Mitos
Quanto mais produtos melhor? 5 mitos sobre “skincare”
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Quanto mais produtos melhor? 5 mitos sobre “skincare”

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As rotinas de cuidados de pele (“skincare”, em inglês) ganharam popularidade nas redes sociais. No TikTok e noutras “redes vizinhas” não faltam influenciadores a partilhar aquilo que julgam ser os melhores hábitos para uma pele mais saudável.

No meio de tantas e tão diversas opiniões, surgem também várias dúvidas e informações falsas. A pensar nisso, o Viral contactou Marta Ferreira, pós-graduada em Cosmetologia Avançada, doutoranda em Ciências Farmacêuticas e autora do “Livro da Pele”, e Sara Fernandes, farmacêutica e autora do blogue “Make Down”, para explicarem cinco mitos sobre “skincare”.

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1 – As peles oleosas não precisam de hidratação?

Um dos principais mitos apontados pelas especialistas é o de que as peles mais oleosas não precisam de hidratação. Ambas partilham a visão de que qualquer tipo de pele precisa de ser cuidada. Por isso, nem a pele oleosa “dispensa cuidados hidratantes”, sublinha Sara Fernandes.

Noutro plano, Marta Ferreira adianta ser importante saber distinguir oleosidade – “que se caracteriza por uma maior ou menor quantidade de sebo à superfície da pele” – e o conceito de hidratação – “consiste no teor de água que temos na nossa epiderme”.

Assim, apesar de haver um excesso de produção de sebo por parte das glândulas sebáceas nas peles oleosas, existem ainda os chamados “fatores naturais da hidratação, necessários para manter a pele saudável”, aponta Fernandes.

Ora, segundo as especialistas, as peles oleosas podem ter défice desta hidratação natural, sobretudo se a pessoa lavar a pele com muita frequência e com produtos demasiado agressivos. 

Além disso, segundo a autora do “Livro da Pele”, é necessário ter em conta que “temos mais glândulas sebáceas na testa, no nariz e no queixo”. Logo, é comum que se sinta uma maior oleosidade nesta zona. Contrariamente, nas bochechas ou na zona malar (abaixo dos olhos) pode sentir-se uma “desidratação significativa”.

2 – Só é necessário usar protetor solar no verão?

Para responder a esta questão, Marta Ferreira começa por fazer a distinção entre radiação ultravioleta B (UVB) e radiação ultravioleta A (UVA). A UVB é aquela radiação que provoca queimaduras, mas que tem um índice muito baixo no inverno e não atravessa as janelas.

Já a UVA é responsável pelo envelhecimento da pele. Este tipo de radiação, segundo a farmacêutica, “penetra quer as nuvens, quer o vidro em alguma percentagem”.

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Ora, sublinha Fernandes, se “continuamos a ter sol no inverno, há radiação solar, logo, necessitamos de protetor solar todo o ano”.

Na visão das farmacêuticas, esta não tem de ser uma questão complicada, uma vez que o protetor solar pode substituir o hidratante de dia. “O protetor solar é um creme normal só que com filtros solares adicionados”, completa a autora da página

3 – Quanto mais produtos forem incluídos numa rotina de “skincare” melhor?

Não há margem para dúvidas que, neste caso, “mais” não é sinónimo de “melhor”. Nesse sentido, Fernandes e Ferreira concordam que a escolha dos produtos que se utilizam nos cuidados diários da pele deve ser totalmente personalizada.

Na visão da autora do blogue Make Down, “quanto mais produtos a pessoa colocar e menos souber do assunto, maior a probabilidade de incorrer em irritações cutâneas ou reações adversas a alguns cosméticos”.

A farmacêutica expõe, com o intuito de ser mais clara, a seguinte situação hipotética: “Usamos um gel de lavagem que tem, por exemplo, 3% de niacinamida [vitamina B3]. A seguir, usamos um sérum com 4% de niacinamida. Depois, ainda aplicamos um creme hidratante que tem 8% do mesmo componente e, por fim, aplicamos um protetor solar que também tem uma pequena percentagem deste ingrediente”. Neste caso, sustenta, “estamos a dar muito mais daquele ingrediente do que a nossa pele necessita. Assim, em vez de termos os benefícios, vamos ter possivelmente uma irritação cutânea”. 

Ainda assim, cada caso é um caso. Por isso, Marta Ferreira acredita ser necessário, antes de mais, avaliar as necessidades, as expectativas e o orçamento de cada pessoa. 

Para a maioria das pessoas, assegura, ter “três ou quatro produtos” – como “um produto de limpeza”, “um protetor solar para o dia” e “um hidratante para a noite” – pode ser “o suficiente” para uma boa rotina de “skincare”.

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4 – A pele “habitua-se” aos produtos de “skincare” e estes deixam de fazer efeito?

Não há evidência científica que o prove. É a conclusão a que chegam as especialistas quando questionadas sobre se a pele se “habitua” aos produtos, levando a que estes deixem de fazer o efeito pretendido depois de algum tempo de uso.

“A nossa pele não tem hábitos nem tem vícios. A questão é que a pele muda com as estações, com a nossa vida e, no caso das mulheres, com o ciclo hormonal”, destaca Sara Fernandes.  

Marta Ferreira exemplifica: “Quando uma pessoa que esteve a vida toda a usar produtos inadequados, começa a fazer uma rotina que se adequa perfeitamente às suas necessidades, é óbvio que, numa primeira fase, vai sentir uma melhoria muito grande”. 

No entanto, acrescenta, a partir de uma determinada altura, “essa melhoria atinge um ponto máximo, a partir do qual o produto já não pode efetivamente fazer mais nada pela pele e a pessoa continua com aquela expectativa de melhoria que não é uma expectativa real”, conclui.     

5 – Lavar o rosto nunca é demais?

“Existe, sim, o lavar demasiado a pele”, defende Sara Fernandes. No mesmo plano, Marta Ferreira clarifica que “a maioria das pessoas tem uma pele ligeiramente oleosa e, por isso, prefere uma limpeza matinal e uma noturna”. 

Contudo, continua Fernandes, acrescentar ainda mais lavagens do rosto à rotina não é de todo vantajoso, “quer pelas alterações da função barreira da pele, quer pela questão da microbiota cutânea (conjunto de microrganismos que habitam e protegem a pele)”. Ora, quando há uma disrupção da microbiota da pele, surgem problemas como a dermatite seborreica, a dermatite atópica e eczemas.

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Assim sendo, a especialista aconselha a utilização de creme hidratante depois da lavagem do rosto, para repor a barreira de proteção da pele.

“Se nós nos lavarmos constantemente e não repormos esta barreira, estamos a pedir um problema da pele”, conclui.    

Categorias:

Dermatologia

12 Out 2022 - 10:11

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