Defende-se em várias publicações partilhadas nas redes sociais que cozinhar em panelas de alumínio aumenta o risco de desenvolver doença de Alzheimer.

Num vídeo publicado no TikTok, por exemplo, diz-se que “está provado” que uma pessoa que cozinhe numa panela de alumínio, durante “a vida inteira”, vai “absorver alumínio” e “desenvolver Alzheimer”. Mas será mesmo assim?

É verdade que cozinhar em panelas de alumínio causa Alzheimer?

Em declarações ao Viral, a neurologista Cristina Duque adianta que “não há evidência que permita afirmar” que cozinhar em panelas de alumínio provoca Alzheimer.

A especialista começa por explicar que há alguns estudos laboratoriais em animais que sugerem que “o alumínio pode predispor a desenvolver esses processos tipo Alzheimer”. No entanto, as conclusões dos trabalhos feitos com animais não devem ser extrapoladas para humanos.

Além disso, tal como se explica num texto informativo publicado no site da organização britânica Alzheimer’s Society, “é importante notar que estes resultados só foram observados com exposições extremamente elevadas que excedem em muito os níveis que podem entrar no corpo através dos alimentos ou potencialmente através do contacto com panelas de alumínio”.

Também no site da organização norte-americana Alzheimer’s Association se esclarece que a ideia de que “beber de latas de alumínio ou cozinhar em tachos e panelas de alumínio pode levar à doença de Alzheimer” é um mito.

Num texto dedicado a desmontar esta e outras crenças erradas, a Alzheimer’s Association explica que, “durante as décadas de 1960 e 1970, o alumínio surgiu como um possível suspeito da doença de Alzheimer”.

Contudo, desde então, “os estudos não conseguiram confirmar qualquer papel do alumínio na causa da doença de Alzheimer”.

“Atualmente, os especialistas concentram-se noutras áreas de investigação e poucos acreditam que as fontes diárias de alumínio representem qualquer ameaça”, adianta a organização.

Cristina Duque avança ainda que “também se encontrou vestígios de alumínio nas placas de amilóide cerebral nos doentes com Alzheimer”, mas a especialista vinca que “isso pode ser, perfeitamente, um epifenómeno e não uma causa de Alzheimer”.

Quanto às panelas de alumínio, a neurologista reitera que não há provas de que, ao utilizar estes utensílios, haja passagem de uma “quantidade significativa” de alumínio para os alimentos ao ponto de provocar doença de Alzheimer.

“O alumínio é um metal tóxico, como tantos outros. Portanto, temos de limitar a sua ingestão. Mas não há nada nas panelas de alumínio que nos diga que não as podemos usar”, reforça.

Cuidados a ter ao escolher ou utilizar uma panela de alumínio

Em declarações ao Viral, Fátima Poças, professora da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica, adianta que “todos os materiais têm os seus perigos e os seus riscos e há regras para os tornar seguros”.

Por isso, na hora de escolher ou de utilizar uma panela de alumínio ou qualquer outro utensílio que vá entrar em contacto com alimentos, há alguns cuidados a ter.

O principal passa por escolher utensílios que estejam certificados, contendo o sinal de material seguro para alimentos (o símbolo do copo e do garfo).

Nos materiais plásticos, este sinal “é posto no próprio artigo”, mas “nos artigos de metal, normalmente, está na etiqueta”, aponta a especialista.

Além disso, acrescenta a investigadora, os consumidores devem utilizar as panelas seguindo as indicações e “as regras que são colocadas na embalagem ou na etiqueta”.

Para evitar a migração de alumínio para os alimentos, Fátima Poças recomenda não utilizar alimentos ácidos, “como limão ou vinagre”, nas panelas feitas com este material.

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