É um dos mitos mais difundidos: não se deve dormir num quarto que tenha plantas porque faz mal à saúde. No entanto, a verdade é que as plantas não consomem níveis de oxigénio relevantes ao ponto de prejudicar os seres humanos. Além disso, não só é mentira que as plantas “roubam” o nosso oxigénio, como há benefícios em tê-las.
“Achei na internet, é bonito ou exagerado? Achei exagerado. Tenho plantas em toda a casa exceto nos quartos! E vocês?”, questiona um utilizador num tweet partilhado no dia 6 de fevereiro. No mesmo dia, outro internauta responde e garante que “faz mal ter plantas no quarto de dormir, até porque elas lançam CO2 e puxam O2 à noite”.
Mas é mesmo assim?
Rubim Almeida, professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e investigador do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO), garante ao Viral que a ideia de que as plantas “roubam” o oxigénio do ser humano é “um mito completo”.
“Durante o dia, as plantas realizam a fotossíntese e libertam o oxigénio por elas produzido e resultante desse processo metabólico. À noite, na generalidade dos casos, consomem oxigénio (usam-no na respiração como todos os seres vivos) e eliminam dióxido de carbono (CO2): no entanto, a quantidade de oxigénio consumida é pequena e incapaz de causar qualquer tipo de problema respiratório num ser humano”, explica o especialista.
Aliás, Almeida diz que uma planta consome menos oxigénio que um gato, um cão, ou uma ave, e as pessoas dormem com os seus animais sem se preocuparem com a respiração. Seriam necessárias, por isso, “largas centenas de plantas de grande dimensão (árvores) para se notar a mais pequena alteração na qualidade do ar”. “O único motivo para alarme é o caso das pessoas com problemas de alergias a plantas”, alerta. Essas pessoas não podem dormir com plantas no quarto ou, em último caso, devem escolher aquelas às quais não são alérgicas.
“Durante o dia, as plantas realizam a fotossíntese e libertam o oxigénio por elas produzido e resultante desse processo metabólico. À noite, na generalidade dos casos, consomem oxigénio (usam-no na respiração como todos os seres vivos) e eliminam dióxido de carbono (CO2): no entanto, a quantidade de oxigénio consumida é pequena e incapaz de causar qualquer tipo de problema respiratório num ser humano”, explica o especialista.
O professor da FCUP remete ainda para dois estudos da NASA sobre a qualidade do ar em interiores. Contudo, estas investigações foram feitas “em situações controladas, dedicadas a poluentes químicos específicos e recorrendo a microrganismos. Os resultados, ainda que interessantes, não passam disso mesmo”, aponta Almeida.
Também alguns estudos do âmbito da psicologia, refere o especialista, parecem indicar que a presença de plantas, tanto na habitação como no próprio quarto, podem contribuir para “reduzir níveis de stress, desenvolver a atenção, ter um efeito terapêutico, ajudar a recuperar mais rapidamente de doenças e permitir um aumento da produtividade”. Ainda assim, o especialista é da opinião que estes estudos precisam de “ser levados mais longe e de forma mais aprofundada”.
O que levou, então, as pessoas a acreditarem que faz mal dormir com plantas?
De acordo com Rubim Almeida, alguns relatos revelam que, durante a era Vitoriana (1837-1901), os hospitais eram lugares de “terror, sujos, mal cheirosos, lúgubres e feios”. Nesse sentido, de forma a melhorar as condições de quem era internado, colocaram-se plantas nos quartos para afastar os cheiros e dar um pouco de vida a esses locais.
O professor revela ainda que “à noite retiravam-se as plantas dos quartos para facilitar a deslocação do pessoal no interior deles, numa época em que ainda não havia luz elétrica. Ainda que a razão fosse fazer com que as pessoas não tropeçassem nos vasos, gerou-se o mito que dormir com as plantas fazia mal”.
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