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A pílula engorda? 5 mitos sobre métodos contracetivos
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A pílula engorda? 5 mitos sobre métodos contracetivos

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A primeira pílula anticoncecional foi lançada há mais de 60 anos e simbolizou a libertação das mulheres que, com recurso a este método hormonal, passavam a ter um certo controlo sobre a sua fertilidade e a conseguir minimizar o risco de uma gravidez indesejada. Com o passar do tempo e a evolução da ciência, estes medicamentos foram melhorados e criaram-se novos métodos contracetivos com menos hormonas e menos efeitos adversos. Ainda assim, há mitos sobre a pílula e outros dispositivos anticoncecionais que ainda persistem. 

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Afinal, a pílula engorda? E diminui a fertilidade? É verdade que não existem métodos contracetivos não hormonais? Em entrevista ao Viral, a ginecologista e presidente da Sociedade Portuguesa da Contraceção, Fátima Palma, revela cinco mitos sobre a pílula e outros métodos contracetivos.

1 – A pílula engorda?

No primeiro lugar do pódio dos mitos relacionados com os métodos contracetivos está a ideia de que a pílula engorda, ou seja, provoca um aumento de peso. No entanto, garante Fátima Palma, não há evidência que comprove esta teoria.

“Em termos médicos e em termos científicos, neste momento, está comprovado que este receio de que a pílula faça engordar não tem fundamento”, começa por explicar.

A ginecologista adianta que a ciência já concluiu que, tendencialmente, “as mulheres aumentam de peso ao longo da vida, porque modificam o seu estilo de vida” e, muitas vezes, “isso coincide com a toma da pílula”.

No entanto, continua, “se nós compararmos mulheres que tomam a pílula com mulheres que utilizam outro método contracetivo não hormonal ou com mulheres que não tomam a pílula, a percentagem de aumento de peso é semelhante”. Logo, tal como o Viral verificou anteriormente, “não se pode comprovar que as pílulas de baixa dosagem que se utilizam nos últimos 20 anos façam aumentar o peso”.

2 – A pílula diminui a fertilidade?

Quanto à tese de que quem toma a pílula tem mais dificuldade em ter filhos, a especialista assegura tratar-se de uma ideia falsa, dado que “a pílula só altera a fertilidade enquanto as pessoas a tomam”. Aliás, sublinha, “se não tomarmos a pílula certinha [nos dias e nos horários certos], corremos o risco de engravidar”.

Além disso, acrescenta, “também não está provado que a pílula vá modificar a função do ovário quando se interrompe a toma”, ou seja, “quando paramos de tomar a pílula, os ciclos ficam como seriam antes”. Portanto, “não diminui a fertilidade”.

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Fátima Palma frisa que, “se uma mulher resolver tomar a pílula durante muito tempo e só decidir engravidar depois dos 40 anos, é provável que a sua fertilidade seja menor”. Contudo, conclui, “isso não está relacionado com a pílula, mas sim com a idade”.

3 – A pílula contínua é pior para o organismo do que a pílula com intervalo?

Quando questionada sobre se a pílula de uso contínuo – aquela que é tomada diariamente e sem período de pausa – é mais prejudicial para o organismo, a ginecologista avança que “já se percebeu que a pílula contínua não tem mais efeitos adversos do que fazer a pílula com intervalo”.

Na visão da ginecologista, os preconceitos e mitos sobre esta pílula nascem da ideia de que menstruar é muito importante, “porque isso significa que está tudo bem em termos do aparelho reprodutor”. Ora, sustenta, “isso é verdade quando não fazemos uma modulação hormonal do nosso corpo”, como acontece quando tomamos a pílula.

Por isso, “nada daquilo que se aplica quando uma mulher não toma nada se deve aplicar quando uma mulher toma uma pílula”. Aliás, esclarece a ginecologista, durante a pausa da pílula com intervalo, o que ocorre não é uma menstruação, mas sim uma “hemorragia de privação”.

Na altura em que a pílula foi criada, explica, “era muito importante, em termos sociais, continuar a menstruar”. Por isso, aponta, “criaram-se as pílulas com uma pausa de sete dias, durante os quais ocorre uma hemorragia de privação, para criar a ilusão de que a mulher teria um ciclo menstrual normal”.

Em suma, segundo Palma, as mulheres “podem tomar a pílula contínua” com a mesma segurança que tomam uma pílula com intervalo.

4 – Todos os métodos contracetivos são hormonais?

Apesar de a pílula anticoncecional ser o método mais utilizado pelas portuguesas, “há métodos contracetivos sem hormonas”, garante a ginecologista. 

Exemplos disso são os “dispositivos intrauterinos de cobre (DIU)” e os métodos barreira, como os preservativos. Para mais, completa Fátima Palma, “há dispositivos com uma quantidade mínima de hormonas”.

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Noutro plano, a ginecologista lamenta o preconceito com algum métodos hormonais, lembrando que estes são cada vez mais seguros e têm “benefícios extracontracetivos que podem melhoram muito a qualidade de vida das mulheres”.

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“Por exemplo, uma mulher que tenha hemorragias abundantes pode melhorar muito com a toma de uma pílula ou com a colocação de um dispositivo destes medicados hormonalmente. Isto pode ser o suficiente para não ter de ser operada, para não ter de tirar o útero ou para não ter de tomar diariamente comprimidos para a anemia”, defende Palma.

5 – Os dispositivos podem “perder-se” dentro do corpo e não devem ser usados antes de ter filhos?

Além do receio de uma eventual dor no momento de dispositivos intrauterinos, persiste também o mito de que estes métodos contracetivos se podem “perder” dentro do corpo. Segundo a especialista, “isto tem que ver com uma falsa noção da anatomia e do que acontece no nosso corpo”.

Neste âmbito, é frequente também a ideia de que “as mulheres que ainda não tiveram filhos não devem colocar o dispositivo”. No entanto, conclui, esta afirmação é errada, até porque “hoje já existem dispositivos de vários tamanhos que podem ser utilizados, inclusive, por adolescentes”.

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Gravidez | sexualidade

14 Out 2022 - 10:03

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