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OMS revela que 31% dos adultos fazem pouco exercício. Conheça 5 riscos do sedentarismo

3 Jul 2024 - 09:44

OMS revela que 31% dos adultos fazem pouco exercício. Conheça 5 riscos do sedentarismo

Um novo estudo realizado por investigadores da Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que 1,8 mil milhões de adultos em todo o mundo (quase um terço da população mundial) não atingiram os níveis recomendados de atividade física em 2022. 

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Segundo os especialistas, se esta “tendência preocupante” continuar, os níveis de inatividade podem aumentar para 35% até 2030. Quais os motivos desta preocupação? Que riscos para a saúde estão associados à falta de prática de atividade física?

Quais os riscos associados à falta de atividade física e ao sedentarismo?

As recomendações da OMS são claras: os adultos devem praticar, no mínimo, 150 minutos de atividade física de intensidade moderada ou 75 minutos de intensidade vigorosa, por semana. 

Segundo a evidência disponível, seguir este conselho “contribui para a prevenção e gestão de doenças não transmissíveis, como as doenças cardiovasculares, o cancro e a diabetes, e reduz os sintomas de depressão e ansiedade, melhora a saúde do cérebro e pode melhorar o bem-estar geral”, salienta a OMS num texto informativo.

Por outro lado, não atingir os níveis recomendados de atividade física pode contribuir para o desenvolvimento de doenças e pôr em causa a qualidade e quantidade de vida. O cenário agrava-se quando à inatividade se juntam comportamentos sedentários, típicos da sociedade atual.

Do ponto de vista de Paulo Santos, especialista em Medicina Geral e Familiar, “existem cada vez mais trabalhos extremamente sedentários”, ou seja, “trabalhamos sentados, não nos deslocamos porque não temos necessidade disso, e passamos muitas horas consecutivas parados na mesma posição”.

Para o professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), o sedentarismo veio agravar as consequências nefastas que a inatividade física já provocava.

Apesar de o exercício físico não prevenir doenças, por si só, faz parte de um conjunto de hábitos que “promove a saúde”.

Paulo Santos assinala cinco riscos associados à inatividade física e ao sedentarismo:

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  • Excesso de peso e obesidade

Segundo o médico, uma pessoa inativa e sedentária tem “um risco acrescido de excesso de peso, obesidade e toda a carga cardiometabólica que está associada a isso” (ver aqui, aqui e aqui).

Esta ideia também é reforçada num texto informativo publicado pelo Serviço Nacional de Saúde britânico (NHS, na sigla inglesa). Segundo a organização, a falta de atividade física é, de facto, um fator muito importante no aumento de peso.

Se uma pessoa não for ativa o suficiente, “não irá usar a energia fornecida pelos alimentos que ingere, e a energia extra consumida será armazenada pelo corpo como gordura”, justifica o NHS.

  • Desenvolvimento de doenças cardiovasculares

As orientações da OMS sobre a atividade física e o comportamento sedentário destacam que a inatividade está associada a “incidência” e “mortalidade por doenças cardiovasculares”, como “doença coronária, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca” (ver também aqui).

Segundo um texto publicado no site da Fundação Portuguesa de Cardiologia, “Portugal faz parte dos países com menores índices de atividade física da Europa, tornando a população portuguesa muito exposta aos riscos das doenças cardiovasculares”.

  • Aumenta risco de alguns cancros

Paulo Santos destaca ainda que os hábitos sedentários e a inatividade física têm um grande impacto no aumento do risco de se desenvolver doença oncológica.

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Aliás, num texto do Instituto Nacional do Cancro dos Estados Unidos (NCI, na sigla inglesa), refere-se que já existe evidência científica que indica que a falta de exercício físico e a adoção de comportamentos sedentários contribuem para o risco de cancro.

Pelo contrário, acrescenta-se, “há fortes indícios de que níveis mais elevados de atividade física estão associados a um menor risco de vários tipos de cancro”, como o cancro da bexiga, da mama, do endométrio, do esófago, do estômago, do rim e colorretal. 

Isto porque “o exercício físico tem muitos efeitos biológicos no organismo”, refere-se. Entre outras coisas, praticar atividade física reduz a inflamação, melhora “a função do sistema imunitário” e tem impacto nos “níveis de hormonas sexuais, como o estrogénio” (um fator importante sobretudo no cancro colorretal e da mama).

  • Compromete a saúde dos ossos

Além de todas as doenças mais graves, a inatividade física também pode pôr em causa a saúde dos ossos. Segundo Paulo Santos, sobretudo nos adultos mais velhos, não praticar exercício físico pode comprometer “o sistema osteoarticular”, contribuindo para o desenvolvimento de “osteoporose e artroses”, por exemplo.

“Ninguém morre por causa de uma artrose do joelho ou na anca, mas estas condições acabam por condicionar muito a qualidade de vida”, frisa o médico.

Como se explica num texto da Royal Osteoporosis Society, uma organização britânica, na infância, “o exercício físico desempenha um papel importante para tornar os nossos ossos maiores e mais fortes”. 

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No entanto, “à medida que envelhecemos, começamos a perder a força dos ossos”. Daí a importância de manter a atividade física à medida que se envelhece. Fazer isso torna os ossos “menos susceptíveis de se partirem”, destaca-se.

  • Permite a progressão de certas doenças e o surgimento de outras

Na perspetiva de Paulo Santos, ser-se ativo é essencial em qualquer altura da vida, mesmo quando se envelhece e mesmo quando se tem uma doença crónica e/ou certas incapacidades (ver também aqui).

O médico dá o exemplo dos idosos: “A maior parte dos idosos que estão nos centros de dia estão sentados a ver televisão o dia todo. O único movimento que fazem é aquela rotação entre a cama-cadeira, cadeira-sala, sala-cadeira, cadeira-mesa, mesa-cama. No fundo, andarão, no máximo, 20 metros por dia”.

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Para o especialista, “isto é um comportamento altamente sedentário” e “um fator de risco enorme para o aparecimento de doenças, sobretudo nas pessoas que já estão fragilizadas e onde a doença já existe”, esclarece.

Assim, na perspetiva de Paulo Santos, o ideal é não só promover-se a atividade física nos idosos e noutras pessoas vulneráveis, mas também combater o sedentarismo.

Contudo, acrescenta, “tem de se ter algum cuidado” quando se tem em conta pessoas com limitações.

Por exemplo, no caso de um doente que já tenha tido um enfarte, um AVC, ou que esteja a tratar um cancro, “faz todo o sentido consultar um profissional de saúde que o oriente nesse sentido” e prescreva exercício físico de uma forma progressiva e “adaptada às suas particularidades”, conclui.

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Exercício Físico

3 Jul 2024 - 09:44

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