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Flúor nas pastas de dentes é venenoso e prejudicial à saúde?
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Flúor nas pastas de dentes é venenoso e prejudicial à saúde?

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Escreve-se nas redes sociais que o flúor presente nas pastas de dentes é tóxico e venenoso para os seres humanos. Numa destas publicações alega-se que este componente é “venenoso para os tecidos do cérebro, medula espinal e sistema nervoso”. Mas estas alegações têm fundamento científico?

É verdade que o flúor presente nas pastas de dentes é venenoso e prejudicial à saúde?

flúor

O flúor tem, de facto, uma toxicidade de 5mg por quilo, mas a concentração existente nas pastas de dentes e a dosagem utilizada a cada lavagem não chega perto desse limite.

O que vulgarmente identificamos como flúor é, na verdade, a molécula de fluoreto de sódio, um composto muito utilizado na prevenção de cáries. 

Em declarações ao Viral, a odontopediatra Sofia Batista explica que “os grandes benefícios do flúor são dar um componente novo para fortalecer os nossos dentes e remineralizá-los com uma molécula mais forte”.

Segundo a especialista, o flúor “tem também o efeito de desequilibrar o ácido que as bactérias provocam na boca com os hidratos de carbono”, sendo “o único mineral que tem estas vantagens de proteção contra as cáries”. Logo, acrescenta, “temos toda a vantagem de utilizar o flúor na nossa higiene oral”.

Também Armando Silvestre, diretor do departamento de Química da Universidade de Aveiro, sublinha que o ião fluoreto “é essencial na saúde dentária” e que apenas se torna negativo se for utilizado em excesso. 

“É a velha definição do que é um veneno: quando é em excesso, até a água é um veneno. Nas quantidades certas, é absolutamente essencial”, remata.

“O flúor é o elemento químico que pode existir em muitas formas, mas aquela que existe normalmente na natureza, nas pastas de dentes e nas águas de consumo é o ião fluoreto na forma de fluoreto de sódio. O ião fluoreto é fundamental para a saúde dos dentes e, para garantir que temos a quantidade adequadas, ele deve existir ou nas águas de consumo e/ou nas pastas de dentes”, esclarece. 

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A forma tóxica do flúor é o F2, um gás perigoso que, segundo Armando Silvestre, “não está ao acesso das pessoas no dia-a-dia”, sendo “manipulado em segurança à escala industrial”.

Voltemos ao fluoreto de sódio: a utilização desta molécula na saúde oral está estudada e regulamentada pelas autoridades competentes. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estipula que as pastas fluoradas devem conter entre 1.000 e 1.500 ppm (partes por milhão) deste componente para que tenha efeito na prevenção das cáries sem causar quaisquer danos à população. 

Também a Direção-Geral de Saúde (DGS) aponta valores semelhantes: “O Programa Nacional Promoção da Saúde Oral recomenda a escovagem dos dentes efetuada com dentífrico fluoretado (1.000-1.500 ppm), pelo menos duas vezes por dia, sendo uma delas obrigatoriamente à noite, antes de deitar.”

Os valores não são ao calhas, foram calculados tendo por base a toxicidade do flúor – que, segundo o estudo de Schulman e Wells é de 5mg por quilograma – e a concentração necessária para que tenha efeito na prevenção das cáries. 

Os estudos indicam que apenas as pastas de dentes com mais de 1.000 ppm de fluoreto de sódio na sua composição têm um efeito superior ao do placebo. A dosagem de pasta dentífrica a aplicar a cada lavagem é inferior quando se trata de crianças.

“Até aos três anos, a quantidade a pôr na escova é mais ou menos um grão de arroz cru – muito pequenino – dos três aos seis anos é a quantidade equivalente a uma ervilha, a partir daí começamos a medir pela unha do dedo mindinho”, explica Sofia Batista, tendo por base as diretrizes da Associação de Odontopedriatria dos EUA

“Esta dosagem está calculada e tudo isto tem estudos associados que nos permitem garantir que a utilização na população humana seja feita em segurança”, sustenta.

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A especialista em saúde oral infantil reconhece que existe o perigo de a criança ingerir acidentalmente uma grande quantidade de pasta de dentes – que normalmente tem um sabor mais agradável para motivar à prática de lavar os dentes – e, por isso, aconselha a que sejam os pais os responsáveis por colocar a quantidade certa nas escovas. Deve também manter-se a pasta longe do alcance das crianças.

A título de exemplo, uma criança com 10 quilos teria de ingerir metade do tubo da pasta de dentes para atingir o valor tóxico de flúor (assumindo que esta tinha 1.450 ppm, uma dose considerada habitual). Já um adulto com 75 quilos teria de engolir quase três tubos e meio para atingir este limite.

Em suma, o flúor presente nas pastas de dentes não é “venenoso”, dado que as doses utilizadas foram estudadas e são seguras.

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Dentária | Flúor

28 Fev 2023 - 10:55

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