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Sumo de casca de melão trata hipotiroidismo?

13 Abr 2024 - 10:09
falso

Sumo de casca de melão trata hipotiroidismo?

Alega-se no TikTok que o sumo de casca de melão trata o hipotiroidismo, uma condição em que a glândula tiroide não produz hormonas em quantidade suficiente. No vídeo, um dos intervenientes alega que a casca de melão vai “elevar a atividade da tiroide”.

Para tal, aconselha que se tire a casca amarela do melão, depois de “lavá-la muito bem”, e que se faça sumos de casca de melão com gengibre.

A mesma pessoa refere que a casca de melão é “rica em cucurbitacinas”, que estimulam a função da tiroide. Mas será verdade? O sumo de casca de melão trata o hipotiroidismo?

É verdade que o sumo de casca de melão trata o  hipotiroidismo?

Em declarações ao Viral, Rosa Maria Príncipe, médica especialista em Endocrinologia e Nutrição, endocrinologista no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, na clínica Bio-Alma e professora auxiliar na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), adianta que é “falsa” a ideia de que o sumo de casca de melão trata o hipotiroidismo.

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A endocrinologista adianta que há um estudo que aponta para um “pequeno efeito estimulatório” dos extratos de casca de melão, de melancia e de manga. No entanto, lembra que esta investigação foi feita em animais e não em seres humanos. 

Tratam-se, por isso, de “estudos preliminares, geradores de hipóteses”, uma vez que não podemos assumir que acontece nos seres humanos o mesmo que acontece nos ratinhos.

Além disso, o estudo foi realizado apenas durante 10 dias e os ratos consumiram extratos de de casca de melão, de melancia e de manga e não sumo de casca de melão.

Neste sentido, o sumo de casca de melão “não deve ser tomado com o objetivo de tratar alterações tiroideias”, refere a professora da FMUP.

Ainda assim, a especialista indica que beber este sumo não terá efeitos negativos, desde que não seja usado como substituto do “tratamento convencional”.

“Sou defensora de uma alimentação saudável e do aproveitamento integral dos alimentos. Por isso, o doente faz bem em escolher essa fruta na época do melão, mas desde que seja sem a intenção de curar alguma patologia tiroideia. Também não pode deixar de tomar medicação ou suplemento que seja necessário”, afirma.

Adicionalmente, refere que alguns remédios naturais podem ajudar a melhorar a função tiroideia, mas sempre em associação com os tratamentos farmacológicos.

Hipotiroidismo: o que é, sintomas e tratamento

O hipotiroidismo é, de acordo com Rosa Maria Príncipe, por norma, a doença mais comum que afeta a tiroide. A causa mais frequente é autoimune, ou seja, quando o sistema imunitário “ataca a tiroide, como se fosse algo externo, e vai destruindo a glândula”. Por isso, ela passa a “produzir menos hormona tirodeia”.

A endocrinologista contactada pelo Viral acrescenta que uma pessoa tem hipotiroidismo primário quando a “glândula tiroide deixa de fabricar a quantidade de hormonas tiroideias de que precisamos”.

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Segundo a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM), a tiroide é uma “pequena glândula endócrina, com cerca de cinco centímetros de diâmetro, localizada na parte anterior do pescoço, por baixo da maçã de adão”. 

Tem como função produzir hormonas tiroideias, que são “fundamentais para o normal funcionamento do corpo”, porque regulam vários mecanismos (temperatura corporal, frequência cardíaca, tensão arterial, funcionamento do intestino, controlo de peso e humor).

Em relação aos sintomas, a médica especialista em endocrinologia sinaliza que pode ter “múltiplas implicações”, como cansaço excessivo durante o dia, cefaleias, dificuldade de concentração, perda de energia e humor mais deprimido.

Além disso, pode ocorrer uma diminuição da líbido, alterações gastrointestinais, problemas cardíacos, anemia, hipertensão arterial, dislipidemia e disfunção respiratória.

Se não for tratado, o hipotiroidismo pode “levar ao coma”, diz a SPEDM. Em mulheres grávidas, pode afetar o desenvolvimento do bebé e causar problemas cognitivos.

Quanto ao tratamento, refere a médica, passa por “substituir as hormonas que faltam”. 

No entanto, destaca que, como em todas as doenças autoimunes, é “muito importante” que tudo façamos para “tranquilizar” o sistema autoimune: dormir bem, não fumar, não beber excessivamente álcool, não comer alimentos processados, gerir “bem” o stress e praticar exercício físico. 

Além disso, a especialista refere que pode haver “suplementos interessantes” que ajudem. No entanto, não são considerados medicamentos e que, por isso, o controlo é “limitado”, tanto na avaliação, como na eficácia, segurança e comercialização. 

“É muito importante consumir apenas marcas reconhecidas e não misturá-los”, afirma.

A ingestão “adequada”, mas não exagerada, de iodo pode também “prevenir ou atrasar” o aparecimento do hipotiroidismo, principalmente quando a causa “não é autoimune”, esclarece a SPEDM. 

Os alimentos mais ricos em iodo, refere a mesma instituição, são o sal iodado, alimentos que provêm do mar (algas, marisco e peixe), leite e derivados, cereais, ovos e alguns pães.

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