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O desejo deve manter-se sempre igual? 5 mitos sobre sexo
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O desejo deve manter-se sempre igual? 5 mitos sobre sexo

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Ouvir falar sobre sexo na televisão, num grupo de amigos ou nas redes sociais já não é tão raro quanto antes. No entanto, por se tratar de um assunto íntimo e por ter sido um tema tabu durante anos a fio, há preconceitos, estereótipos e ideias erradas que precisam de ser desconstruídos a bem da saúde sexual da população. Nesse sentido, as psicólogas e sexólogas Tânia Graça e Vânia Beliz expõem, em entrevista ao Viral, cinco mitos sobre sexo.

1 – Todas as mulheres têm orgasmos por penetração

O orgasmo certo é por penetração. Esta é, na perspetiva da sexóloga Tânia Graça, um dos mitos relacionados com sexo mais lesivo para as mulheres. Esta crença, adianta, conduz muitas mulheres a pensarem que têm “um problema”.

“Esta ideia gera na mulher uma sensação de desadequação por sentir que não é capaz de algo que supostamente todas conseguem”, sustenta.

 

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Esta visão é partilhada por Vânia Beliz. A sexóloga lembra, aliás, que “a maior parte das mulheres não consegue atingir o orgasmo com penetração exclusiva”, ou seja, sem estimulação do clitóris, a principal estrutura responsável pelo prazer feminino.

2 – Sexo oral não conta como sexo

No mesmo sentido, surge a ideia de que quando uma atividade íntima não envolve penetração não conta como sexo. Vânia Beliz explica, contudo, que “todas as práticas que envolvem contacto íntimo são práticas sexuais”, sendo estas “penetrativas ou não penetrativas”.

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A especialista sublinha que “o sexo oral é sexo da mesma forma que quando um elemento do casal masturba o outro também é sexo”, mesmo que estas atividades não impliquem penetração.

Para reforçar a ideia, Beliz recorda que o vírus do papiloma humano (HPV) é uma infeção sexualmente transmissível que pode passar de uma pessoa para a outra “em todas as formas de contacto sexual, incluindo quando as pessoas estão nuas e se roçam uma na outra”.

3 – As mulheres gostam pouco de sexo

O terceiro mito apontado pelas psicólogas é o de que as mulheres gostam menos de sexo do que os homens. Na perspetiva de Vânia Beliz, isso acontece porque “os homens são estimulados para terem mais desejo”, sendo o sexo considerado “a tónica da sua masculinidade”.

Por outro lado, acrescenta Tânia Graça, a postura em relação às mulheres é “exatamente a contrária”: pede-se “que tenham recato, fechem as pernas e se façam de difíceis”. Assim, sustenta, esta disparidade no tratamento “hipersexualiza os homens e reprime as mulheres”.

Nesse sentido, Beliz lembra que este preconceito prejudica também os homens que sofrem com “a ansiedade de desempenho”. Isto é, muitos deles têm “problemas sexuais por conta desta pressão e pelo medo de serem avaliados negativamente pelas suas companheiras”.

4 – O desejo deve manter-se sempre igual durante toda a relação

O desejo sexual deve permanecer igual desde o primeiro dia de relação até ao final da vida em conjunto? Não deve, nem é comum, sublinham as sexólogas.

Vânia Beliz avança que “a atividade sexual de um casal pode decrescer de acordo com o tempo de relacionamento” sem significar que “as pessoas passaram a gostar menos uma da outra ou que estejam menos apaixonadas”. Por isso, “há fases em que o casal está mais ativo e outras em que está menos”. O importante, vinca, “é que o casal esteja satisfeito com a sua dinâmica”.

No mesmo plano, Tânia Graça reforça que a rotina e as obrigações do dia a dia podem tornar o desejo sexual “menos espontâneo e mais responsivo”, ou seja, “em vez de acontecer do nada, acontece a partir de algum investimento nesse sentido”.

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Isto significa que a pessoa pode não ter, à partida, “uma vontade louca”, mas, como sabe que o ato é bom, “começa a interação física” e a vontade surge no caminho. “É como ir ao ginásio. Por vezes não há vontade de ir, mas quando saímos de lá perguntamo-nos porque é que não o fazemos mais vezes”, exemplifica.

A psicóloga ressalva, contudo, que isto não significa “ir contra a sua própria vontade” e fazer sexo “em esforço” só para fazer “um favor ao parceiro”.

5 – Casais LGBTI+ são mais promíscuos

Por fim, persiste ainda o preconceito de que os casais LGBTI+ são mais promíscuos do que os heterossexuais. Para Tânia Graça, esta ideia surge do estereótipo desenhado pela sociedade sobre “o que é um homem gay ou uma mulher lésbica”, por exemplo.

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Vânia Beliz sustenta que, por vezes,  “as relações entre dois homens duram menos tempo”, mas esse facto não está relacionado com a orientação sexual, mas “com características de género”.

Quanto à ideia de promiscuidade, Tânia Graça considera que este conceito é “moralista e depende muito daquilo que cada pessoa acha que é muito ou pouco sexo”.

Por isso, conclui, “o erro é assumir coisas moralistas e julgadoras sobre um determinado grupo, tentando impor o que é o correto para a vida sexual do outro”.

Categorias:

sexualidade

Etiquetas:

Orgasmos | Prazer sexual | Sexo

19 Set 2022 - 09:26

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