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Alimentos picantes causam úlceras?
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Alimentos picantes causam úlceras?

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A ideia de que os alimentos picantes causam úlceras é antiga e continua, aos dias de hoje, a fazer parte das crenças populares. Mas será verdade ou mito?

É verdade que os alimentos picantes causam úlceras?

Questionado sobre se os alimentos picantes causam úlceras, Carlos Borges Chaves, médico de gastrenterologia no Centro Hospitalar Universitário de Coimbra – CHUC , não deixa margem para dúvidas: “A resposta é não”.

O médico acrescenta que já há “algumas décadas” se verificou que os alimentos picantes “não causam” úlceras.

Aliás, há evidência científica que “até demonstra o contrário”, ou seja, a “possibilidade de haver benefício” na doença ulcerosa péptica, indica.

Um artigo sobre capsaicina e úlceras gástricas, publicado na Taylor & Francis, sugere que os alimentos picantes não são a causa de úlceras gástricas, mas sim um “benfeitor”. 

De acordo com o estudo, a capsaicina, componente ativo na pimenta, “inibe a secreção ácida, estimula as secreções alcalinas e o fluxo sanguíneo da mucosa gástrica que ajuda na prevenção e cicatrização de úlceras”.

Em declarações ao Viral, Carlos Borges Chaves esclarece que “não há qualquer risco de saúde” em consumir alimentos picantes. 

Também a Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva (SPED) refere que, ao contrário do que se pensava anteriormente, alimentos picantes “não provocam” úlcera péptica.

O médico do CHUC explica que as principais causas para a doença ulcerosa péptica são a infeção pela Helicobacter pylori e a toma de anti-inflamatórios não esteróides, AINEs, como o Ibuprofeno, Naproxeno, Nimesulide e Diclofenac.

O que são úlceras? Como se tratam?

As úlceras caracterizam-se pela “perda da camada mucosa com exposição da camada submucosa”.

Os órgãos do tubo digestivo são compostos por quatro camadas: mucosa, submucosa, muscular e serosa, acrescenta o médico consultado pelo Viral.

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De acordo com a SPED, a úlcera péptica é uma ferida na camada de revestimento interno do tubo digestivo superior.

O diagnóstico é habitualmente realizado através de uma endoscopia digestiva alta.

O principal sintoma é dor epigástrica, na região superior do abdómen. Podem também haver queixas “dispépticas”, como a saciedade precoce ou o enfartamento pós-prandial, indica Carlos Borges Chaves.

Em situações mais graves, pode provocar hemorragia, que poderá levar a “anemia, vómitos com sangue (hematemeses) ou fezes negras (melenas)”.

Os inibidores da bomba de protões (como omeprazol, esomeprazol, pantoprazol) são o principal tratamento da doença ulcerosa péptica não complicada, refere Carlos Borges Chaves. No entanto, o médico alerta que não devem ser tomadas sem “uma clara indicação” do médico.

Alimentos picantes têm consequências?

Para quem gosta de alimentos picantes, “não há razão” para não os comer. As pessoas devem evitá-los apenas se sentirem “desconforto relacionado com o seu consumo”.

Algumas pessoas podem sentir-se indispostas, indica o médico de gastroenterologia. Indivíduos com doença do  refluxo gastro-esofágico e doentes com fissuras anais também poderão “agravar as queixas” com o consumo de alimentos picantes.

No entanto, esclarece que é um mito que o picante causa hemorróidas.

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“As hemorroidas surgem pelo esforço defecatório no caso de haver obstipação ou fezes duras e quando se passa demasiado tempo na sanita. A capsaicina não é digerida e pode levar a uma irritação ou ardor a nível do anús, não sendo diretamente prejudicial, excepto em doentes com fissura anal”, conclui.

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Alimentação

4 Jan 2024 - 10:26

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