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Suplementos de vitaminas. Quando, como e porque tomar?

8 Nov 2023 - 09:52

Suplementos de vitaminas. Quando, como e porque tomar?

A toma de suplementos de vitaminas é, muitas vezes, feita de forma indiscriminada e sem aconselhamento médico. Com a mudança de estação, a procura por estes produtos aumenta, seja porque se acredita que alguns previnem constipações e gripes, seja porque se acha que outros são eficazes no tratamento da queda de cabelo

Por serem produtos naturais, crê-se que “mal não faz” e há até quem tome várias vitaminas diferentes – em cápsulas, gomas ou pó – acreditando que, por si só, estes produtos melhoram a saúde. 

Quando se deve tomar suplementos de vitaminas? Estes produtos são isentos de riscos? Deve-se consultar um médico antes de tomar vitaminas? Em declarações ao Viral, a nutricionista Sandra Rosmaninho Almeida e a endocrinologista Joana Menezes Nunes esclarecem todas as questões. 

Quando é necessário tomar suplementos de vitaminas?

De facto, “as vitaminas e os minerais são essenciais para a saúde”, começa por salientar Joana Menezes Nunes. No entanto, refere, “muitas vezes não se consegue obter da dieta a quantidade ideal”. Por isso, “nessas condições há que suplementar, sem dúvida”, defende. 

A mesma visão tem Sandra Rosmaninho Almeida, reforçando que “o uso de suplemento vitamínico é recomendado para pessoas que não conseguem consumir os nutrientes em quantidades necessárias, ou quando existe algum défice de absorção, por exemplo”.  

Segundo Joana Menezes Nunes, a suplementação pode justificar-se em circunstâncias específicas, como “a gravidez”, “em condições patológicas”, como “quando há doença ou fármacos que interfiram” na absorção de vitaminas (“ou exijam outra demanda”), e até “após um procedimento cirúrgico”, como a “cirurgia bariátrica”.

Contudo, as duas especialistas consultadas pelo Viral defendem que, havendo essa possibilidade, é preferível obter vitaminas e minerais através da alimentação. Porquê?

Sandra Rosmaninho Almeida explica que “a forma como as vitaminas são absorvidas nos alimentos e nos suplementos é diferente”. Por norma, acrescenta, “através dos alimentos, a sua biodisponibilidade é maior do que através dos suplementos”. 

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Joana Menezes Nunes diz ser “sempre a favor de comer bem e saudável, até porque nos dá prazer”. A endocrinologista prefere “uma boa salada ou uma boa sopa a um comprimido”, pois, além do aporte de vitaminas e/ou minerais, estes alimentos trazem “mais saciedade” e são também “fonte de fibra e de outros nutrientes”.

Existem riscos associados à toma de vitaminas por conta própria?

Há dois tipos de vitaminas: as hidrossolúveis e as lipossolúveis. Como esclarece Sandra Rosmaninho Almeida, em relação às “vitaminas hidrossolúveis”, como as do complexo B e a vitamina C, “não há grande risco, pois, parando a toma, o nosso organismo elimina-as naturalmente”. 

Em contrapartida, “no caso das vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), pode haver acumulação excessiva no organismo, com efeitos tóxicos”, alerta. 

Além disso, Joana Menezes Nunes salienta que “vários complexos multivitamínicos podem levar a sobredosagem, dadoque, muitas vezes, se repetem na sua composição qualitativa”. 

Assim, aponta a médica, as vitaminas “que atinjam sobredosagem, isto é, doses superiores às máximas permitidas, cada qual tem a sua particularidade, provocam intoxicações diferentes, com complicações diferentes”.

Como se refere num texto publicado na Harvard Health Publishing, a toma de suplementos pode levar ao desencadeamento de sintomas, como “tensão arterial elevada, batimentos cardíacos acelerados ou irregulares, dores de cabeça, tonturas ou alterações gastrointestinais”.

Por outro lado, existem pessoas que não podem tomar determinados tipos de suplementos de vitaminas. Por exemplo, refere a endocrinologista, “uma pessoa com hipertiroidismo não deve tomar vitaminas que contenham iodo”.

No mesmo sentido, destaca Sandra Rosmaninho Almeida, “doentes hipocoagulados, renais e hepáticos”, ou pessoas com doenças em que a medicação interfira com suplementos vitamínicos, por exemplo, “podem ter algumas contraindicações para a toma” de vitaminas.

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Por isso, defende Joana Menezes Nunes, a suplementação de vitaminas, caso seja necessária, “deve ser sempre orientada por um profissional de saúde”.

Natural não é igual a inócuo

Sandra Rosmaninho Almeida considera relevante referir que, além dos suplementos vitamínicos, “existe uma enorme variedade de outros tipos de suplementos que podem ter muitos mais riscos na sua toma e outras contraindicações”. 

Mas o que são considerados suplementos? Num documento, o Infarmed define “suplementos alimentares” como “géneros alimentícios” com “algumas especificidades, como o facto de se apresentarem com formas doseadas”. 

Estes produtos “constituem fontes concentradas de nutrientes ou outras substâncias com efeito nutricional ou fisiológico, estremes ou combinadas” e “destinam-se a complementar e/ou suplementar o regime alimentar normal, não devendo ser utilizados como substitutos de uma dieta variada”, acrescenta-se.

O Infarmed reconhece ainda que “os suplementos alimentares devem apresentar um efeito benéfico, mas não são medicamentos” e, por isso, “não podem mencionar propriedades profiláticas, de tratamento ou cura de doenças ou seus sintomas”. 

Para Sandra Rosmaninho Almeida, é “importante reforçar que, um suplemento alimentar, por ser composto por produtos naturais, não quer dizer que seja isento de riscos”. Assim, a nutricionista aconselha que se procure “sempre a opinião de um profissional de saúde, antes de iniciar a sua toma”.  

Aliás, o próprio Infarmed salienta que, apesar de os suplementos alimentares serem regulados pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), a sua venda não requer “a apresentação de ensaios de segurança”. 

Essa segurança, escreve-se, “deve ser assegurada pelos operadores económicos que os colocam no mercado, através do cumprimento das regras comunitárias de Segurança Alimentar vigentes em toda a União Europeia”.

Segundo a nutricionista consultada pelo Viral, “tem de se ter especial atenção ao historial clínico de cada pessoa, e se está a tomar algum tipo de medicação”, pois “pode haver interação dos suplementos com as medicações”. 

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Por exemplo, refere, “a grande maioria dos suplementos alimentares é contraindicada para pessoas a tomar anticoagulantes”. Num doente hipertenso, frisa, “a simples toma de um drenante pode interferir” com a sua condição. 

Além disso, “os suplementos com hipericão podem interferir com a eficácia de medicamentos antidepressivos e anticoncecionais”, destaca.

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Este artigo foi desenvolvido no âmbito do European Media and Information Fund, uma iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian e do European University Institute.

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8 Nov 2023 - 09:52

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