PUB

Fact-Checks

Suplementos de vitaminas previnem gripes e constipações?

Com a chegada do outono abre a época da corrida aos suplementos vitamínicos para reforçar o sistema imunitário. No topo das preferências estão os suplementos de vitamina C e vitamina D, muitas vezes apresentados como a solução para prevenir e curar gripes e constipações. Mas o que diz a ciência sobre a eficácia destes produtos?

23 Set 2022 - 09:04

Suplementos de vitaminas previnem gripes e constipações?

Com a chegada do outono abre a época da corrida aos suplementos vitamínicos para reforçar o sistema imunitário. No topo das preferências estão os suplementos de vitamina C e vitamina D, muitas vezes apresentados como a solução para prevenir e curar gripes e constipações. Mas o que diz a ciência sobre a eficácia destes produtos?

A entrada na estação do outono é o lembrete de que não tardam a chegar os dias frios, chuvosos e pouco soalheiros do inverno, e com eles chegam também os espirros, o pingo do nariz e o mal-estar característicos das infeções respiratórias agudas, como as gripes e as constipações, tão comuns nesta época do ano.

Esta é também a altura em que cresce o consumo de suplementos de vitaminas, sobretudo C e D, com o intuito de fazer um reforço do sistema imunitário e escapar aos sintomas incómodos das tão frequentes doenças de inverno.

Mas o que tem a dizer a ciência sobre a eficácia destes suplementos de vitaminas?

Para começo de conversa, o nutricionista Pedro Carvalho, doutorado em Ciência do Consumo Alimentar e Nutrição, alerta que o verdadeiro “boost” para o sistema imunitário é a vacinação contra a gripe, que já está a decorrer para os grupos recomendados.

Quanto à suplementação, há que ser analisada a sua pertinência para cada pessoa em concreto. No caso da vitamina D, “é necessário não esperar dela um papel terapêutico, mas sim preventivo”. Isto porque muitas células do sistema imunitário possuem recetores para a vitamina D.

Em entrevista ao Viral, o nutricionista aponta que “existe evidência em atletas, militares e na população geral de que níveis de vitamina D acima de 30 nmol/L podem reduzir a incidência de infeções do trato respiratório superior”, ou seja, aquelas que afetam o nariz, a faringe e a laringe, como acontece nas constipações e gripes. Ficam de fora as infeções do trato respiratório inferior, como a Covid-19, que afetam principalmente a traqueia, os brônquios e os pulmões.

E se está demonstrado o benefício de ter níveis de vitamina D acima de 30 nmol/L, a suplementação com frequência diária ou semanal, parece possuir “efeitos positivos na diminuição de infeções respiratórias, principalmente nos indivíduos com défice prévio a essa suplementação, ou seja, níveis abaixo dos 25 nmol/L”, como se verificou neste estudo.  Contudo, o mesmo trabalho mostrou que, em pessoas com níveis de vitamina D acima de 75 nmol/L ou em indivíduos com elevado volume de treino, “a suplementação não possui um efeito protetor adicional”. 

PUB

Em suma, o benefício da suplementação com vitamina D parece acontecer apenas em pessoas com baixos níveis sanguíneos desta vitamina.

O mesmo acontece para a vitamina C, que também desempenha um papel muito importante no sistema imunitário, visto encontrar-se em grandes concentrações nos nossos glóbulos brancos, importantes no combate às infeções. O nutricionista acrescenta, aliás, que os níveis desta vitamina “diminuem consideravelmente durante uma constipação ou outra ocasião em que o stress oxidativo aumenta”.

Segundo o especialista, a ciência tem chegado a “evidências contraditórias”sobre a suplementação com vitamina C. No caso dos atletas, os estudos mostram que “tanto pode ter um papel positivo como neutro na prevenção de infeções do trato respiratório superior”. Já no que diz respeito à população geral “este efeito preventivo parece não existir de forma tão evidente e, por esse motivo, parece fazer pouco sentido suplementar vitamina C de forma profilática” de modo generalizado.

Em resumo, “tal como referido para a vitamina D, a suplementação em vitamina C pode fazer sentido para quem tenha um baixo aporte alimentar da mesma”, explica Pedro Carvalho. Isto porque  o sistema imunitário se autorregula, o que faz com que “não seja fácil com suplementos torná-lo muito mais eficiente”.

PUB

Assim sendo, quando se quer apostar na prevenção das infeções respiratórias, o nutricionista recomenda a prática das já bem conhecidas e divulgadas boas práticas de higiene pessoal, “como a lavagem das mãos, a proteção da boca na tosse ou espirros e a utilização de lenços de papel de utilização única”.

Categorias:

Gripe

23 Set 2022 - 09:04

Partilhar:

PUB