A ideia de que beber água ou outros líquidos em recipientes de cobre tem benefícios para a saúde e para a perda de peso tem sido defendida nas redes sociais. 

Segundo um post partilhado no Facebook, supostamente, “o cobre desinfeta-se a cada 8 horas” e “é tóxico para bactérias, fungos e outros microrganismos”. Por isso, alega-se, “o cobre é muito saudável para os seres humanos”. 

Nestas publicações defende-se que esta prática “ajuda a perder peso”, “reduz o risco de cancro”, “impulsiona a saúde cardiovascular” e “regula a função cerebral”. Mas é verdade que ingerir líquidos em recipientes de cobre previne doenças e ajuda a perder peso?

Ingerir bebidas em recipientes de cobre tem efeitos benéficos para a saúde?

“Desde há uns anos que se tem vindo a falar sobre a prática de armazenar água em recipientes de cobre”, começa por adiantar a endocrinologista Joana Menezes Nunes, em declarações ao Viral.

“Muitos defendem que esta prática pode trazer vários benefícios, como perda de peso, anti-envelhecimento, sistema imune robusto e melhoria da performance cardíaca e cerebral”, acrescenta.

No entanto, esclarece, esta ideia não passa de um “mito”. 

“O cobre é um oligoelemento essencial para várias funções nobres e vitais do organismo (assim como muitos outros)”, sendo “necessário apenas em quantidades mínimas”, sustenta a especialista.

De facto, continua, o cobre “desempenha um papel essencial em várias funções e reações do organismo, como a produção de energia, o tecido conjuntivo, a sinalização neuronal, o desenvolvimento cerebral e do tecido cardíaco, o sistema imunitário e a angiogenese (formação de novos vasos sanguíneos)”.

Contudo, “sozinho não tem capacidade para tal”, pois estes benefícios são proporcionados pela “parte de reações biológicas do organismo”. “Por si, não promove o que lhe pretendem aclamar”, reforça.

Noutro plano, informa Joana Menezes Nunes, o cobre “tem propriedades antibacterianas cientificamente demonstradas”.

Por isso, a “água armazenada em recipientes de cobre, como jarras ou potes, pode ser muito interessante para países sem água potável, pelo efeito antibacteriano”. 

Como refere a endocrinologista, “dois mil milhões de pessoas no mundo não têm acesso a água potável” e a água que ingerem “pode estar contaminada com várias bactérias como Vibrio cholerae, Escherichia coli, Salmonella typhimurium e Shigella flexneri, que causam diarreias – uma das grandes causas de morte nos países em desenvolvimento”. 

Assim, “armazenar a água em recipientes de cobre pode ser benéfico, pois está demonstrado que as pode matar”, sendo que “o tempo necessário de armazenamento varia de artigo para artigo, indo de 12 horas (durante a noite) até 16-24 horas, ou mesmo 48 horas” (ver aqui, aqui e aqui)

Ainda assim, lembra a especialista, “a ingestão de água armazenada em cobre, por si só, não promove os efeitos benéficos referidos” na publicação.

Quais os riscos da exposição excessiva ao cobre?

Num texto informativo dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos da América (CDC), escreve-se que “é essencial que as pessoas ingiram pequenas quantidades de cobre, todos os dias, nos alimentos e na água”.

No entanto, Joana Menezes Nunes considera que é importante perceber que “a ingestão de cobre em excesso pode causar toxicidade grave”, caracterizada por “náusea, vómitos, dores abdominais e diarreia”.

Além disso, referem os CDC, “a ingestão de quantidades de cobre superiores às recomendadas, todos os dias, ao longo do tempo, como na água ou em suplementos de cobre, pode levar a doenças graves, como lesões renais e hepáticas”.

Por esse motivo, “a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda, no máximo 0,47 mg de cobre por copo de água (2 mg por litro de água)”, sendo que “o máximo tolerável de 10 mg/ dia não deve ser excedido”, sustenta Joana Menezes Nunes.

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Este artigo foi desenvolvido no âmbito do European Media and Information Fund, uma iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian e do European University Institute.

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