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O exercício físico faz emagrecer? Se for acompanhado de dieta alimentar, sim. Caso contrário nem por isso

Será que tem mesmo de dar corda aos sapatos se quiser perder peso? Se calhar a resposta imediata é capaz de não ser a mais correta.

12 Dez 2021 - 12:16

O exercício físico faz emagrecer? Se for acompanhado de dieta alimentar, sim. Caso contrário nem por isso

Será que tem mesmo de dar corda aos sapatos se quiser perder peso? Se calhar a resposta imediata é capaz de não ser a mais correta.

Colocada a pergunta desta forma simplista, a resposta é sim. Praticar exercício ajuda a emagrecer. A questão é que, na verdade, só e apenas o exercício físico nada fará pela diminuição de peso se não for acompanhado de outras alterações de estilo de vida.

Mas vamos à evidência. Em 2017 foi divulgada uma revisão sobre estudos publicados relativamente a esta temática no jornal Diabetes Spectrum. O observado é que a evidência publicada até então conclui que a premissa de que “o exercício contribui significativamente para a perda e manutenção de peso não está firmemente estabelecida”. Ainda assim, é referido nas conclusões que “a prática consistente de exercícios de duração superior às recomendações básicas para a saúde (150 min/semana de exercícios de intensidade moderada) parece ter maior probabilidade de contribuir para a perda de peso e os esforços de manutenção do peso em longo prazo”.

Em 2017 foi divulgada uma revisão sobre estudos publicados relativamente a esta temática no jornal Diabetes Spectrum. O observado é que a evidência publicada até então conclui que a premissa de que “o exercício contribui significativamente para a perda e manutenção de peso não está firmemente estabelecida”.

A questão é que existe um conjunto de variáveis – como o sexo, o tipo de exercício, o peso à partida – que pode influenciar a quantidade de quilos perdidos. Mas, sobretudo, a grande variável que condiciona os resultados é a ingestão de calorias. Afinal, para perder peso é fundamental que ocorra o chamado défice calórico, ou seja, que a pessoa consiga gastar mais calorias do que as que consome. Como explica o Centres for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos da América, a maior parte da perda de peso ocorre com a diminuição da ingestão de calorias, mas essa estratégia pode ter um ajuda com a prática de exercício físico. Para perder peso, é necessária “uma grande quantidade de atividade física”, mais do que os 150 minutos semanais aconselhados para manter o peso,  e um ajuste na dieta alimentar que reduza a quantidade de calorias que são ingeridas e bebidas.

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Aliás, outra revisão da evidência publicada concluiu que “o foco de uma intervenção para perda de peso deve ser a redução da ingestão de energia e não apenas o gasto de energia induzido pelo exercício”. Ainda assim, esta investigação, publicada no American Journal of Clinical Nutrition  reconhece que “a perda de peso induzida pela restrição de energia permitirá aumentar o movimento corporal posteriormente” e que “o exercício demonstrou prevenir a recuperação após a perda de peso”.

O que tem sido comprovado ao longo do tempo com vários estudos são os benefícios para a saúde do exercício físico, mesmo que não exista perda de peso. Segundo o CDC, o exercício é benéfico para reduzir a pressão arterial elevada, reduzir o disco de diabetes tipo 2, o risco de ataque cardíaco, de AVC e de diversas formas de cancro, assim como reduz o risco de osteoporose e da incapacidade associada a algumas doenças reumáticas.

A estas mesmas conclusões chegou um estudo que pesquisou na maior base de dados americana sobre perda de peso, o National Weight Control Regestry. Esta investigação, publicada no American Journal of Preventive Medicine  verificou os dados recolhidos durante 10 anos sobre a perda de peso de 2886 americanos e concluiu que os que tiveram menos sucesso em manter o peso perdido nesse periodo foram os que diminuíram a atividade física, não mantiveram a dieta alimentar mais restritiva e não mantiveram o hábito de se pesarem regularmente.

Apesar de terem verificado que a maioria dos americanos mantiveram o peso perdido, os investigadores verificaram que a longo-prazo, o sucesso “requer uma alteração de comportamento sustentada”.

O que tem sido comprovado ao longo do tempo com vários estudos são os benefícios para a saúde do exercício físico, mesmo que não exista perda de peso. Segundo o CDC, o exercício é benéfico para reduzir a pressão arterial elevada, reduzir o disco de diabetes tipo 2, o risco de ataque cardíaco, de AVC e de diversas formas de cancro, assim como reduz o risco de osteoporose e da incapacidade associada a algumas doenças reumáticas. Além disso, é dos melhores aliados para melhorar os sintomas associados à ansiedade e à depressão.

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Em resumo, não é totalmente preciso dizer que praticar desporto emagrece. Só acontece se a prática estiver incorporada numa estratégia que conjugue uma alimentação equilibrada, que aposte no défice calórico, e na monitorização regular do peso pode ajudar a perder os quilos que estão a mais. Por si só não está provado cientificamente que seja eficaz para perder os quilos que estão a mais.

12 Dez 2021 - 12:16

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