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SIDA. Quais os mitos que persistem e quais já foram derrubados?
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SIDA. Quais os mitos que persistem e quais já foram derrubados?

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Quando, no início da década de 1980, os primeiros casos de SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) foram reportados, a escassez de informação sobre a doença e o medo do desconhecido deram origem a vários mitos, nomeadamente a ideia de que o vírus responsável pela infeção é transmitido pelos mosquitos.

Mais de 30 anos depois, a evidência científica conseguiu desmontar a maioria das fake news sobre a SIDA, mas há algumas ideias erradas que persistem, prejudicando a vida de quem lida com a doença e dificultando o trabalho dos profissionais de saúde. 

Em declarações ao Viral, o presidente da Sociedade Portuguesa de Doenças Infecciosas e Microbiologia Clínica (SPDIMC), Joaquim Oliveira, explica quais os mitos que já foram derrubados e quais os que ainda é preciso desmontar.

Quais os mitos sobre a SIDA que já foram derrubados?

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Joaquim Oliveira começa por clarificar que, “do ponto de vista científico, as coisas estão perfeitamente esclarecidas”. Por isso, acredita o especialista, a maioria dos mitos iniciais relacionados com o desconhecimento sobre as vias de transmissão da SIDA “já caíram”.

Caso disso é a ideia de que os mosquitos transmitem o vírus da imunodeficiência humana (VIH), que causa a SIDA. “A questão da transmissão através dos mosquitos foi muito rapidamente ultrapassada, mas persistiu em algumas cabeças durante algum tempo”, adianta o especialista.

O “receio da transmissão por contacto, só por cumprimentar ou só por estar no mesmo espaço” foi também uma das principais ideias falsas que circulou durante algum tempo, mas que já foi desmontada.

“No início, nós lidávamos com os doentes completamente equipados, porque não havia conhecimento sobre quais eram as vias de transmissão. Rapidamente soubemos quais eram, nomeadamente a transmissão sexual e associada ao sangue, através de objetos cortantes”, assinala.

O diagnóstico de SIDA não é uma “morte anunciada”

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Quanto aos receios e mitos que ainda persistem, Joaquim Oliveira refere continuar “a haver em alguns doentes um desconhecimento relativamente ao que os espera depois do diagnóstico”.

“Alguns ainda pensam que o diagnóstico de infeção por VIH equivale a uma morte anunciada. Obviamente, isso já não é uma realidade atual. A terapêutica que temos é eficaz e é bem tolerada. Desde que os doentes a tomem, têm uma perspetiva de sobrevida e de qualidade de vida praticamente igual à da população não infetada”, sustenta.

Para o presidente da SPDIMC, apesar de a ciência ter ajudado a desmontar a maior parte dos mitos que existiam sobre a SIDA, “o estigma associado a esta infeção continua muito forte”, o que considera “limitante em muitos aspetos, desde a aceitação da doença pelos indivíduos afetados até à possibilidade que temos de mobilizar recursos para ajudar estes doentes”.

Nesse plano, o especialista refere que alguns doentes de grupos populacionais socialmente e economicamente desfavorecidos ou com problemas de saúde mental precisam frequentemente “de apoio, seja para virem às consultas seja para ajudar na toma de medicação”. Assim sendo, ao persistirem “estas barreiras de estigma, continuamos a ter muitas dificuldades de mobilização, de partilha do diagnóstico e, eventualmente, de aceitação desta situação no seu ambiente onde os doentes estão inseridos”.

Por outro lado, Joaquim Oliveira nota “uma diferença positiva relativamente, por exemplo, às pessoas afetadas por VIH que são idosas e precisam de cuidados continuados”.

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“Aqui há uns anos não conseguíamos colocar estes doentes em lares normais e, felizmente, também já caiu o mito de que estes doentes constituem um risco para quem está ao seu lado”, conclui.

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Mitos | SIDA | VIH | vírus

1 Dez 2022 - 08:50

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