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As vacinas de mRNA provocam coágulos sanguíneos? Não é verdade

1 Fev 2022 - 10:00

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As vacinas de mRNA provocam coágulos sanguíneos? Não é verdade

Os relatos surgiram em março: vários países decidiam suspender a vacina da AstraZeneca devido ao registo de casos de coágulos sanguíneos e tromboses. Em Portugal, a vacina chegou a ser suspensa até que a Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla inglesa) divulgasse um novo parecer sobre a vacina. O regulador europeu considerou a vacina segura e esta voltou a ser administrada.

É importante explicar que a vacina da AstraZeneca é produzida através de um adenovírus que contém a informação genética do SARS-CoV-2. Existem também as vacinas de RNA mensageiro (mRNA) – produzidas pela Pfizer e pela Moderna – que ativam o sistema imunológico através de uma cadeia do código genético do novo coronavírus. Apesar de serem diferentes métodos, as dúvidas dos cidadãos acabaram por chegar também às vacinas de mRNA: será que provocam coágulos?

A EMA anunciou, em maio de 2021, que não existe um problema relacionado com as vacinas. “A evidência atual não sugere uma relação causal” entre a administração das vacinas da Moderna (uma das farmacêuticas que produz vacinas de mRNA) e a formação de coágulos sanguíneos. Afirma ainda que os casos de coágulos identificados em pacientes que tinham recebido a vacina aparentam ser inferiores aos verificados nos que não receberam.

Também o Centro norte-americano de Controlo e Prevenção da Doença (CDC, na sigla inglesa) não identificou a existência de uma ligação entre a toma das vacinas de mRNA e o aparecimento de coágulos.

Um estudo publicado em junho de 2021, realizado na Escócia, analisou dados de perto um milhão de pessoas que tinham recebido a vacina da Moderna. Entre os 0,82 milhões de pacientes analisados, não foi encontrada uma associação entre a vacina e o aparecimento de coágulos nos primeiros 28 dias depois da administração.

Os investigadores encontraram uma possível ligação entre a administração de vacinas da AstraZeneca e da Johnson&Johnson e o aparecimento de coágulos. Estas duas farmacêuticas não produzem vacinas com mRNA, utilizando, em vez disso, um adenovírus. O aparecimento de coágulos é uma situação muito rara que afeta, principalmente, as mulheres com menos de 60 anos. Por essa razão, a Direção-Geral de Saúde alterou a recomendação da vacinação, deixando de ser administradas estas duas vacinas ao grupo de identificado como de maior risco.

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O aparecimento de coágulos pode estar relacionado com um conjunto de fatores, entre os quais a idade avançada (acima dos 65 anos), a gravidez, o estilo de vida – se fumar ou estiver muito tempo parado em pé, por exemplo – ou a toma de alguns medicamentos – tais como algumas pílulas contracetivas. A própria infeção de Covid-19 pode estar na origem do aparecimento de coágulos sanguíneos.

Os especialistas do “Meedan Digital Health Hub“, uma plataforma de investigação que combate a desinformação na área da saúde, avançam que os coágulos podem estar ligados a várias condições médicas que necessitam de tratamento urgente: “Coágulos que impeçam o sangue de chegar ao cérebro podem levar a um AVC. Coágulos que impeçam o sangue de circular até ao coração pode causar um ataque cardíaco. Coágulos nos pulmões pode causar problemas respiratórios e coágulos nas pernas podem causar inchaço e dores. Se alguém tem um coágulo sanguíneo a bloquear um vaso sanguíneo, é necessário tratamento médico urgente.”

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Em conclusão, a EMA não identificou qualquer relação causal entre a administração de vacinas de mRNA e o aparecimento de coágulos sanguíneos. Foi identificada, no entanto, uma ligação entre a administração das vacinas da AstraZeneca e da Johnson&Johnson, que são produzidas utilizando um adenovírus, e o surgimento de coágulos. No entanto, são situações muito raras.

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1 Fev 2022 - 10:00

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