Nos últimos anos, têm circulado vários vídeos nas redes sociais que garantem ter a cura natural para a doença coronária. Fala-se de uma massagem que alegadamente desobstrui as artérias de uma forma natural, sem ser preciso qualquer tipo de medicação. No entanto, a ciência não aprova este método, nem reconhece os seus supostos benefícios.

“O exercício que este homem está mostrando curou e salvou milhares de bloqueios cardíacos! Agora, seu vídeo se tornou viral e milhares de pacientes cardíacos estão procurando esse clipe. Portanto, assista a este clipe e tente este exercício. Algumas pessoas alegaram que sua dor nas costas desapareceu em apenas 7 dias”, afirma-se numa das publicações encontradas pelo Viral.

As mesmas imagens foram partilhadas várias vezes, em datas diferentes (ver aqui e aqui), e em línguas distintas. Com a mesma premissa, tem sido partilhado um outro vídeo onde também se garante que há uma cura natural para os bloqueios cardíacos. Com origem no YouTube – onde conta com 57 mil visualizações e quase dois mil gostos – o vídeo intitulado “como desobstruir as artérias ao redor do coração naturalmente”, foi republicado em inúmeras ocasiões (ver aqui e aqui).

Há algum benefício para a saúde em fazer estas “massagens”?

A resposta de Vitor Hugo Pereira, cardiologista, professor da Escola de Medicina da Universidade do Minho e investigador do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS), é clara: “Não traz qualquer tipo de benefício. Não existe nenhuma evidência científica que demonstre que este procedimento possa ser benéfico para as pessoas com doença arterial coronária ou doença cardíaca de um modo geral.”

Quando questionado sobre possíveis efeitos negativos no coração, o especialista garante ao Viral que estas massagens não trazem nem benefícios nem malefícios.

Vitor Hugo Pereira explica que a doença arterial coronária “consiste na acumulação de placas de gordura – também chamadas de placas de aterosclerose – nas artérias do coração que se chamam artérias coronárias. As placas de aterosclerose aumentam o risco de enfarte agudo do miocárdio”.

“Não traz qualquer tipo de benefício. Não existe nenhuma evidência científica que demonstre que este procedimento possa ser benéfico para as pessoas com doença arterial coronária ou doença cardíaca de um modo geral.”

Do ponto de vista do professor da Universidade do Minho, a prevenção é a melhor forma de abordar esta doença. “Os principais fatores de risco são o tabagismo, diabetes, hipertensão arterial e colesterol elevado. Por isso, as melhores estratégias preventivas são: alimentação saudável, exercício físico regular e bom controle de peso corporal”, clarifica.

Se a pessoa tiver alguma das doenças mencionadas pelo cardiologista, é importante que a medicação seja tomada de forma regular “para se promover também um bom controle tensional, bom controle da diabetes e manutenção do colesterol abaixo dos valores de referência para o risco cardiovascular da pessoa”.