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Suplementos de vitaminas para a queda de cabelo funcionam?

Os suplementos de vitaminas e minerais para a queda de cabelo são os protagonistas das montras das ervanárias e de algumas farmácias, sobretudo no outono. Mas serão eficazes?

1 Nov 2022 - 09:55

Suplementos de vitaminas para a queda de cabelo funcionam?

Os suplementos de vitaminas e minerais para a queda de cabelo são os protagonistas das montras das ervanárias e de algumas farmácias, sobretudo no outono. Mas serão eficazes?

Zinco, biotina, ferro e magnésio são alguns dos ingredientes presentes nos suplementos de vitaminas e minerais publicitados, nos anúncios e nas redes sociais, como sendo eficazes na prevenção ou no tratamento da queda de cabelo.

Em pó, em cápsulas ou em forma de gomas, estes produtos ganham especial destaque nas prateleiras de farmácias, dietéticas e até de salões de beleza durante o outono, altura em que a queda sazonal se instala. Mas serão mesmo eficazes?

O que diz a ciência sobre os suplementos para a queda de cabelo?

suplementos queda de cabelo

Em declarações ao Viral, o dermatologista Alexandre Catarino começa por explicar que “não há evidência robusta de que esta suplementação seja útil em pessoas que não tenham carências nutricionais”.

Isto é, quando alguém tem um défice de uma vitamina ou de um mineral (como o ferro, por exemplo), “faz sentido a suplementação”. Por outro lado, não havendo deficiências nutricionais, “é um pouco mais questionável se estes suplementos serão úteis”.

Apesar da escassez de evidência científica, o dermatologista admite que, em algumas situações, nomeadamente quando a queda de cabelo é sazonal ou “desencadeada por infeções, stress ou algum evento mais traumático”, alguns elementos – como “a vitamina D, o cobre, o zinco e a biotina” – poderão ter “algum papel” na recuperação, por serem importantes para a produção de novo cabelo.

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“Nesses casos, há uma queda transitória e esta suplementação poderá, eventualmente, ajudar na recuperação, mas nunca substituindo uma alimentação saudável”, sustenta.

Já no que diz respeito à queda de cabelo crónica, “a utilidade destes suplementos é escassa”. Catarino adianta que alguns elementos, como a planta Serenoa repens, parecem “ter algum efeito na inibição da 5a-redutase, uma enzima importante na transformação da testosterona em dihidrotestosterona, que dá origem à calvície comum”. No entanto, sublinha, este possível impacto andará “longe do efeito terapêutico dos medicamentos”. Além disso, vários artigos científicos (como este) apontam serem necessários mais estudos “para apoiar as alegações sobre a eficácia” da Serenoa repens no tratamento da queda de cabelo.

Noutro plano, o dermatologista lembra que a perceção de eficácia por parte dos utilizadores destes suplementos para a queda de cabelo pode estar relacionada com o “efeito placebo”. Isto é, “a pessoa, ao tomar algo, sente que vai recuperar mais depressa”, o que “também tem efeito benéfico” por poder  “reduzir a ansiedade causada pela situação”.

Faz sentido tomar suplementos para prevenir a queda de cabelo sazonal?

suplementos queda de cabelo

Catarino defende também não fazer sentido tomar estes suplementos no final do verão como uma forma de prevenção da queda típica desta altura do ano. Na perspetiva do especialista, estes produtos “não vão ter a capacidade de prevenir” a queda sazonal, pois esta está relacionada com “a exposição solar e o ciclo capilar, que é influenciado pelo sol”.

Tal como se pode ler no site da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV), “cada folículo piloso tem uma fase de crescimento de  dois a cinco anos, sendo seguida por uma fase de repouso, que dura 3 meses e termina no desprendimento do cabelo”. Ora, segundo a mesma fonte, “normalmente 15% dos folículos estão na fase de repouso, sendo estes os cabelos que causam a queda regular e diária de cerca de 60 a 100 cabelos, a qual atinge o seu máximo no final da primavera e do verão“.

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Nesse plano, o dermatologista recorda que a queda sazonal é, à partida, “um estado transitório”, ou seja, passa com o tempo e, na maioria das vezes, não necessita de intervenção médica.

Por outro lado, completa Alexandre Catarino, se a queda “for algo muito evidente ou muito persistente no tempo, o melhor é ir ao dermatologista para perceber qual o diagnóstico e fazer o tratamento mais adequado”.

Categorias:

Dermatologia

1 Nov 2022 - 09:55

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