Mitos
A culpa é das toxinas? Mitos e verdades sobre a celulite
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A culpa é das toxinas? Mitos e verdades sobre a celulite

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A paniculopatia edematosa fibroesclerótica – popularmente conhecida como celulite – é uma das mais comuns síndromes de lipodistrofia e afeta milhões de pessoas a partir da adolescência. Esta condição é caracterizada pelo aparecimento de pequenos altos e baixos na superfície da pele, principalmente na região das coxas e pernas.

Nas redes sociais e nos blogs de beleza são promovidos centenas de produtos para tratar a celulite. Muitos deles surgem acompanhados de alegações sobre a sua suposta eficácia que carecem de verificação científica.

Em declarações ao Viral, o dermatologista Américo Figueiredo aponta três dos mitos mais partilhados nas redes sociais sobre celulite e explica a eficácia dos diferentes tratamentos disponíveis.

A celulite é causada por toxinas que se acumulam no corpo?

Alega-se em várias publicações e artigos online que o aparecimento de celulite resulta de uma acumulação de toxinas na zona das coxas. Esta afirmação é, por norma, acompanhada por receitas detox, que são apresentadas como tratamento para a celulite. No entanto, essa alegação não é verdadeira.

A celulite resulta de “alterações da distribuição da gordura subcutânea”, explica Américo Figueiredo, dermatologista e professor catedrático jubilado da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

“A gordura está dentro de ‘sacos’ de septo vertical nas mulheres e cruzados no homem, no que constitui o panículo adiposo, que estão envolvidos por septos de colagénio. Depois da puberdade, as fibras à volta destes sacos fibrosam e ‘encolhem’, o que vai fazer com que, à superfície, haja uma retração da pele numas partes, enquanto que noutra se tornam edematosas e salientes”, esclarece o dermatologista.

A retração e o inchaço tornam-se visíveis ao nível da pele, formando pequenos montes e cavidades. Esta condição é também conhecida como “pele casca de laranja” – uma vez que a rugosidade da pele se assemelha ao formato da casca deste fruto.

Quer isto dizer que o aparecimento da celulite nada tem que ver com as toxinas. É uma condição que está associada às alterações hormonais que decorrem durante a puberdade.

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Usar roupas apertadas fomenta o aparecimento de celulite?

Em vários posts defende-se também que a utilização de roupas apertadas fomenta o aparecimento de celulite nas pernas e coxas.

Na verdade, “o vestuário não tem qualquer impacto” na celulite, porque esta condição “resulta de fatores endógenos, não exógenos”, garante Américo Figueiredo. 

“Do lado de fora não conseguimos alterar o que se passa no lado de dentro da pele”, explica o dermatologista.

Também as peças de roupa que prometem reduzir e tratar a celulite não têm qualquer efeito, afirma o especialista.

O aparecimento de celulite é mais frequente nas mulheres. Esta situação deve-se a dois fatores: as alterações hormonais causadas por estrogénio e a posição dos panículos. 

Por um lado, a fibrose dos panículos ocorre devido à presença da hormona estrogénio – que existe em maior quantidade nas mulheres do que nos homens –; por outro lado, a posição dos panículos nos homens é cruzada, o que faz com que o repuxamento e inchaço não seja visível na pele, como acontece nas mulheres

As pessoas magras não têm celulite?

É frequente associar a celulite com a gordura corporal. Nas redes sociais afirma-se que as pessoas magras não têm celulite, mas, como explica o dermatologista, isso é um mito: “As pessoas magras também têm celulite.”

“Cerca de 85% a 90% das mulheres têm celulite. Logo cedo, no pós-puberdade. Têm mais ou menos, consoante a genética”, explica Américo Figueiredo.

A prática de exercício físico com o objetivo de perder gordura também não terá impacto na celulite, uma vez que não atua ao nível das alterações que a constituem. 

“Pode perder gordura e as células adiposas ficarem mais pequenas – e cosmeticamente menos evidentes –, mas a celulite continua lá”, sublinha o especialista

Quais os melhores tratamentos para a celulite? 

A gama de produtos que prometem reduzir a celulite é muito vasta. As publicidades invadem as redes sociais, os blogs, os canais de televisão e até as revistas. Mas afinal, a celulite tem cura? Existem tratamentos com resultados comprovados pela ciência?

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“A celulite não tem cura. Os tratamentos recomendados por médicos são muito poucos, porque os resultados são também muito reduzidos”, afirma Américo Figueiredo. 

No mesmo plano, acrescenta, “de todos, os que têm maior evidência científica são os cremes à base de metilxantinas (cafeína) e injeções subcutâneas de colagenase, porque fazem lipólise ou destroem as fibras de colagénio, atuam nos septos e torna-os menos duros.”

O especialista identifica as técnicas de massagem endermológica como um tratamento que pode produzir efeitos “momentaneamente”. 

Esta técnica pode “rebentar os septos”, o que significa que, apesar de a fibrose ocorrer, os septos que retraem a gordura são rompidos. Também as ondas de radiofrequência – que aumenta o calor na pele – e a drenagem linfática podem apresentar alguns resultados, apesar de reduzidos. 

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Uma revisão sistemática, publicada em 2020, refere que os tratamentos com “maior probabilidade de fornecer uma melhoria da topografia da pele” passam pelo “direcionamento de septos fibrosos”, seja por métodos mecânicos, cirúrgicos ou abordagem enzimática. 

Os autores desse trabalho concluem ainda que “a falta de eficácia nas estratégias que atingem o tecido adiposo sugere que as alterações do tecido adiposo não são etiologia primária da celulite”.

Categorias:

Dermatologia

13 Abr 2023 - 03:42

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