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Só devemos beber água quando temos sede?

16 Abr 2023 - 09:52
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Só devemos beber água quando temos sede?

A água está no centro da roda dos alimentos por ser essencial à vida. Mesmo assim, há quem se esqueça de beber água até ter a boca completamente seca. Mas será esta uma boa prática? Só devemos beber água quando temos sede? Qual a quantidade de água diária recomendada? E quais os perigos da desidratação?

É verdade que só devemos beber água quando temos sede?

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“Não devemos beber água única e exclusivamente quando temos sede”, começa por adiantar Inês Mazagão, nutricionista na Nordic Clinic Porto e na Clínica Drª Marta Padilha.

Em declarações ao Viral, Inês Mazagão explica que a sensação de sede já é “um alerta” do organismo para a desidratação. Por isso, “é inadequado esperar por este mecanismo”.

Beber água “é algo em que temos de ter alguma disciplina, como em tantas outras coisas, nomeadamente uma boa alimentação e exercício físico”.

No caso das crianças e dos idosos, assinala, é ainda mais importante reforçar a hidratação. Isto porque “os bebés não sinalizam a necessidade de água, e nos idosos os mecanismos fisiológicos que nos dão sinais de sede podem estar comprometidos”, pelo que têm maior risco de desidratação.

Como saber se está a ser ingerida a quantidade de água necessária?

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Segundo Inês Mazagão, “em termos mais objetivos”, recomenda-se que a “ingestão de 0,35 ml de água por quilograma de peso corporal”. Isto representa, por norma, “entre um litro e meio e dois litros diários”. 

Contudo, pelo facto de estas recomendações “serem muito específicas” e “académicas”, a especialista refere que, “em prática clínica”, sugere-se que se tenha em conta “a escala da urina”.

Isto significa que, quando se vai à casa de banho, se deve ter atenção ao estado da urina. Se tiver uma “cor clara – quase transparente -, se for inodora (ou seja, sem cheiro) e não for turva”, significa que a pessoa está a hidratar-se devidamente.

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Se, por outro lado, a “urina estiver mais escura”, deve-se “beber mais água”. Na visão da nutricionista, este indicador é “um ponto de partida para aquelas pessoas que não sabem muito bem e nem sequer controlam a quantidade de água que ingerem”.

O que acontece muito frequentemente é que “se bebe um copinho, depois bebe-se uma garrafa, uma infusão, ou come-se uma sopa (que também é uma forma de hidratação)” e, ao fim do dia, “não se sabe muito bem quantos litros de água” foram ingeridos, nem sequer se “já foram bebidos dois litros de água”.

É possível compensar a água que não se bebeu?

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“Esta é uma questão complicada”, admite a nutricionista. Tal como acontece “na alimentação e até no sono”, há, muitas vezes, a tentativa “de correr atrás do prejuízo”. 

Como exemplifica Inês Mazagão, “acontece, com frequência, uma pessoa não beber água até às cinco da tarde e depois, a partir dessa hora, decidir beber quantidades elevadas num curto espaço de tempo”.

A nutricionista da Nordic Clinic defende que fazer isto poderá não ser benéfico. Por um lado, como a ingestão é feita ao final da tarde, “poderá, de alguma forma, prejudicar o sono, porque a pessoa necessita de acordar durante a noite com frequência para ir à casa de banho”.

Depois, mesmo que não tenha havido um cuidado na hidratação, mas tenha havido “uma alimentação minimamente adequada, nomeadamente no consumo de fruta, vegetais, sopa e chá, isto, de alguma forma, fica compensado”.

O acertado é, segundo a especialista, “voltar à normalidade” e não recorrer a “estes mecanismos de compensação, que depois acabam por ser um pouco obsessivos”.

Quais os perigos da desidratação?

A nutricionista começa por realçar a importância da ingestão de água. De facto, “todas as nossas células estão banhadas em água, portanto, ela é essencial para que funções básicas do nosso organismo estejam absolutamente operacionais”, destaca.

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A nutricionista refere que a água “ajuda na regulação da temperatura corporal (termorregulação), no transporte de nutrientes e a remover toxinas do nosso organismo que precisam de ser excretadas de alguma forma”.

Para mais, a água tem um grande papel “na questão da digestão, da circulação, do metabolismo e da saúde da pele, dos olhos e das articulações”. 

Além disso, acrescenta, “a água também ajuda na perda de peso”. Inês Mazagão esclarece que, “se tivermos uma ingestão de água adequada às nossas necessidades ao longo do dia”, isso também potencia, de alguma forma, “a redução do apetite”. Consequentemente, “diminui-se a ingestão alimentar”, ajudando “na perda de peso”.

Noutro plano, não beber água suficiente pode acarretar vários riscos para a saúde. Por um lado, por causa da questão da termorregulação. “No motor dos carros, a água é essencial para baixar a temperatura” e “connosco acontece exatamente a mesma coisa”.

Principalmente quando se está a “fazer exercício físico de alta intensidade debaixo de altas temperaturas e a transpiração ocorre como mecanismo de diminuição da temperatura corporal”, aponta.

Portanto, “se não houver um adequado estado de hidratação, além de prejudicar o descanso físico, ao ficarmos cansados muito mais rapidamente, pode levar a um aumento da temperatura corporal, com consequências negativas”.

Por outro lado, “existem trabalhos que mostram que a desidratação pode comprometer o nosso desempenho cognitivo, incluindo a atenção, a capacidade de memória e o tempo de reação, podendo provocar dores de cabeça”, alerta.

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Por último, a desidratação está relacionada com “problemas renais e digestivos (como a obstipação)”. 

“Quando estamos desidratados, o nosso corpo vai tentar absorver o máximo de água possível, nomeadamente ao nível do intestino grosso”, completa.

Com a falta de água no organismo, “os movimentos intestinais tornam-se menos frequentes, mais lentos e mais difíceis de acontecer”, esclarece.

Em suma, conclui Inês Mazagão, “a água é essencial à vida”.

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16 Abr 2023 - 09:52

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