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Alimentos congelados são menos saudáveis do que os frescos?
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Alimentos congelados são menos saudáveis do que os frescos?

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Desde o alho francês até à cenoura, os alimentos congelados são uma opção prática. No caso dos legumes, o facto de já estarem limpos e cortados permite roubar menos tempo a quem tem a tarefa de os cozinhar. Além disso, por estarem armazenados a uma temperatura muito baixa, duram mais tempo sem se estragarem. 

No entanto, há quem evite visitar a zona do supermercado dedicada aos alimentos congelados por considerar estes produtos menos saudáveis do que os frescos. Mas esta ideia tem fundamento?

Existem diferenças nutricionais significativas entre alimentos congelados e alimentos frescos?

alimentos congelados

Em declarações ao Viral, a nutricionista Helena Trigueiro adianta que “os alimentos congelados não possuem valor nutricional inferior apenas por não estarem ‘frescos’”. Isto porque as características que fazem dos alimentos mais ou menos saudáveis não se alteram drasticamente com a congelação, apesar de poderem sofrer algumas alterações na sua textura e consistência com a descongelação. 

“Claro que o teor de alguns micronutrientes, como vitaminas hidrossolúveis, pode ser afetado, mas os estudos não têm sido claros, sendo que os resultados variam e que esta ligeira variação nunca faria de um hortícola congelado um ‘mau’ alimento”, realça a nutricionista e investigadora da Universidade de Ulster.

Helena Trigueiro aponta que os riscos microbiológicos são muitas vezes associados aos legumes congelados, mas lembra que existem também diferentes riscos microbiológicos relativos aos produtos frescos. Assim, a questão não é a forma como os vegetais são conservados, mas sim se as condições de segurança alimentar estão garantidas ou não.

Quais as vantagens de consumir alimentos congelados?

alimentos congelados

Falando apenas dos vegetais, “as opções congeladas são habitualmente mais baratas e igualmente nutritivas, sendo que o hortícola é habitualmente congelado no seu pico de maturação. Além disso, as versões congeladas podem trazer benefícios de redução de desperdício alimentar, no caso de excedente de sobras ou de dificuldade no planeamento de consumo dos hortícolas”, esclarece a nutricionista.

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A investigadora defende que o mais importante é “garantir o consumo desse grupo de alimentos tantas vezes ignorado”.

No caso de outro tipo de alimentos, que muitas vezes são vendidos em supermercados na secção dos congelados (como hambúrgueres ou panados), Trigueiro explica que a diferença entre serem preparados na hora ou congelados residirá na composição nutricional de cada um, mas não no facto de serem congelados ou não. 

Preparar um hambúrguer em casa, com ingredientes que estão sob o controlo da pessoa que os faz, mais simples e compostos de carne de melhor qualidade, será, à partida, mais saudável do que consumir a maioria dos hambúrgueres congelados. Porquê? A “diferença reside na composição, não no congelamento”, reforça a especialista em nutrição.

Como congelar ou refrigerar adequadamente um alimento?

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Assim que o alimento está congelado, o seu estado de refrigeração e/ou congelação deve ser assegurado. Além disso, é necessário apontar a data em que se congelou o produto, de modo  a consumir primeiro os alimentos congelados há mais tempo. “É necessário ter em atenção a forma como congelamos e descongelamos os alimentos”, avisa Helena Trigueiro.

A nutricionista refere as recomendações da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), que aconselha que os frigoríficos estejam sempre a cerca de 4ºC, uma vez que muitos dos microrganismos têm “temperaturas mínimas de crescimento entre 6 e 10ºC”. 

Isto “significa que, se se deixar a temperatura do frigorífico subir acima da temperatura recomendada, podem criar-se as condições para que estes microrganismos possam crescer ou produzir as suas toxinas”, realça a ASAE.

Além disso, ainda é recomendado que:

– O frigorífico esteja sempre limpo, “porque quaisquer resíduos de comida podem servir como um nicho para os microrganismos se multiplicarem”;

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– Quando adquiridos, os alimentos sejam guardados no frigorífico o mais rapidamente possível, de forma a evitar que estejam expostos a temperaturas propícias ao desenvolvimento de microrganismos;

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Nunca se recongelem alimentos, porque ao descongelar um alimento em que esteja presente uma bactéria, a temperatura vai subir entrando-se no intervalo de temperaturas adequadas à sua multiplicação. “Se se voltar a congelar o alimento, pode passar-se a ter, por exemplo, 600 bactérias, em vez das 10 que pudessem existir inicialmente”. Ao voltar a congelar vai haver condições para que essa bactéria volte a multiplicar-se de modo a tornar a intoxicação alimentar mais provável;

– Se descongele “os alimentos rapidamente a temperaturas elevadas (por exemplo com água corrente ou no microondas)” ou “no frigorífico”.

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Alimentação

20 Dez 2022 - 03:17

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