, a médica alerta para a possibilidade de “haver toxicidade a nível cardiovascular” provocada pela toma de “doses mais altas” destes suplementos.

Tendo em conta os riscos associados à rhodiola, a especialista recomenda que se consulte “sempre um médico antes de tomar este tipo de suplementos”.

Por fim, a psiquiatra considera importante apontar que recorrer à rhodiola sem qualquer apoio especializado pode “atrasar um tratamento que vai, de facto, ser eficaz”.

Do ponto de vista de Filipa Caetano, “as pessoas, muitas vezes, procuram estes suplementos porque têm receio da medicação e dos seus efeitos”.

No entanto, defende, se “for bem usada – com início, meio e fim – a medicação é muito eficaz e, em conjunto com a psicoterapia, é mesmo o melhor tratamento para uma depressão”.

Para a ansiedade, aponta, o tratamento de base incide sobre psicoterapia e também pode incluir a toma de antidepressivos.

Em dois textos informativos, o Sistema Nacional de Saúde (SNS) destaca a importância de se tratar atempadamente a ansiedade e a depressão.

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“As perturbações de ansiedade não tratadas e prolongadas podem trazer incapacidade de executar as tarefas do dia a dia, de trabalhar, levar ao abuso de álcool ou a outros problemas de saúde mental como a depressão”, destaca-se num destes textos.

No que diz respeito à depressão, o diagnóstico tardio ou a falta de tratamento “vai dificultar o controlo da doença, pois há uma relação direta entre a deteção precoce e um maior sucesso dos tratamentos, sendo, por isso, mais difícil reverter estados crónicos”, aponta-se.

Além disso, “a depressão tem efeitos tóxicos para todo o organismo, interfere diretamente no sistema imunitário, enfraquecendo-o e tornando-o vulnerável” a outras doenças.

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