Uma queda, uma entorse ou um embate contra uma superfície mais rija pode levar a um inchaço numa zona específica do corpo. Nesses casos, o primeiro instinto passa, muitas vezes, por colocar gelo ou calor sobre a lesão. Mas qual a decisão mais acertada para cada situação?

Deve-se aplicar gelo ou calor sobre uma lesão?

Em declarações ao Viral, fonte oficial da recém-criada Ordem dos Fisioterapeutas começa por explicar que “a alternativa segura é, antes de mais, a procura de um conselho profissional”. Isto porque, segundo esta entidade, “o enquadramento e avaliação próprios de cada caso clínico faz divergir bastante o aconselhamento sobre a necessidade de utilização de gelo”. 

Aliás, “o uso de agentes físicos”, como gelo ou calor,  “deve ser avaliado por um profissional, porque tanto um quanto outro podem ser indicados e/ou contraindicados, em função da situação clínica e da fase de recuperação da lesão”.

Ainda assim, defende a Ordem dos Fisioterapeutas, existe evidência científica suficiente para afirmar que “a utilização de gelo em lesões traumáticas, em especial se for acompanhada de proteção e elevação da área afetada”, é benéfica.

Como atua o gelo? E o calor?

“O gelo atua como agente físico que promove uma vasoconstrição e controlo dos efeitos agudos inflamatórios e de outros efeitos imediatos e colaterais à lesão”, explicam os fisioterapeutas.

Se ficarem “descontrolados”, estes efeitos “poderão prejudicar um processo de reparação tecidular”, avisam.

Por outro lado, “a opção para o uso do calor necessita de critério mais cuidado”, porque “é contraindicado em vários tipos de lesão ou em várias fases de recuperação da lesão”.

O efeito provocado pelo calor é, de modo geral, contrário ao efeito vasoconstritor do gelo. Quer isto dizer que o calor proporciona “o efeito agudo inflamatório ao promover a vasodilatação”. 

Em caso de dúvida sobre que agente físico utilizar, “é sempre menos perigoso a opção por gelo, deixando o calor para conselho de um profissional”, assegura a Ordem dos Fisioterapeutas. 

Em que situações é que o gelo e o calor são aconselhados?

De acordo com o Manual TAS (Tripulante de Ambulância de Socorro) do INEM para “Emergências Trauma”, “os traumatismos das extremidades e dos tecidos moles” são frequentes.

Na presença de “hematomas” (nódoas negras) ou “equimoses” (inchaço), como atuação imediata, deve-se “fazer aplicações frias sobre o local, para diminuir o edema, a hemorragia e a dor”. 

Além disso, “os hematomas encontram-se muitas vezes associados a fraturas, pelo que ambas as situações beneficiam da imobilização da área afetada. Esta imobilização evita o agravamento do hematoma e estabiliza a fratura”, lê-se no mesmo documento.

Posteriormente, no momento de reabilitação das lesões, será feito um plano destinado a reconstruir a força e a amplitude de movimento da parte do corpo lesionada, e a aliviar qualquer dor residual.

Além de serem prescritos exercícios de reabilitação, o médico também poderá prescrever o tratamento da “área lesionada com frio, calor, ultrassom, terapia aquática, ou massagem”. 

De qualquer forma, é recomendada “a avaliação do processo caso a caso”, lembra a Ordem dos Fisioterapeutas, sendo que a decisão de utilizar gelo ou de aplicar calor poderá estar mais relacionada “não com o tipo de lesão, mas sim com as fases de recuperação em que a mesma se encontra”.

Em suma, existe evidência científica que a aplicação de gelo após o sofrimento de uma lesão pode ser benéfica. Por outro lado, também há vantagens em utilizar calor no tratamento. Contudo, em caso de lesão, o doente deve aconselhar-se sempre com um profissional de saúde para obter um diagnóstico e um tratamento individualizado.