

Chá de casca de tangerina reduz o colesterol?
Alega-se no Facebook que o chá de casca de tangerina ajuda a reduzir o colesterol devido à sua suposta “capacidade de limpar gordura nas artérias”.
O autor do vídeo, que se diz especialista em medicina chinesa, explica que para fazer esta infusão deve-se colocar as cascas desidratadas em água a ferver e deixar o preparado repousar por três minutos. Depois, acrescenta, basta coar e beber o chá, sem adicionar açúcar. No mesmo vídeo recomenda-se que as pessoas com colesterol bebam três chávenas desta infusão por dia.
O autor garante que as pessoas que ingeriram “270 miligramas do chá de casca de tangerina” durante quatro semanas reduziram 20% do colesterol. No total, participaram no estudo apresentado pelo autor apenas 11 pessoas. Mas há evidência científica que prove que o chá de casca de tangerina reduz o colesterol?
É verdade que o chá de casca de tangerina reduz o colesterol?
Em declarações ao Viral, o cardiologista José Pedro Sousa, do Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil e membro da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, refere que a evidência científica que sustenta a alegação que circula no Facebook é “ínfima, para não dizer inexistente”.
O que existe, esclarece o médico, é um conjunto de estudos, que são “escassos”, de incidência laboratorial ou animal e, por isso, não de âmbito clínico ou populacional, a “postular que elevadas doses de formulações altamente purificadas” de compostos presentes na casca da tangerina têm, “potencialmente, efeitos biológicos de interesse”.
Para José Pedro Sousa, é importante que as pessoas se “afastem de declarações simplistas, mas triunfantes e apelativas” e se foquem na “realidade” da investigação científica na área das doenças cardiovasculares.
Apesar de afastar a ideia de que este chá reduz o colesterol, o cardiologista refere que as tangerinas são frutos e, como tal, são ricas em “água, vitaminas e potássio”. Isto é, são elementos “constituintes de uma alimentação saudável” e, por isso, o seu consumo deve ser “encorajado”.
O que é o colesterol?
O colesterol é um “composto orgânico seroso” que não é “inerentemente mau”. Pelo contrário, até é “indispensável à vida”. É utilizado pelo organismo para dar fluidez às membranas celulares e para a síntese de determinadas vitaminas e hormonas, explica o médico do Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil.
A Fundação Portuguesa de Cardiologia diz num artigo que, apesar de ser vista como uma gordura prejudicial, o colesterol só “ameaça a saúde” se os níveis forem elevados. Em níveis aceitáveis, é uma “substância essencial e benéfica”.
O colesterol tem duas origens diferentes: uma – a principal – tem que ver com a “sua síntese intrínseca, endógena, pelo fígado”, e a outra está relacionada com a dieta.
Há o LDL, conhecido como “mau colesterol”, que pode “associar-se a outras substâncias e células circulantes e depositar-se nas artérias do organismo”, sobretudo nas que se dirigem ao coração e ao cérebro, e o HDL, o chamado “bom colesterol”, que encaminha o colesterol para o fígado para ser eliminado.
O LDL é, por isso, “subjacente à maioria” dos enfartes agudos do miocárdio e a uma “considerável” proporção dos acidentes vasculares cerebrais, acrescenta o médico consultado pelo Viral.
A “deposição aterosclerótica”, especifica o especialista, ocorre quando os níveis sanguíneos de colesterol mau sobem acima de um determinado limiar.
O processo inflamatório “tende a aumentar” a deposição de mais colesterol e mais substâncias circulantes no local, acrescenta a Fundação Portuguesa de Cardiologia.
Na prática, a formação da “placa aterosclerótica” aumenta a rigidez dos vasos sanguíneos, “dificultando a circulação sanguínea” e fazendo com que o coração precise de “maior esforço para que o sangue chegue aos tecidos”.
Se obstruir totalmente os vasos sanguíneos, pode provocar “derrames, rompimento dos vasos sanguíneos ou a formação de trombos”.
De acordo com a Fundação Portuguesa de Cardiologia, o consumo de gordura saturada, presente, por exemplo, em alimentos como carne, chouriço, laticínios e produtos de pastelaria, e de gordura trans é um dos “principais responsáveis” pelo aumento dos níveis de colesterol.
Nesse sentido, o cardiologista José Pedro Sousa alerta que é importante manter a concentração do dito mau colesterol no sangue “circunscrita à gama da normalidade”.
Como? Por um lado, através de medidas farmacológicas, como hábitos de vida “regrados” com uma alimentação saudável e prática regular de atividade física. Por outro, as “mais eficazes”, com medidas farmacológicas, “servindo as estatinas, como atorvastatina, rosuvastatina, pitavastatina, pravastatina”.
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