Mitos
Existe leite materno fraco? Não, a ciência garante que é um mito
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Existe leite materno fraco? Não, a ciência garante que é um mito

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Algumas mães ainda têm medo que o seu leite materno não seja suficientemente bom para alimentar os seus bebés. Umas desconfiam, porque o bebé chora muito entre as refeições, outras estranham a cor e a consistência do leite. Mas existe leite materno de má qualidade? De acordo com os especialistas isso é um mito e todas as mulheres produzem o leite adequado para as necessidades dos seus filhos.

“Queria entender como não existe leite materno fraco, mesmo quando a mãe tem uma dieta pobre (pergunta 100% genuína)”, questiona uma utilizadora do Twitter, no dia 10 de maio. Há ou não leite materno fraco? O Viral conversou com duas especialistas e dá todas as respostas.

Cristina Matos, pediatra responsável pela Unidade de Neonatologia do Hospital CUF Descobertas, e Graciete Bragança, diretora do Departamento da Criança e do Jovem do Hospital Professor Doutor Fernando Pessoa (HFF), explicam ao Viral que o leite materno é composto por todos os nutrientes necessários ao desenvolvimento do bebé, tais como água, hidratos de carbono, proteínas, vitaminas, minerais, lipídios, enzimas e células vivas.

“Além do aporte nutricional, o leite materno é um alimento vivo, que tem uma composição adaptada à imaturidade digestiva e imunológica do recém-nascido e do lactente”, refere Graciete Bragança. Mais especificamente, as proteínas de alto valor biológico com propriedades anti-infecciosas, os oligossacáridos, e as células vivas, são importantes componentes na defesa contra as infecções. Contém ácidos gordos essenciais importantes na constituição do sistema nervoso central”, realça Cristina Matos.

“Além do aporte nutricional, o leite materno é um alimento vivo, que tem uma composição adaptada à imaturidade digestiva e imunológica do recém-nascido e do lactente”, refere Graciete Bragança.

Partindo deste pressuposto, as duas especialistas estão completamente de acordo: não existe leite materno fraco. A pediatra do HFF explica que “há uma grande variabilidade diária na quantidade e qualidade do leite materno mas convém desmistificar a ideia de ‘leite fraco’ ou de ‘baixa qualidade’. O leite materno pode ser em quantidade insuficiente, mas é sempre de boa qualidade.

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Quais são os benefícios da amamentação?

Segundo as pediatras, amamentar traz vários benefícios tanto para o bebé como para a mãe. As enzimas presentes no leite, como explica Graciete Bragança, permitem que o bebé aproveite os nutrientes; “as imunoglobulinas ajudam o bebé com o seu frágil sistema imunitário a defender-se de várias infeções tais como, gastroenterites, infeções respiratórias e otites; e o leite tem uma composição proteica que diminui drasticamente a probabilidade de alergias e intolerâncias nomeadamente da alergia às proteínas do leite de vaca”.

As duas especialistas acrescentam que, além da amamentação aumentar o vínculo entre mãe e filho, também previne o desenvolvimento de várias doenças na idade adulta, tais como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares.

No que diz respeito aos benefícios para a mãe, “reduz o risco de anemia, espaçamento entre as gestações, reduz a incidência de cancro da mama e algumas formas de neoplasia do ovário, reduz obesidade tardia e reduz o risco de osteoporose”, afirma a médica do Hospital CUF Descobertas. “Não é ainda de desprezar o facto de o leite materno ser de fácil utilização uma vez que está sempre pronto a utilizar e à temperatura adequada e de ser gratuito”, acrescenta a médica do HFF.

O que pode impedir a amamentação?

Existem vários fatores que condicionam a amamentação. A mãe não pode efetivamente amamentar se estiver infetada pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH), por exemplo, ou se consumir algumas drogas ilícitas, esclarece Cristina Matos. Os “bebés com doenças metabólicas raras como a fenilcetonúria e a galactosemia” também não podem ser amamentados, de acordo com Graciete Bragança.

Os “bebés com doenças metabólicas raras como a fenilcetonúria e a galactosemia” também não podem ser amamentados, de acordo com Graciete Bragança.

No entanto, a maioria das contraindicações são situações transitórias. A diretora do Departamento da Criança e do Jovem do HFF diz que as “mães com algumas doenças infecciosas como a varicela, herpes com lesões mamárias, tuberculose não tratada ou ainda quando tenham de efetuar uma medicação imprescindível” (pode consultar quais aqui) não podem amamentar temporariamente. “Durante este período de tempo, os bebés devem ser alimentados com leite de fórmula e a produção de leite materno deverá ser estimulada”

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“Apesar de uma baixa produção de leite ser rara, durante as suas primeiras semanas, o bebé pode ter dificuldades em ingerir a quantidade suficiente”, afirma a pediatra da CUF. Na maior parte das vezes, isto deve-se à fraca estimulação para a produção de leite, como por exemplo “má pega, mamadas pouco frequentes, sucção ineficiente” ou ainda devido a “doenças maternas, fadiga e stress pós-parto, dieta materna muito restritiva ou uso de medicamentos que diminuem a produção”, clarifica a médica do Hospital Professor Doutor Fernando Pessoa.

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De forma a contrariar esta situação, as especialistas recomendam que primeiro se perceba se a técnica de amamentação adotada é a correta. Depois de corrigir as possíveis falhas, também é importante que se aumente a frequência das mamadas, ingerir líquidos, repousar e ter uma dieta equilibrada. Matos aponta ainda que até “pode ser necessário o uso de um extrator elétrico ou extração manual, de forma a aumentar a produção”.

À partida, seguindo todas as recomendações e adotando a técnica correta de amamentação, a produção de leite materno aumenta. “Caso a situação se mantenha, peça ajuda a um profissional de saúde que poderá indicar a suplementação com leite de fórmula enquanto a produção for insuficiente”, conclui Graciete Bragança.

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Nutrição | Pediatria

1 Jun 2022 - 09:00

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