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Trocar o sal comum por sal iodado tem benefícios?

O sal iodado está à venda por um preço superior, em alguns cêntimos, ao sal grosso convencional. Mas há benefícios em trocar o sal comum por sal enriquecido com iodo?

25 Out 2022 - 01:41

Trocar o sal comum por sal iodado tem benefícios?

O sal iodado está à venda por um preço superior, em alguns cêntimos, ao sal grosso convencional. Mas há benefícios em trocar o sal comum por sal enriquecido com iodo?

Desde o sal rosa dos Himalaias ao sal negro, a prateleira do supermercado dedicada a este tempero tem ganhado novos protagonistas nos últimos anos. Caso disso é o sal iodado (enriquecido com iodo), vendido por várias marcas, inclusive as dos próprios supermercados, a um preço cerca de 10 ou 20 cêntimos superior ao do sal grosso convencional. Mas há algum benefício para a saúde em trocar o sal comum pelo sal iodado?

Consumir sal iodado é uma boa opção para a saúde?

Embora o consumo de sal deva ser feito com moderação e dentro dos limites considerados saudáveis, a substituição do sal grosso pelo sal iodado é uma boa estratégia “para garantir que a população tem um aporte de iodo adequado”. Quem o garante é o professor da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto e dirigente da Associação Portuguesa de Nutrição, Nuno Borges.

Em declarações ao Viral, o nutricionista explica que o consumo adequado de iodo é fundamental, sobretudo nas grávidas, “que, por um lado, são as pessoas que precisam de ingerir mais iodo e, por outro, aquelas em que o défice de iodo pode ser mais problemático, porque pode afetar o desenvolvimento fetal”.

No mesmo sentido, a Direção-Geral da Saúde (DGS) publicou, em 2014, um documento sobre a importância do iodo para a saúde e o seu papel na alimentação, defendendo que “optar pelo sal iodado e comer mais peixe e produtos do mar é a melhor solução para combater as carências de iodo”.

Quais as funções do iodo no organismo?

Segundo os peritos da DGS, uma das principais funções do iodo no organismo “prende-se com a síntese das hormonas da tiroide”, que estão “envolvidas em múltiplas funções reguladoras do funcionamento do organismo”.

“Estas hormonas são responsáveis pela regulação do metabolismo celular, nomeadamente da taxa de metabolismo basal e temperatura corporal, e desempenham um papel determinante no crescimento e desenvolvimento dos órgãos, especialmente do cérebro”, lê-se no documento.

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Assim sendo, a deficiência de iodo pode ter consequências como “bócio, hipotoiroidismo e problemas relacionados com a gravidez”. Para mais, a DGS salienta que “a deficiência de iodo grave na mãe tem sido associada a abortos espontâneos, nadomorto, malformação congénita e partos prematuros”.

Quanto aos dados em Portugal, a DGS admite serem “escassos mas suficientes para despertarem preocupação”. Por isso, recomenda “a utilização de sal iodado (20-40 mg de iodo por quilo de sal)”, como uma forma “económica e simples de introduzir mais iodo na alimentação”. 

No mesmo plano, os peritos desta entidade consideram que “a iodização universal do sal pode eliminar a necessidade de suplementação específica na gravidez e lactação” e que “a utilização de sal iodado na confeção de refeições escolares poderá ser um método eficaz na prevenção de défices em iodo na população infantojuvenil”.

Neste âmbito, sublinha a DGS, a “Direção-Geral da Educação (DGE) em colaboração com o Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), publicou em Agosto de 2013 uma circular no sentido da recomendação da utilização de sal iodado na preparação das refeições escolares”.

Por fim, importa sublinhar que a substituição do sal comum por sal iodado deve ser feita “nas quantidades de sal recomendadas”, ou seja, o consumo  “não deve ultrapassar os cinco gramas por dia”.

De um modo geral, conclui a DGS, “a quantidade de iodo adicionada ao sal deve permitir que, mesmo consumindo os cinco gramas de sal recomendados pela OMS, a quantidade de iodo disponibilizada seja suficiente”. Além disso, essa quantidade deve permitir que “consumidores que ultrapassem estes valores  – que podem chegar aos 10-15 g de sal iodado por dia – não estejam em risco pelo consumo excessivo de iodo”.

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Alimentação

25 Out 2022 - 01:41

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