Nutrição
Suplementos e vitaminas reduzem o risco de doença cardíaca? Não há qualquer evidência disso
Vitaminas, minerais e suplementos são muitas vezes apontados como formas de prevenir determinadas doenças. Também no caso da saúde cardiovascular, estes métodos aparecem como prevenção de eventos como ataques cardíacos e outros. Mas será que a ciência valida esta relação?
Na verdade, não há evidência científica que comprove que o uso de suplementos e vitaminas tem efeito na prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares. A Associação Americana do Coração tem vindo a investir no estudo desta temática e as conclusões de vários estudos apontam no mesmo sentido: os suplementos e vitaminas não previnem a doença cardíaca.
“Suplementos de vitaminas e minerais não são substituto para uma dieta equilibrada e nutritiva que limita o excesso de calorias, gorduras saturadas, gorduras trans, sódio e colesterol dietético. Esta abordagem dietética tem provado reduzir o risco de doença coronária tanto em pessoas saudáveis como naqueles que têm doença coronária”, afirma a organização, aconselhando os doentes a procurar junto de um nutricionista ou dietista qual o melhor plano a seguir.
A associação avança ainda que, além de uma dieta saudável, os pacientes com doença cardíaca devem “consumir cerca de um grama de ómega-3”, vindo preferencialmente do peixe. Por outro lado, devem afastar-se de uma toma regular de suplementos de antioxidantes e vitaminas – tais como vitamina A, C e E – porque “a evidência científica não sugere que estes posam eliminar a necessidade de reduzir a pressão arterial, baixar o colesterol no sangue e parar de fumar”.
Uma investigação liderada pelo cardiologista Joonseok Kim analisou 18 estudos sobre o consumo de suplementos para a prevenção da doença cardíaca. Nestes estudos estiveram envolvidos dois milhões de participantes oriundos dos Estados Unidos, Japão, França e outros países. A equipa de investigadores chegou à conclusão de que os suplementes e vitaminas não têm qualquer impacto na prevenção de doenças cardíacas, ataques cardíacos, morte por doença cardíaca ou outros eventos cardiovasculares.
Joonseok Kim considera, em entrevista à Associação Americana do Coração, que chegou a hora de parar de investigar esta relação porque as evidências mostram que não existe uma prevenção de doenças crónicas. “Um dos grandes problemas com o uso de multivitaminas é que podem desviar as pessoas de seguirem as medidas provadas que beneficiam a saúde cardiovascular, incluindo comer fruta e vegetais, fazer mais exercício”, explica a investigador da Universidade de Alabama.
Também em 2004, uma análise a vários estudos sobre este tema não tinha encontrado provas: “Coletivamente, para a maior parte, os ensaios clínicos falharam em demonstrar um efeito benéfico dos suplementos antioxidantes na morbidade e mortalidade da doença cardiovascular”.
Concluindo: foram realizados vários estudos para perceber se os suplementos de vitaminas e minerais atuam na prevenção e tratamento da doença cardíaca e as conclusões avançam que não existe qualquer evidência científica que comprove essa relação. A melhor forma de combater os riscos associados à doença cardíaca é através de uma alimentação saudável e seguindo um plano nutricional calculado especialmente para si. Uma dieta equilibrada comprovou ser eficaz na redução do risco de doença cardíaca em indivíduos saudáveis e também em quem já tinha sofrido algum evento cardiovascular.
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