Nas redes sociais continua a ser partilhada a convicção de que rapar os pelos torna-os mais fortes e espessos. Neste tweet, por exemplo, partilhado no dia 2 de novembro de 2020, a internauta afirma o seguinte: “Comecei a depilar aos 11 [anos], todas as meninas já depilavam, já tinha sido constrangida pelos meus pelos do sovaco, rosto e pernas. ‘Faz com cera senão cresce mais grosso’ falavam. Tentei cera, mas doía demais, encravava os pelos, raspar também inflamava tudo. Levou anos para conseguir”.
Afinal, como se processa o nascimento e o crescimento dos pelos?
O dermatologista António F. Massa explica ao Viral que o ciclo do pelo tem três fases principais: anagénese, catagénese e telogénese. Numa primeira fase, a anagénese, dá-se o “crescimento dos pelos (85 por cento), que pode variar de meses a seis anos, sendo em parte geneticamente controlada. O comprimento da haste capilar será diretamente proporcional desde que não haja interrupção da mesma”. Segue-se a catagénese que se traduz na paragem do crescimento e, por fim, a telogénese, em que 4 a 15 por cento dos pelos estão numa fase de repouso. Enquanto o pelo antigo repousa, um novo começa a fase de crescimento.
Relativamente ao tempo de vida dos pelos não há grandes certezas. O especialista aponta que, “quando falamos do couro cabeludo, temos cerca de 100.000 folículos, cada um com um ciclo de cerca de 1000 dias. Os folículos no corpo e os do couro cabeludo não têm ciclos síncronos e têm diferentes periodicidades. Cada folículo piloso parece ter um ritmo intrínseco. Por isso, a natureza do controlo intrínseco do folículo piloso e o mecanismo segundo o qual a depilação ou a cicatrização os afeta são desconhecidos”.
A forma como se deve ou não tirar os pelos depende, segundo o médico, do “tipo de pele e pêlo, com a irritação causada no mesmo, com a conveniência do mesmo, e com a possibilidade ou não da realização de depilação a laser”.
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É verdade que rapar os pelos faz com que nasçam mais fortes?
“Não há evidência que permita afirmar isso”, começa por dizer o dermatologista. “A forma como se tira os pelos só influencia o tempo de crescimento e a forma como se observa” os mesmos. António F. Massa explica que, “quando o pelo é arrancado, vai demorar mais tempo a atingir o mesmo comprimento do que quando é ‘rapado’. A forma como se examina também muda, dado que a observação pode variar conforme o perfil analisado. O facto de a superfície de corte ser oblíqua ou espelhar o crescimento do pelo desde o início pode dar a sensação de diferente grossura, mesmo que a espessura não seja diferente”.
A forma como se deve ou não tirar os pelos depende, segundo o médico, do “tipo de pele e pêlo, com a irritação causada no mesmo, com a conveniência do mesmo, e com a possibilidade ou não da realização de depilação a laser”.
Existem vários motivos que explicam o facto de algumas pessoas serem mais peludas do que outras, entre os quais os fatores genéticos têm uma grande relevância.
A depilação a laser surge como a forma mais eficaz de tirar os pelos, mas é preciso ter vários cuidados. “A pele não deve estar bronzeada para que toda a energia do laser seja absorvida e assim destruir o folículo piloso”. Caso contrário, “pode ocorrer queimadura pelo facto de o bronzeado ter um comprimento de onda semelhante ao que existe no pêlo, absorver a luz e, como tal, fazer queimadura”, clarifica o médico.
Existem vários motivos que explicam o facto de algumas pessoas serem mais peludas do que outras, entre os quais os fatores genéticos têm uma grande relevância. “A sensibilidade a diferentes estímulos hormonais, como por exemplo as hormonas androgénicas, têm impacto na diferenciação do tipo de pelo” (o velo – mais pequeno, fino, macio e pouco pigmentado – e o terminal – mais grosso, longo e pigmentado) e na distribuição do mesmo.
“Outros estímulos relevantes prendem-se com a hormona de crescimento, hipotiroidismo, gravidez, anemia, má-nutrição, variação individual e racial”, conclui.
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