O Dia Mundial da Luta Contra o Cancro, que se celebra a 4 de fevereiro, pretende sensibilizar e consciencializar a população para um dos maiores problemas atuais de saúde pública, a doença oncológica. Neste contexto, destaco o cancro da próstata, o tumor mais frequente nos homens em Portugal. É fundamental desmistificar este tumor e sensibilizar para a importância da prevenção, diagnóstico precoce e tratamento eficaz.

Em Portugal, diagnosticam-se entre 5000 e 6000 novos casos por ano, com uma mortalidade aproximada de 1800 homens por ano. A sua incidência aumenta com a idade, sendo a mediana de idade de diagnóstico aos 65 anos. Por isso, é essencial que os homens, especialmente a partir dos 50 anos, estejam atentos aos sinais e mantenham uma vigilância médica regular. 

O rastreio tem um papel importante na luta contra o cancro da próstata. A realização regular da análise do Antigénio Prostático Específico (PSA), uma proteína produzida pelas células da glândula prostática detetada no sangue, pode ser uma forma fácil de rastreio para este tipo de tumor. Contudo, é importante compreender que o rastreio não é isento de controvérsias. A discussão aberta com os profissionais de saúde sobre as opções disponíveis, bem como os seus prós e contras, é crucial para uma decisão informada.

A resistência ao rastreio, muitas vezes enraizada em preconceitos, pode levar a diagnósticos tardios. A consciencialização sobre a importância do diagnóstico precoce é, portanto, fundamental para aumentar as taxas de sobrevivência e melhorar a qualidade de vida pós tratamento.

A prevenção do cancro da próstata vai além do rastreio. Adotar um estilo de vida saudável, que inclua uma dieta equilibrada e a prática regular de exercício, desempenha um papel importante na redução do risco. 

Além disso, é crucial esclarecer alguns mitos associados à doença, como a ideia de que o aumento do PSA é sinónimo de cancro, que o tratamento deve começar imediatamente após o diagnóstico e que o único tratamento disponível é a cirurgia. 

O aumento do PSA também acontece em algumas patologias benignas, como a hiperplasia benigna da próstata ou no caso de inflamação/infeção prostática (prostatite). 

Os avanços na medicina oferecem diversas opções de tratamento para o cancro da próstata como a cirurgia (prostatectomia radical), radioterapia, braquiterapia, hormonoterapia, quimioterapia, entre outros. A escolha do tratamento depende de vários fatores, e esta deve ser feita em discussão multidisciplinar, com todos os intervenientes da equipa médica envolvidos no tratamento destes tumores. Além disso, é essencial que os doentes também sejam envolvidos nas decisões terapêuticas. Discutir abertamente as possíveis consequências de cada tratamento, como disfunção erétil ou a incontinência urinária, é fundamental para a preparação e o suporte emocional após o tratamento.

Desmistificar o cancro da próstata é um passo essencial para combater essa doença. Quebrar tabus, promover a discussão aberta e encorajar a conscientização, são alicerces muito importantes para a prevenção e tratamento eficazes. Como sociedade, é nosso dever garantir que todos os homens tenham acesso à informação necessária para enfrentar o cancro da próstata com coragem, esperança e a certeza de que a prevenção e o diagnóstico precoce são armas poderosas nesta batalha.