PUB

Engasgou-se e está sozinho. O que fazer?

3 Abr 2023 - 03:07

Engasgou-se e está sozinho. O que fazer?

Quem já se engasgou com comida sabe que esse é um momento aflitivo, sobretudo quando não há ninguém por perto para ajudar. Embora, por vezes, tossir seja o suficiente para resolver o problema, em situações mais graves pode ser preciso adotar outras estratégias.

Em declarações ao Viral, o pneumologista Miguel Guimarães explica os passos a seguir caso se engasgue e não tenha ninguém por perto para o socorrer.

A diferença entre engasgar-se com líquidos ou com sólidos

As pessoas podem engasgar-se com líquidos e com sólidos. Por um lado, quando se fala em “engasgamento com água”, por exemplo, “estamos a falar de espasmos de músculos da laringe”, começa por esclarecer Miguel Guimarães.

Neste caso, apesar de haver “uma sensação terrível de sufocação, não existe nenhum corpo estranho a sufocar”. Além disso, trata-se de uma “situação autolimitada” e “não há um risco imediato de vida”. 

Portanto, o máximo que pode acontecer é “o espasmo ser mais prolongado e a pessoa perder os sentidos”. Quando isso acontece, “o espasmo acaba automaticamente”, garante o médico.

Por outro lado, os engasgamentos com sólidos podem ter gravidades diferentes. Os casos menos graves acontecem muitas vezes com determinados tipos de alimentos, como “os amendoins, as amêndoas, as nozes”, exemplifica. 

Neste contexto, a pessoa “tem a perceção de que aspirou os alimentos, mas não tem uma dificuldade respiratória” que a ponha “em risco de colapso”. Aqui, o aconselhável é “dirigir-se a uma instituição hospitalar, fazer um exame e retirar o corpo estranho”.

Por fim, quando existe uma “obstrução completa da via aérea” pode estar-se perante uma situação de perigo de vida, porque “a pessoa pode morrer se não forem tomadas as medidas necessárias”, alerta o pneumologista.

O que fazer em caso de engasgamento quando está sozinho?

PUB

Segundo Miguel Guimarães, o primeiro passo em todas as situações de engasgamento é “tentar manter a calma”. Como explica o médico, “apesar de ser uma situação muito aflitiva”, devido à “sensação de asfixia”, o “pânico deixa-nos completamente atordoados e incapazes de tomar decisões e resolver situações”.

Depois, continua o especialista, se a via aérea não estiver completamente obstruída, deve-se tossir. No entanto, isso nem sempre é possível porque em casos de engasgamento grave a pessoa não consegue mesmo tossir.

Se, mesmo assim, a pessoa continuar aflita, precisa de “procurar outras soluções”. Mesmo que a pessoa esteja sozinha numa área da divisão, aponta, “pode existir alguém noutra divisão”, ou outras pessoas na rua que podem prestar socorro.

É verdade que “uma pessoa quando se engasga não consegue falar, mas com gestos pode tentar mostrar que está aflita”, sugere. Na visão do médico, é importante pedir socorro, porque, “à partida, é sempre mais eficaz se for alguém a ajudar” e a executar “os procedimentos necessários para fazer a desobstrução da via aérea”.

Contudo, defende o especialista, “se a pessoa está mesmo sozinha, se não há formas recurso a outras pessoas”, e caso se trate de uma obstrução grave, deve proceder-se a uma adaptação da manobra de Heimlich

A manobra original consiste em alguém colocar-se atrás da pessoa em perigo, pôr “a mão na barriga e fazer força para cima e para trás”, explica Miguel Guimarães. Esta pressão torácica permite a libertação “do corpo estranho que está a asfixiar a pessoa”.

No entanto, quando não há ninguém por perto, a pessoa não consegue fazer essa manobra sozinha. “Mas pode-se fazer algo semelhante”, frisa. “Uma das coisas que se ensina muitas vezes é, por exemplo, “debruçar a parte acima do umbigo (o abdómen) na beira das costas de uma cadeira não muito fina, ou de uma mesa”.

PUB

Ao fazer-se pressão com a barriga “simula-se, no fundo, aquilo que é essa manobra de Heimlich”, sustenta.

Em que situações é que o engasgamento é mais frequente e como evitá-las?

Desde logo, realça Miguel Guimarães, situações de engasgamento são “muito frequentes nas crianças”. Porquê? “Muitas vezes, estão a comer alimentos que ainda não conhecem” , daí a importância de “as vigiarmos muito” nesta fase.

Noutro plano, também é frequente que “as pessoas de idade avançada” se engasguem, devido a “alterações neurológicas (provocadas por acidentes vasculares cerebrais, por exemplo)” e “porque têm cada vez menos dentes”, salienta. 

PUB

Quem não tem “uma dentição completa” ou “tem dificuldades dentárias” tem uma maior probabilidade de não conseguir mastigar bem os alimentos. Por isso, é recomendado que “tenham mais cuidado” e “comam mais devagar” de modo a evitar este tipo de situações.

Categorias:

Pneumologia

3 Abr 2023 - 03:07

Partilhar:

PUB