Surto de hepatite A. 5 perguntas e respostas sobre a infeção
A Direção-Geral da Saúde (DGS) informou esta terça-feira que existe um surto de hepatite A em Portugal, depois de terem sido identificados 23 casos entre 1 de janeiro e 5 de março deste ano.
Num comunicado publicado no site da DGS, adianta-se que, “embora ainda esteja a decorrer a investigação epidemiológica, verifica-se um aumento do número de casos reportados em janeiro e fevereiro de 2024, em comparação com igual período de anos anteriores”.
Segundo a mesma fonte, até à data, “não parece haver associação com o eventual consumo de alimentos específicos, nomeadamente morangos, tendo em conta o alerta de segurança alimentar da Europa sobre a deteção e pré-venda, em Espanha, de lotes de morangos contaminados com vírus de Hepatite A oriundos de Marrocos, país endémico de Hepatite A”.
Mas, afinal, o que é a hepatite A? Como se transmite o vírus responsável pela doença? Como prevenir e tratar? Eis cinco perguntas e respostas sobre a hepatite A.
O que é a hepatite A e como se transmite o vírus?
A hepatite A é “uma inflamação do fígado causada pelo vírus da hepatite A (VHA)”, lê-se num texto informativo publicado no site da Organização Mundial da Saúde (OMS).
No mesmo texto explica-se que este vírus se transmite, sobretudo, “quando uma pessoa não infetada (e não vacinada) ingere alimentos ou água contaminados com as fezes de uma pessoa infetada”.
Neste plano, aponta-se, “a doença está estreitamente associada a água ou alimentos não seguros, saneamento inadequado, má higiene pessoal e sexo oral-anal”.
Quais os sintomas da doença?
Febre, mal-estar, náuseas, vómitos e dor abdominal são alguns dos sintomas da hepatite A elencados pela Direção Geral da Saúde num texto informativo publicado no site do SNS 24.
Na mesma página referem-se ainda outros sintomas, tais como: “falta de apetite, fadiga, urina escura, fezes esbranquiçadas e icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos)”.
“A frequência de sintomas depende, em regra, da idade do doente. A infeção geralmente é assintomática em idades inferiores a 6 anos. Em crianças mais velhas e adultos, a infeção provoca, geralmente, doença clínica em mais de 70% dos casos”, pode ler-se no mesmo texto.
Regra geral, esclarece-se, “a hepatite A não provoca complicações graves ou danos permanentes e as pessoas recuperam completamente”.
Como prevenir a hepatite A?
Segundo a DGS, “a principal forma de prevenir a hepatite A é a vacinação”. No entanto, esta vacina não está incluída no Plano Nacional de Vacinação.
Assim sendo, são aconselhadas outras medidas complementares para prevenir a hepatite A, relacionadas “com a higiene pessoal, familiar e doméstica e a confeção de alimentos”.
Alguns desses cuidados passam, por exemplo, por “lavar e desinfetar as mãos frequentemente”, “beber água potável ou engarrafada”, “cozinhar bem os alimentos, nomeadamente, carne, legumes e ovos” e “lavar e desinfetar bem os alimentos antes de os consumir”.
Como tratar a doença?
Não existe um tratamento específico para a hepatite A, pelo que, tal como explica a OMS, a terapêutica consiste em “manter o conforto e um equilíbrio nutricional adequado, incluindo a reposição dos líquidos perdidos devido a vómitos e diarreia”.
A OMS lembra ainda que “a hospitalização é desnecessária na ausência de insuficiência hepática aguda” e que deve ser evitada a toma de “medicamentos desnecessários que possam afetar negativamente o fígado”, como, por exemplo, o paracetamol.
No mesmo sentido, a DGS informa que, “habitualmente, são usados medicamentos para alívio de sintomas” e acrescenta que “a ingestão de álcool é absolutamente desaconselhada”.
O que distingue a hepatite A das hepatites B e C?
Na página dos Centros para o Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla inglesa) clarifica-se que “a hepatite A, a hepatite B e a hepatite C são infecções do fígado causadas por três vírus diferentes”.
E, acrescenta-se, embora estes vírus possam “causar sintomas semelhantes, são transmitidos de formas diferentes e podem afetar o fígado de forma diferente”.
A hepatite A, explica-se, “é normalmente uma infeção de curta duração e não se torna crónica”. Já a hepatite B e a hepatite C “também podem começar como infecções agudas de curta duração, mas, em algumas pessoas, o vírus permanece no corpo, resultando em doença crónica e problemas de fígado a longo prazo”.
Também no site da OMS sublinha-se que, “ao contrário da hepatite B e C, a hepatite A não causa doença hepática crónica, mas pode causar sintomas debilitantes e, raramente, hepatite fulminante (insuficiência hepática aguda), que é frequentemente fatal”.