PUB

Quanto mais proteína melhor? Quais os limites seguros?

O consumo de alimentos ricos em proteína é fundamental para o ser humano. Mas as dietas hiperproteicas são para todos? Quais os limites seguros?

15 Nov 2022 - 08:00

Quanto mais proteína melhor? Quais os limites seguros?

O consumo de alimentos ricos em proteína é fundamental para o ser humano. Mas as dietas hiperproteicas são para todos? Quais os limites seguros?

O consumo de proteína, seja de origem animal ou vegetal, é de extrema importância para o correto funcionamento do organismo. Além do fornecimento de nutrientes fundamentais, a proteína acaba por ter funções importantes no ser humano, como a produção de enzimas, anticorpos e hormonas – não esquecendo, claro, a sua função energética. Mas será que o consumo de proteína em excesso é inofensivo para a nossa saúde? Quais os limites seguros?

Quanto mais proteína houver numa dieta melhor?

Questionada pelo Viral sobre o tema, Catarina Custódio, nutricionista do Sporting Clube de Portugal, argumenta que “a evidência [científica] atual diz que, para um indivíduo que não apresente uma doença renal, uma alimentação mais hiperproteica, isto é, com uma quantidade superior de proteína ao que é recomendado – 0,8g por quilo de peso corporal, de acordo com o que vem nas guidelines –, acaba por apresentar mais benefícios do que malefícios”.

PUB

Segundo a nutricionista, “este valor de 0,8g/kg é, na realidade, uma recomendação para suprimir as funções básicas”, referindo “que, para otimizar o aumento ou manutenção de massa muscular e o aumento de força, parece ser interessante um valor superior, de pelo menos 1,2g/kg, sendo que, para a maioria das pessoas, um intervalo entre 1,6 g/kg e 2,2g/kg parece ser o ideal”.

A nutricionista aponta, contudo, que estudos demonstram que, “a partir de 2,5g por quilo de peso, uma ingestão proteica acaba por não trazer qualquer tipo de benefício”. Ou seja, havendo uma ingestão excessiva de proteína, parte dela acaba por ser degradada e excretada”. Outra, tem uma função energética, e, “sendo em excesso”, sublinha Catarina Custódio, poderá “contribuir para um aumento de massa gorda”.

A especialista nota, porém, que “alguns estudos indicam que uma quantidade elevada de proteína poderá ter efeitos ao nível da microbiota”, gerando a presença de hormonas de saciabilidade intestinal, como corrobora o artigo Controversies Surrounding High-Protein Diet Intake: Satiating Effect and Kidney and Bone Health, que nota igualmente que “as refeições e os alimentos ricos em proteínas têm um efeito saciante maior do que as refeições com elevado teor de hidratos de carbono ou de gorduras”.

Proteína e lesões hepáticas

Para a nutricionista, importa ainda clarificar que o consumo de proteínas “não tem relação com o risco de condições hepáticas ou renais”, desde que o indivíduo seja saudável. A mesma informação é veiculada no estudo acima citado, sustentando que, “embora seja bem aceite que uma dieta rica em proteínas pode ser prejudicial para indivíduos com disfunção renal existente, há poucas provas de que a ingestão elevada de proteínas seja perigosa para indivíduos saudáveis”.

“Embora se acredite que não há risco de efeitos adversos quando pessoas saudáveis consomem dietas com elevado teor de proteínas”, lê-se no mesmo estudo, tem de ser tido em conta a falta de estudos a longo-prazo sobre a ingestão de um alto teor de proteínas na saúde humana.

PUB

Catarina Custódio acrescenta também que “o  consumo [em excesso] de proteína animal acaba por poder trazer alguma gordura saturada associada”.

Em suma, Catarina Custódio socorre-se de evidência científica para afirmar que “nas doses testadas [de consumo de proteínas], não houve efeitos a níveis de danos renais” e que “até 2,5g por quilo de peso é benéfico para a maior parte dos indivíduos que não tenham alguma doença renal já pré-existente”.

PUB

O mesmo nos diz o artigo Do Regular High Protein Diets Have Potential Health Risks on Kidney Function in Athletes?, concluindo que “parece que a ingestão de proteínas abaixo de 2,8g/kg não prejudica a função renal em atletas bem treinados, como indicado pelas medidas de função renal utilizadas” nesse estudo.

Categorias:

Alimentação

15 Nov 2022 - 08:00

Partilhar:

PUB