Ter um estilo de vida saudável e apostar na prevenção é essencial para qualquer pessoa, independentemente do sexo. No entanto, quando se trata da saúde da mulher, há rastreios específicos e cuidados adicionais que devem ser considerados em diferentes fases da vida. 

No Dia Internacional da Mulher, Alexandra Matias, especialista em ginecologia e obstetrícia e professora catedrática na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), e Paulo Santos, especialista em Medicina Geral e Familiar e professor na mesma faculdade, explicam quais os cuidados e rastreios essenciais.

Quais os rastreios essenciais?

Questionados sobre os rastreios que as mulheres devem fazer ao longo da vida, Alexandra Matias e Paulo Santos começam por apontar dois: o rastreio do cancro do colo do útero e o rastreio do cancro da mama.

Para Alexandra Matias, fazer o rastreio do cancro do colo do útero, que agora inclui o teste de pesquisa do vírus do papiloma humano (HPV), é fundamental porque permite não só “detetar atempadamente lesões que ainda não são cancerosas, tratá-las e reduzir o risco a zero”, mas também “identificar o HPV 16, 18 e os outros de alto risco”.

A lei que estabelece os critérios técnicos para os rastreios oncológicos de base populacional realizados no Serviço Nacional de Saúde (SNS) determina que o programa de rastreio do cancro do colo do útero “destina-se à população do sexo feminino com idade igual ou superior a 25 anos e igual ou inferior a 60 anos” e deve ser realizado “de 5 em 5 anos”.

Quanto ao programa de rastreio do cancro da mama, segundo a mesma lei, este “destina-se à população do sexo feminino, com idade igual ou superior a 50 anos e igual ou inferior a 69 anos”, sendo que “o teste primário é a mamografia com dupla leitura, a realizar de dois em dois anos”.

A especialista em ginecologia e obstetrícia consultada pelo Viral lembra ainda que, quando uma mulher está grávida, há vários rastreios fundamentais que servem, por exemplo, para “detetar cromossomopatias (como a trissomia 21, 18 e 13)” e para estimar o “risco de pré-eclâmpsia” e de “parto pré-termo”.

Que outros cuidados ter?

Tanto Alexandra Matias quanto Paulo Santos apontam a adoção de um estilo de vida saudável como fundamentais para qualquer pessoa, independentemente do sexo.

Isto passa, por exemplo, por  “manter uma alimentação cuidada, praticar atividade física, evitar os consumos nocivos (nomeadamente, o álcool, o tabaco, as substâncias) e proteger a saúde mental”, refere Paulo Santos.

No entanto, o professor da FMUP adianta que, no que diz respeito à saúde mental, “mesmo não havendo uma diferença tão significativa como se pensava há uns anos, continuamos a ter mais depressão e mais ansiedade nas mulheres do que nos homens”. Logo, defende, esta é uma área que deve merecer particular atenção quando o assunto é a saúde da mulher.

Noutro plano, o médico assinala a importância da vacinação contra o HPV que, em 2008, passou a fazer parte do Programa Nacional de Vacinação para as raparigas e que, em 2020, foi alargada aos rapazes nascidos a partir de 2009.

Por fim, Alexandra Matias considera que “ir a uma consulta de ginecologia anualmente” deve ser encarado como um ato de cuidado e prevenção essencial para a saúde da mulher.

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