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O seu filho vê bem? 5 sinais de alerta para ir ao oftalmologista

A criança coça muito os olhos? Aproxima-se demasiado de objetos? Então pode estar na hora de marcar consulta com um oftalmologista pediátrico. Cerca de 20% dos jovens em idade escolar apresenta problemas de visão que podem comprometer o desempenho académico.

17 Out 2023 - 10:40

O seu filho vê bem? 5 sinais de alerta para ir ao oftalmologista

A criança coça muito os olhos? Aproxima-se demasiado de objetos? Então pode estar na hora de marcar consulta com um oftalmologista pediátrico. Cerca de 20% dos jovens em idade escolar apresenta problemas de visão que podem comprometer o desempenho académico.

As primeiras semanas do regresso às aulas costumam ser de ajuste de rotinas, sobretudo para quem entra no primeiro ano de escolaridade. A frase serve tanto para os pais como para os filhos, que têm de se adaptar aos novos hábitos.

E, se qualquer altura é boa para prestar atenção à saúde ocular, é, precisamente, quando os mais novos entram para a escola que a manifestação de alguns comportamentos começa a ser mais evidente, sobretudo quando já estão integrados no meio escolar e os pais e os professores começam a reparar como a criança está a interagir no meio escolar.

É necessário estar atento à forma como os mais pequenos encaram algumas tarefas ou reagem perante determinados estímulos, porque a presença de determinados sinais pode significar que está na hora de fazer uma visita ao oftalmologista pediátrico para prevenir problemas futuros que possam comprometer a aprendizagem. 

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Até porque, tal como revela Filipa Caiado de Sousa, oftalmologista pediátrica no Centro Hospitalar e Universitário do Porto e membro da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, em declarações ao Viral, “estima-se que cerca de 20% das crianças em idade escolar tem algum problema de visão que pode interferir no desempenho escolar”.

A especialista em Oftalmologia pediátrica e estrabismo identifica os comportamentos a que pais, educadores e professores devem estar atentos e avança com possíveis formas de diminuir o risco do surgimento de problemas oculares nas crianças. 

Quais os sinais a que deve estar atento? Quando levar a criança ao oftalmologista?

Por vezes, as crianças mais novas não conseguem explicar as dificuldades que sentem na rotina escolar e muito menos como estas estão a influenciar a aprendizagem na sala de aula. 

Nessa medida, é importante que os pais e os educadores estejam atentos a alguns comportamentos que podem indicar problemas de visão. 

Aliás, a oftalmologista consultada pelo Viral refere que, “muitas vezes, até são os professores, pela experiência [em sala de aula], os primeiros a identificar as dificuldades da criança e a sinalizar aos pais”.

Assim sendo, Filipa Caiado de Sousa enumera os cinco principais sinais de que é necessário levar a criança a um oftalmologista pediátrico:

  1. Aproximar-se demasiado de objetos;
  2. Demonstrar alguma dificuldade na leitura, ficar cansado facilmente com os trabalhos ou dispersar-se e não conseguir estar muito tempo a cumprir tarefas;
  3. Fechar um dos olhos muito frequentemente para realizar algum tipo de esforço visual;
  4. Semicerrar os dois olhos para conseguir ver alguma coisa ao longe;
  5. Ter os olhos vermelhos ou coçar frequentemente os olhos.

“Depois, para além destes cinco principais [comportamentos de alerta], existem mais sinais que a criança pode apresentar como indicativos de problemas de visão, nomeadamente ter os olhos frequentemente lacrimejantes, pestanejar muito, queixar-se de dores de cabeça ou adaptar uma posição anómala da cabeça”, acrescenta a especialista.

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Que problemas de visão estão por trás destes comportamentos?

Na base destes comportamentos estão problemas de visão que, se não forem diagnosticados e apropriadamente acompanhados, podem comprometer a capacidade de aprendizagem no meio escolar e, no futuro, colocar mesmo em risco a qualidade da visão. 

“Os problemas mais frequentes são aquilo a que chamamos erros refrativos que afetam a nitidez na imagem e que se traduzem na necessidade de óculos”, explica a oftalmologista pediatra. 

Neste grupo, encontram-se a miopia, que se traduz por uma dificuldade em ver ao longe, o astigmatismo, caracterizado por uma visão distorcida em resultado de uma curvatura desigual da córnea, e a hipermetropia, que implica um esforço aumentado por dificuldade em ver, sobretudo, ao perto.

Outra situação que pode estar na origem de dificuldades de visão é o chamado “olho preguiçoso, que denominamos de ambliopia, no qual verificamos que um dos olhos vê menos do que o outro e é uma situação frequente nas crianças”, explica a oftalmologista pediátrica.

Outra das condições diagnosticada com frequência em idade escolar é o estrabismo, “no qual existe uma alteração do alinhamento dos olhos que pode prejudicar a visão da criança”, acrescenta.

Qual o prognóstico destes problemas oculares?

Sobre a abordagem escolhida para corrigir os erros refrativos, o habitual é a criança ter necessidade de usar óculos, mas, assegura a especialista, “tendo a correção ótica necessária não ficam com nenhum problema de visão para a vida, porque acabam por ter uma visão ótima com os óculos”.

“Porém, se existir alguma assimetria, ou seja, se um olho necessitar de mais graduação do que outro, essa situação pode levar a que um olho se torne preguiçoso e, se isso não for detetado precocemente e devidamente corrigido, corre-se o risco de ter uma redução da visão para a vida”, acrescenta Filipa Caiado de Sousa.

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Também o estrabismo, “se não for tratado atempadamente, pode resultar em consequências irreversíveis ao nível do olho que cruza, que acabará por ter uma visão mais reduzida desse lado e ter uma perturbação da visão a três dimensões”.

Posto isto, a oftalmologista pediátrica deixa um alerta: “A deteção precoce destas situações é fundamental para que estas não tenham consequências permanentes na visão”.

É possível prevenir os problemas de visão nas crianças?

Tal como acontece em várias condições de saúde, existem algumas medidas que ajudam a diminuir o risco de surgirem problemas de visão dos mais novos.

Filipa Caiado de Sousa aponta sobretudo à necessidade de alteração de alguns fatores comportamentais que estão a tomar conta do dia a dia das crianças e comprometem a saúde visual dos mais novos. 

“É de evitar o tempo prolongado de exposição a ecrãs e, se estiverem expostas a ecrãs, devem fazer pausas ao fim de 20 minutos e preferir ecrãs que fiquem a uma distância superior a um baço”, aconselha Filipa Caiado de Sousa. 

Assim sendo, ver televisão é preferível a usar telemóveis ou tablets, já que estes podem, eventualmente, estar mais associados ao início da necessidade de óculos e também a alterações de desenvolvimento, embora a evidência científica ainda careça de alguma robustez para esta associação. 

Ainda assim, publicações de optometristas (como esta e esta) alertam para os perigos do uso dos ecrãs portáteis e estudos (como este) corroboram os perigos do uso excessivo de ecrãs para o desenvolvimento físico e psicológico dos jovens. 

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Filipa Caiado de Sousa recomenda também “aumentar a exposição à luz natural com atividades ao ar livre, se possível mais de duas horas por dia”, pois, como apontou este estudo, “há evidências sólidas de que a exposição à luz mais forte pode reduzir o risco de miopia”, lê-se no trabalho, que também aponta a necessidade da realização de mais estudos para obter conclusões mais robustas.

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Oftalmologia

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Oftalmologia | visão

17 Out 2023 - 10:40

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