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Grávidas devem evitar beber muito café?

19 Abr 2023 - 11:38
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Grávidas devem evitar beber muito café?

Quando  se recebe a notícia de uma gravidez na família, começam as conversas sobre o que a grávida pode (ou não) comer ou beber durante os nove meses de gestação. Para quem não consegue começar o dia sem uma dose generosa de cafeína, as primeiras dúvidas que surgem são se as grávidas devem evitar beber muito café e quais as doses consideradas seguras.

É verdade que as grávidas devem evitar beber muito café?

Sim, tal como se aponta no manual “Alimentação e Nutrição na Gravidez” da Direção-Geral da Saúde (DGS), “elevadas doses de cafeína na gravidez foram associadas a um aumento do risco de doenças congénitas, restrição do crescimento intrauterino, parto prematuro, aborto e baixo peso ao nascimento”.

Além disso, a DGS assinala também que “os efeitos da cafeína podem ser sinérgicos com os efeitos do tabaco e álcool”, ou seja, estas duas substâncias podem aumentar o potencial de efeitos adversos para a mesma dose de cafeína.

Importa sublinhar que a cafeína não está só presente no café, mas também noutras bebidas e alimentos, como, por exemplo, no chocolate, em alguns chás e em vários refrigerantes.

Quais as doses de cafeína consideradas seguras para grávidas?

As principais entidades oficiais nacionais e internacionais recomendam que as grávidas consumam cafeína de forma moderada, evitando uma ingestão desta substância acima de 200 miligramas por dia. Isto é, segundo a DGS, “o equivalente a cerca de dois cafés expresso”.

Ainda assim, em declarações ao Viral, a nutricionista Catarina Paixão sublinha que alguns estudos mais recentes “já estão a apontar para que mesmo um consumo moderado de cafeína durante a gravidez possa ter algumas consequências”.

Por exemplo, numa análise retrospetiva publicada em 2022 sobre o consumo de cafeína durante a gravidez e o crescimento longitudinal da criança, verificou-se que “o consumo materno de cafeína mesmo em quantidades inferiores às diretrizes actualmente recomendadas de menos de 200 mg por dia durante a gravidez foi associado a uma altura infantil mais baixa a partir dos 4 anos de idade e persistindo até aos 8 anos de idade”.

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Os autores do estudo sublinham, contudo, que “a implicação clínica desta diferença de altura não é clara e justifica uma investigação futura”.

No mesmo sentido, nas conclusões de uma revisão narrativa publicada em 2021 pode ler-se que “um extenso conjunto de provas científicas de estudos observacionais e meta-análises originais fornece uma confirmação persuasiva do aumento do risco do consumo de cafeína materna para pelo menos cinco grandes efeitos negativos na gravidez”.

Entre estas cinco potenciais consequências estão, por exemplo, o “aborto”, o “baixo peso à nascença” e o “excesso de peso e obesidade infantil”.

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Catarina Paixão reforça que “a quantidade de 200 miligramas continua a ser a oficialmente aceite pelas autoridades de saúde”, mas conclui que, “jogando pelo seguro, quanto menos [cafeína uma grávida consumir] melhor”.

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19 Abr 2023 - 11:38

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